LOC: O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, anunciou nesta quarta-feira que suspendeu a portaria que restringia o trabalho aos domingos e feriados. Segundo o ministro, abre aspas: “a medida não foi bem compreendida”.
A portaria exigia acordo prévio coletivo, com sindicatos, para que estabelecimentos comerciais pudessem abrir nos feriados.
Marinho informou que o governo federal pretende publicar uma nova medida no mesmo sentido, a partir de março de 2023. O recuo foi anunciado logo depois de a Câmara dos Deputados aprovar a urgência de um projeto de decreto legislativo para derrubar a portaria, que previa também a dispensa de convenção coletiva, caso houvesse lei municipal que autorizasse o funcionamento dos estabelecimentos aos domingos.
A portaria provocou reação de entidades ligadas ao comércio e uma mobilização no Congresso Nacional para anular a decisão.
Na madrugada de terça para quarta-feira, algumas horas antes de o governo voltar atrás e suspender a medida, a Câmara dos Deputados aprovou, por 301 votos a favor e 131 contra, um projeto com "regime de urgência" para cancelar a portaria.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo na Câmara, deputado Domingos Sávio, do PL mineiro, ao aprovar a urgência contra a portaria, a Câmara dos Deputados presta um serviço ao governo, porque na sua visão, a medida teria sido um /"equívoco".
SONORA: Deputado Domingos Sávio (PL-MG), presidente da Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo na Câmara
“É um retrocesso você fazer uma portaria e dizer o seguinte, ó: domingo que vem se você abrir o supermercado, abrir farmácia, abrir um estabelecimento que é de extrema necessidade e não houve uma negociação ainda e negociação é importante, você pode ser multado. Está proibido! Não houve prazo para se construir entendimentos. Portanto, revogar essa portaria é bom para o trabalhador para ele não perder o emprego, é bom para o empreendedor, é bom para o consumidor que precisa da farmácia aberta no fim de semana, o supermercado... Seria um retrocesso, eu acho que a gente presta até um serviço ao governo, do governo corrigir um equívoco, vamos colocar nesses termos.”
LOC: Desde o momento em que o governo federal anunciou que iria revogar a autorização permanente para o trabalho aos domingos e feriados, as forças representativas que atuam em defesa do comércio começaram a trabalhar em busca de reverter eventuais impactos negativos da medida.
A Associação Brasileira de Supermercados, setor que emprega mais de 3 milhões de trabalhadores no país, divulgou nota alertando para eventuais “danos que a medida pode provocar na economia”.
Ao mesmo tempo, a Frente Parlamentar do Empreendedorismo anunciou uma força-tarefa, que seria desenvolvida no Congresso Nacional, com objetivo de derrubar a medida. Ao mesmo tempo, outro importante bloco parlamentar – a Frente Parlamentar de Comércio e Serviço – divulgou que seus integrantes foram orientados a agir na Câmara e no Senado.
Reportagem: José Roberto Azambuja