LOC.: De um lado, profissionais comemoram o fato de terem recebido corretamente o pagamento do piso salarial da enfermagem. Do outro, ainda existem trabalhadores que permanecem em busca da implementação do valor estabelecido pela lei nº 14.434. A queda de braço entre os empregadores e empregados parece não ter fim. Enquanto alguns estados e municípios estão recebendo em dia os pagamentos, com os valores determinados, outros seguem lutando pela garantia desses repasses.
Em Pernambuco, por exemplo, o presidente do Sindicato Profissional de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satempe), Francis Herbert, reclama da falta de atenção e comprometimento dos órgãos que fazem o repasse dos salários.
TEC./SONORA: Francis Herbert, sindicato pernambuco
“Aqui em Pernambuco nós temos pontos que prejudicam muito o recebimento por parte dos nossos servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada não lucrativa. Isso porque temos a governadora do Estado junto com a Secretaria de Saúde, não cumprindo os 30 dias que a portaria 11 de 35 de 2023, que determina que o ente federativo tem até 30 dias para repassar esses valores para que os servidores e trabalhadores recebam. Nesse sentido, sempre estamos recebendo com dois ou três dias de atraso."
LOC.: Mesmo o Tribunal Superior do Trabalho tendo encerrado recentemente as negociações entre a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) — que representa a categoria patronal de estabelecimentos privados — e os trabalhadores do setor,, a categoria reclama que os repasses não estão chegando às maõs dos empregados.
A presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Pará (Sate), Marli Groeff reclama da falta de comprometimento dos gestores. Para o advogado especialista em direito do trabalho Donne Pisco, é importante que ambas as partes encontrem uma solução o quanto antes para evitar qualquer repercussão a respeito da empregabilidade — ou com relação ao incremento dos custos setoriais que a aplicação do piso representa.
TEC./SONORA: Donne Pisco, advogado trabalhista
“A aplicação ficou condicionada à negociação prévia conduzida pelas entidades sindicais a fim de que fosse discutida a aplicação do piso salarial e consideradas as implicações”,
LOC.: A discussão sobre o piso salarial da enfermagem está em pauta no Brasil há anos. Em 4 de agosto de 2022, a lei n.° 14.434 estabeleceu um valor mínimo de salário para enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras em todo o país. Posteriormente, a Emenda Constitucional n.° 127/2022 determinou que caberia à União prestar assistência financeira complementar aos estados, municípios, Distrito Federal e entidades filantrópicas. Desde então, o assunto continua na pauta de discussões entre governo federal, municípios e hospitais privados.
Reportagem, Lívia Azevedo