Foto: Reprodução Lula Marques/Agência Brasil
Foto: Reprodução Lula Marques/Agência Brasil

Militares na política: candidaturas cresceram 70% em 24 anos

Ritmo de crescimento de candidaturas com patentes militares é 5 vezes mais que o ritmo de crescimento do total de candidaturas nas eleições municipais


Eles costumam usar a patente para se identificar: Sargento X, Capitão Y, e por aí vai. Entre as bandeiras eleitorais mais usadas está o investimento em segurança, que vem sempre em primeiro lugar. Não à toa, os militares na política são uma realidade e o número de candidaturas com patentes militares nas eleições municipais cresceu 70% desde o ano 2000. 

Um levantamento inédito feito pelo Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), da FSB Holding, com dados do portal de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), considera candidatos às prefeituras e câmara de vereadores das 26 Unidades da Federação que participam das eleições municipais de 2024.  

Enquanto no ano 2000 o número de candidaturas com patentes militares era de 707, este ano os candidatos militares chegaram a 1.204. O levantamento mostra que o ritmo de crescimento de candidaturas com patentes militares é 5 vezes mais que o ritmo de crescimento do total de candidaturas nas eleições municipais. Já que nesses 24 anos, o número de candidaturas subiu 14%. 

Segundo o professor de ciência política da Universidade de Brasília, Lucio Renno, o aumento da violência e a publicidade que os casos relacionados à segurança pública ganham na mídia têm relação direta com esse incremento das candidaturas de militares. 

“Isso credencia as pessoas que têm essa patente a serem vistas como especialistas nesta temática.” explica Renno.  

Militar entende de segurança, logo…

Para o professor Renno, as funções desempenhadas por um militar são bastante diferentes das de um político. Mas a contribuição proposta por muitos para o aumento da segurança tem uma relação coerente. O professor ainda faz uma outra avaliação sobre o crescimento dessas candidaturas. 

“Uma politização crescente das forças militares no Brasil, em todas as instâncias — seja de segurança pública seja de forças armadas — que obviamente nós temos o exemplo maior disso no Jair Bolsonaro” , analisa Renno.

O professor complementa. “A presença de Bolsonaro na política brasileira como capitão, certamente estimula os colegas das forças armadas, polícias civil, das forças de segurança, a seguirem o mesmo caminho.” 

2020: o ano dos militares 

As eleições municipais de 2020 registraram um recorde no número absoluto de candidaturas com patentes militares. Ao todo, foram 1.663 candidatos que usaram alguma patente militar junto do seu nome principal. 

Moradora do Distrito federal, onde não há eleições para prefeito, mas onde houve candidaturas de militares para deputado federal em 2022, a advogada Karla Oliveira escolheu um candidato da PM.

“Segurança pública é infraestrutura, calçamento, iluminação, recolhimento adequado de lixo, é ausência de pichação. Então quando a gente faz um espelhamento em relação a nossa situação política em escolher um militar para ocupar cargos políticos, a gente sabe que essa pessoa tem uma competência ampla para verificar a gestão das políticas públicas a título de segurança pública no seu sentido mais amplo.”

Lembrando que as próximas eleições para prefeito e vereador acontecem em primeiro turno no dia 6 de outubro e em segundo turno no dia 27.

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LOC.: Eles costumam usar a patente para se identificar: Sargento X, Capitão Y, e por aí vai. Entre as bandeiras eleitorais mais usadas está  o investimento em segurança, que vem sempre em primeiro lugar. Não à toa, os militares na política são uma realidade e o número de candidaturas com patentes militares nas eleições municipais cresceu 70% desde o ano 2000. 

Um levantamento inédito feito pelo Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), da FSB Holding, com dados do portal de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), considera candidatos às prefeituras e câmara de vereadores das 26 Unidades da Federação que participam das eleições municipais de 2024.  

Enquanto no ano 2000, o número de candidaturas com patentes militares era de 707, este ano os candidatos militares chegaram a 1.204. 

Segundo o professor de ciência política da Universidade de Brasília, Lucio Renno, o aumento da violência e a publicidade que os casos relacionados à segurança pública ganham na mídia têm relação direta com esse incremento das candidaturas de militares e faz uma outra avaliação sobre o crescimento dessas candidaturas. 
 

TEC/SONORA:  Lucio Renno, professor de ciência política da Universidade de Brasília

“Uma politização crescente das forças militares no Brasil, em todas as instâncias — seja de segurança pública seja de forças armadas — que obviamente nós temos o exemplo maior disso no Jair Bolsonaro” 
 


LOC.: As eleições municipais de 2020 registraram um recorde no número absoluto de candidaturas com patentes militares. Ao todo, foram 1.663 candidatos que usaram alguma patente militar junto do seu nome principal. 

Moradora do Distrito federal, onde não há eleições para prefeito, mas onde houve candidaturas de militares para deputado federal em 2022, a advogada Karla Oliveira escolheu um candidato da PM.
 


TEC/SONORA: Karla Oliveira advogada 

“Segurança pública é infraestrutura, calçamento, iluminação, recolhimento adequado de lixo, é ausência de pichação. Então quando a gente faz um espelhamento em relação a nossa situação política em escolher um militar para ocupar cargos políticos, a gente sabe que essa pessoa tem uma competência ampla para verificar a gestão das políticas públicas a título de segurança pública no seu sentido mais amplo.”
 



LOC.: Lembrando que as próximas eleições para prefeito e vereador acontecem em primeiro turno no dia 6 de outubro e em segundo turno no dia 27.

Reportagem, Livia Braz