Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O saldo do governo Lula e seus próximos passos, depois de 6 meses de mandato

O Brasil 61 ouviu especialistas em política e economia para repercutir as diversas visões sobre os resultados do primeiro semestre do atual governo e as tendências para o resto do mandato

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Passados seis meses do início do governo Lula, diversas pesquisas foram realizadas pelo país para avaliar a popularidade do atual presidente da República  — algumas positivas e outras negativas —  à imagem do governo e também do atual presidente da República. Diante de números tão diferentes, o portal Brasil 61 foi a campo ouvir dois especialistas em política e economia, para que fizessem análises técnicas sobre o que aconteceu até agora e quais são as possíveis tendências para o restante do mandato que se encerra no final de 2026. .

Para o economista e advogado Alessandro Azzoni, apesar dos tropeços, do ponto de vista econômico pode-se dizer que o saldo da Administração do petista é positivo: “Nós tivemos uma pressão muito grande dos investidores estrangeiros, com aquela posição de derrubar bolsa e subir dólar. E toda vez que se falava de alguma medida um pouco mais drástica, alguma mudança de paradigma na economia ou de política interna, automaticamente nós tínhamos esta oscilação: a bolsa caía, o dólar subia, então nós tínhamos esse termômetro muito instável”, avalia. 

“Então, como o governo começou a apresentar algumas medidas de austeridade fiscal, isso fez com que praticamente essa questão de insegurança começasse a dar uma tranquilizada”, opinou Azzoni, que é mestre em Direito pela Uninove.

Segundo ele, a aprovação do arcabouço fiscal também trouxe mais segurança ao mercado. “Isso demonstra que aquele risco fiscal que corria no passado nesse governo se sustentou e diminuiu a pressão que o país recebia do exterior. Portanto, houve nesses meses um conjunto de ações que tende a um cenário positivo”, opinou.

Sem base no Congresso

“O que ainda está negativo às vezes são algumas falas do presidente Lula que podem ainda gerar as mesmas situações desagradáveis que vimos no governo Bolsonaro”, afirmou. “Mas economicamente falando, mesmo com uma oposição muito grande no Congresso, o governo consegue passar algumas medidas de propostas que estão sendo colocadas em prática e que são necessárias”.

A falta de base do governo Lula no Poder Legislativo também foi destacada pelo professor de Ciências Políticas e Econômicas do Ibmec Brasília, Rodolfo Tamanaha. De acordo com o especialista, o governo ainda não conseguiu imprimir uma marca da sua gestão. “O que a gente viu até agora foi, basicamente, um requentar de iniciativas que foram feitas ao longo dos governos Lula I e Lula II”, declarou.

Na visão do professor, o governo deve, de agora em diante, se concentrar nas eleições municipais do ano que vem. “O Partido dos Trabalhadores tende agora a buscar uma projeção maior nas prefeituras — que é de fato o que gera base, inclusive no Congresso”, analisou. 

Eleições municipais

“Hoje o governo também se encontra, não digo refém, mas ele tem muito menos capacidade de influência no Congresso do que teve no Lula I e no Lula II”, avaliou Tamanaha, para acrescentar: “De um lado, o presidente deve tentar trazer realmente uma cara nova para o governo, que não seja só uma revitalização de projetos anteriores. E um trabalho de apoiar candidatos petistas ou alinhados com o governo federal no âmbito das prefeituras, porque é realmente a eleição mais importante, no curto e médio prazo”.

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LOC:  Passados seis meses do início do governo Lula, diversas pesquisas foram realizadas pelo país para avaliar a popularidade do atual presidente da República – algumas positivas e outras negativas à imagem do governo  —  e também do atual mandatário do Poder Executivo brasileiro.

Diante de números tão diferentes, o portal Brasil 61 foi a campo ouvir dois especialistas em política e economia, para que fizessem análises técnicas sobre o que aconteceu até agora — e quais são as possíveis tendências do governo para o futuro.

Para o economista e advogado Alessandro Azzoni, apesar dos tropeços e da falta de base parlamentar para lhe dar apoio no Congresso Nacional, do ponto de vista econômico pode-se dizer que o saldo da  administração petista é positivo.

 

SONORA: Alessandro Azzoni, economista e advogado
“Economicamente falando, pode-se dizer que está positivo. Porque nós tivemos uma pressão muito grande dos investidores estrangeiros, com aquela posição de derrubar bolsa e subir dólar, e que toda vez que se falava de alguma medida um pouco mais drástica, alguma mudança de paradigma na economia ou de política interna, automaticamente nós tínhamos esta oscilação. A bolsa caía, o dólar subia, então nós tínhamos esse termômetro muito instável. Então, como o governo começou a apresentar algumas medidas de austeridade fiscal isso fez com que praticamente essa questão de insegurança começou a dar uma tranquilizada.”

 


Alessandro Azzoni lamentou algumas falas, segundo ele, infelizes do presidente Lula - que da mesma forma como teria acontecido com o governo anterior, geram situações desagradáveis. Mas para o especialista, Lula "até que se saiu bem" na aprovação de propostas de interesse do governo no Congresso Nacional.

A falta de apoio no Poder Legislativo também foi destacada pelo professor de Ciências Políticas e Econômicas do Ibmec Brasília, Rodolfo Tamanaha. De acordo com ele, o governo ainda não conseguiu imprimir uma marca de sua gestão, porque muitos dos projetos implementados até agora são os mesmos desenvolvidos ao longo dos governos Lula I e Lula II. 

Na visão Rodolfo Tamanaha, o governo deve - de agora em diante - se concentrar nas eleições municipais de 2024.

SONORA: Rodolfo Tamanaha, professor do Ibmec Brasília
“Então agora, o governo federal vai tentar buscar uma projeção maior nas prefeituras, que é de fato o que gera base, inclusive no Congresso. Porque hoje o governo também se encontra, não digo refém, mas ele tem muito menos capacidade de influência no Congresso do que teve no Lula I e no Lula II. Então a minha leitura vai ser: de um lado trazer realmente uma cara nova para o governo, que não seja só uma revitalização de projetos anteriores, e um trabalho agora de apoiar candidatos petistas ou alinhados com o governo federal no âmbito das prefeituras. Que essa agora é realmente a eleição mais importante, no curto e médio prazo.”


LOC: Aqui em Brasília, o Congresso Nacional passa pelo recesso parlamentar  de julho, momento em que os deputados e senadores se ausentam da capital federal com a justificativa de visitar as bases parlamentares e fazer política. Pelo menos, foi esse o objetivo alegado, quando o dispositivo foi criado muitos anos atrás. Enquanto isso, o governo federal se prepara para enfrentar mais uma fase de negociações, quando acabar o recesso.

Logo no início de agosto, o Senado deve começar a votar o projeto de reforma tributária. Se houver  alterações, a proposta volta para ser analisada pela Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, o governo enfrenta o possível desgaste das várias CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), abertas para investigar diversos assuntos da política nacional  que podem influenciar na imagem do atual governo. 

Reportagem, José Roberto Azambuja.