LOC.: A Confederação Nacional da Indústria, CNI, estima que a Medida Provisória número 1.227 deve causar um impacto negativo de mais de 29,2 bilhões de reais na indústria nos sete meses de sua vigência em 2024. Em 2025, o impacto negativo deve chegar em cerca de 60 bilhões de reais. Já a manutenção da desoneração da folha de pagamentos, que provocou a edição da MP, produz impacto positivo para a indústria de 9,3 bilhões de reais neste ano.
O economista e advogado Alessandro Azzoni aponta que essa MP traz mudanças significativas nos regimes de compensação tributária, principalmente dos indébitos, valor que os empresários pagam a mais no recolhimento do imposto e têm direito de ressarcimento.
TEC./SONORA: Economista e advogado Alessandro Azzoni
“Existe o regime de compensação. Então eu entro com um processo, levanto quanto eu paguei a mais, atualiza-se esse valor, e eu fazia as compensações mensais do meu tributo. Com essa nova regra, eles querem definir um prazo mínimo para compensação tributária.”
LOC.: A MP 1.227 limita o uso de créditos tributários com o PIS/Cofins, o que resulta em um aumento indireto da carga tributária para a empresa.
O consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo, afirma que reconhece a necessidade de o governo arrecadar mais tributos, mas é “importante” não perder de vista a necessidade de colocar a indústria doméstica “de pé” novamente.
TEC./SONORA: André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online
“Não adianta, de um lado, você aprovar um projeto de depreciação acelerada, que visa dar maior liquidez para a indústria brasileira, se do outro você vai na contramão e tira essa liquidez através da aprovação dessa MP.”
LOC.: O especialista em direito tributário Asafe Gonçalves aponta que a CNI olha para essa MP como um retrocesso para a competitividade no país.
Para o especialista, o “problema” é que a MP está ocorrendo em um contexto em que o governo brasileiro está tentando restaurar a competitividade da indústria, com a proposta da Nova Indústria do Brasil.
TEC./SONORA: Asafe Gonçalves, especialista em direito tributário e sócio diretor do Asafe Gonçalves Advogados
“Se a gente for pensar, essa medida está tentando equilibrar as contas públicas. Só que ela está fazendo isso à custa da saúde financeira das indústrias. O problema é que é crucial para o desenvolvimento econômico do país, você ter uma indústria forte. Então essa situação exige uma avaliação muito cuidadosa dos benefícios a longo prazo dessas políticas fiscais em relação aos danos potenciais à competitividade da indústria."
LOC.: De acordo com a CNI, a MP 1.227, junto com outras medidas do ano passado, podem causar um impacto negativo total de mais de 79 bilhões de reais para a indústria neste ano.
Reportagem, Nathália Guimarães