Em um gesto simbólico que marca o início de uma nova era para o sertão pernambucano e também a vida de pessoas como dona Maria Benvinda Salmento. Moradora do sítio Formiga, no município de Salgueiro, em Pernambuco, ela se tornou a primeira pessoa física a assinar o Contrato para Captação de Água Bruta do Projeto de Transposição do Rio São Francisco (PISF). Essa fase é voltada para os pequenos usuários do projeto que leva água do rio São Francisco a regiões semiáridas do Nordeste, garantindo abastecimento para consumo humano, industrial e agrícola.
A assinatura, realizada no segundo semestre de 2024, representa não apenas a concretização de um sonho pessoal, mas também a esperança em meio a seca recorrente no sertão. Dona Maria Benvinda é um exemplo da força da perseverança diante das adversidades. A assinatura do contrato foi o ponto de partida para que ela e sua família pudessem contar com a água transposição. Uma mudança que trouxe uma nova perspectiva de vida para a sertaneja, o filho Jandeilson e o neto Jhonatan Matias. Agora eles podem, finalmente, aliviar os desafios impostos pela falta de água durante a seca.
“Agora, eu vou poder dar água para os meus bichos, mesmo na seca, sem o sofrimento dos barreiros secos. Isso é uma bênção, o Pisf trouxe a esperança de que a água realmente chegaria aqui em casa”, comemorou Maria Salmento, que se emociona ao falar da chegada das águas que tanto aguardava. A captação de água bruta é um divisor de águas, possibilitando à sua família melhorar a produção rural, especialmente na criação de animais como peixes, galinhas, ovelhas e bovinos.
Transformação para o Nordeste
O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional é a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil. Com o objetivo de levar água a mais de 12 milhões de pessoas em 390 municípios, nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, o projeto mudou a realidade de milhões de nordestinos que, por décadas, sofreram com a falta d’água.
No caso de Dona Maria, a água do Rio São Francisco deixa de ser apenas uma esperança e se torna uma realidade concreta. Como muitos no sertão, ela não desistiu de lutar para ter acesso a esse recurso vital. “Eu corri atrás, fui a Recife, conversei com o MIDR, e até pensei em escrever cartas para o Presidente da República para conseguir ter direito à água que passava aqui na minha frente”, revela a pernambucana.
Para o diretor do PISF, Bruno Cravo, o contrato com os proprietários lindeiros, aqueles que vivem ao longo do canal e foram diretamente impactados pelas obras, têm muita relevância. “Esse é um marco muito significativo, pois, após todo o processo de construção, essas comunidades, enfrentaram os desafios e impactos das obras, agora podem se beneficiar diretamente da disponibilidade de água", explicou.
A Autorização e os Passos para a Captação de Água
A captação de água bruta do PISF é um processo que exige a solicitação e a aprovação de pequenos usuários junto às Operadoras Estaduais do PISF. Após a solicitação formal, a Operadora Estadual avalia o pedido e, se aprovado, a demanda do usuário é incluída no Plano Operativo Anual (POA), conforme as normas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
No caso de Maria Salmento, essa fase já foi concluída com sucesso, assim como a instalação da estrutura de captação, que foi acompanhada por equipes técnicas da Agência Pernambucana de Clima (Apac), Gestor de Operação do PISF e pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
A assinatura do contrato por Dona Maria simboliza não apenas a realização de um sonho pessoal, mas também um marco na luta pelo acesso à água no sertão nordestino. Seu esforço e determinação refletem a realidade de muitas famílias que, por anos, buscaram esse direito essencial para garantir a subsistência e o desenvolvimento rural. Com o PISF, histórias como a dela demonstram que a água, antes escassa, agora chega como um sinal de esperança e transformação para a região.