LOC: Passados seis meses do início do governo Lula, diversas pesquisas foram realizadas pelo país para avaliar a popularidade do atual presidente da República – algumas positivas e outras negativas à imagem do governo — e também do atual mandatário do Poder Executivo brasileiro.
Diante de números tão diferentes, o portal Brasil 61 foi a campo ouvir dois especialistas em política e economia, para que fizessem análises técnicas sobre o que aconteceu até agora — e quais são as possíveis tendências do governo para o futuro.
Para o economista e advogado Alessandro Azzoni, apesar dos tropeços e da falta de base parlamentar para lhe dar apoio no Congresso Nacional, do ponto de vista econômico pode-se dizer que o saldo da administração petista é positivo.
SONORA: Alessandro Azzoni, economista e advogado
“Economicamente falando, pode-se dizer que está positivo. Porque nós tivemos uma pressão muito grande dos investidores estrangeiros, com aquela posição de derrubar bolsa e subir dólar, e que toda vez que se falava de alguma medida um pouco mais drástica, alguma mudança de paradigma na economia ou de política interna, automaticamente nós tínhamos esta oscilação. A bolsa caía, o dólar subia, então nós tínhamos esse termômetro muito instável. Então, como o governo começou a apresentar algumas medidas de austeridade fiscal isso fez com que praticamente essa questão de insegurança começou a dar uma tranquilizada.”
Alessandro Azzoni lamentou algumas falas, segundo ele, infelizes do presidente Lula - que da mesma forma como teria acontecido com o governo anterior, geram situações desagradáveis. Mas para o especialista, Lula "até que se saiu bem" na aprovação de propostas de interesse do governo no Congresso Nacional.
A falta de apoio no Poder Legislativo também foi destacada pelo professor de Ciências Políticas e Econômicas do Ibmec Brasília, Rodolfo Tamanaha. De acordo com ele, o governo ainda não conseguiu imprimir uma marca de sua gestão, porque muitos dos projetos implementados até agora são os mesmos desenvolvidos ao longo dos governos Lula I e Lula II.
Na visão Rodolfo Tamanaha, o governo deve - de agora em diante - se concentrar nas eleições municipais de 2024.
SONORA: Rodolfo Tamanaha, professor do Ibmec Brasília
“Então agora, o governo federal vai tentar buscar uma projeção maior nas prefeituras, que é de fato o que gera base, inclusive no Congresso. Porque hoje o governo também se encontra, não digo refém, mas ele tem muito menos capacidade de influência no Congresso do que teve no Lula I e no Lula II. Então a minha leitura vai ser: de um lado trazer realmente uma cara nova para o governo, que não seja só uma revitalização de projetos anteriores, e um trabalho agora de apoiar candidatos petistas ou alinhados com o governo federal no âmbito das prefeituras. Que essa agora é realmente a eleição mais importante, no curto e médio prazo.”
LOC: Aqui em Brasília, o Congresso Nacional passa pelo recesso parlamentar de julho, momento em que os deputados e senadores se ausentam da capital federal com a justificativa de visitar as bases parlamentares e fazer política. Pelo menos, foi esse o objetivo alegado, quando o dispositivo foi criado muitos anos atrás. Enquanto isso, o governo federal se prepara para enfrentar mais uma fase de negociações, quando acabar o recesso.
Logo no início de agosto, o Senado deve começar a votar o projeto de reforma tributária. Se houver alterações, a proposta volta para ser analisada pela Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, o governo enfrenta o possível desgaste das várias CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), abertas para investigar diversos assuntos da política nacional que podem influenciar na imagem do atual governo.
Reportagem, José Roberto Azambuja.