LOC: Levantamento feito pelo portal de notícias Brasil 61 demonstra que, das 21 prefeituras bloqueadas na última quarta-feira (27) pelo Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal), 18 já estão na lista de restrições há cerca de 30 dias. A maioria das cidades é de Minas Gerais e Rio Grande do Sul – dois estados considerados “ricos”, em comparação aos demais –, mas também constam na lista dos municípios bloqueados prefeituras do Ceará, Santa Catarina, Bahia, Sergipe, Tocantins, Maranhão e Rio de Janeiro.
O Siafi é o órgão do governo que centraliza todas as informações referentes a execuções orçamentárias, patrimoniais e financeiras da União Federal. Quando um município é incluído no sistema, a prefeitura fica impedida de receber qualquer ajuda financeira, inclusive não pode acessar o dinheiro repassado, de dez em dez dias, através do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Segundo a CNM (Confederação Nacional de Municípios), 60% das prefeituras do Brasil dependem do FPM para sobreviver.
De acordo com a CNM, os principais motivos para uma prefeitura entrar na lista do Siafi são:
Para o consultor de Orçamento César Lima, provavelmente a maioria dos municípios bloqueados está em débito com a União Federal. O especialista orienta como as prefeituras devem fazer para regularizar a situação.
SONORA: César Lima, consultor de Orçamento
“Os municípios recorrentemente bloqueados no SIAF, muito provavelmente, estão aí com débitos não honrados perante a União. Sejam eles previdenciários ou mesmo relativos a empréstimos, tomados com a garantia da União. Então, a saída né para que isso se resolva é que esses entes busquem regularizar sua situação frente à União, com o pagamento das dívidas e o ajuste das contas previdenciárias.”
LOC: Nem sempre a restrição se deve a inadimplências ou a atrasos de pagamento de tributos. A causa do bloqueio também pode acontecer por questões burocráticas, como o não fornecimento de algum tipo de documento. Os recursos continuarão disponíveis ao município — independentemente do motivo do bloqueio — porém, permanecerão congelados até que as pendências sejam regularizadas. É o que explica o secretário de Fazenda da prefeitura de Carlos Barbosa (no Rio Grande do Sul), José Carlos Breda. Segundo ele, o nome da prefeitura foi inserido no Siafi por um erro de preenchimento contábil, mas que ainda nesta semana o problema estará resolvido.
SONORA: José Carlos Breda, secretário municipal da Fazenda de Carlos Barbosa (RS)
“Carlos Barbosa, neste momento, está com bloqueio, e tudo, por problema de lançamento contábil no ano passado, ainda. Não é por problema de falta de numerário, de caixa. Inclusive, esta semana está sendo resolvido. Na verdade, foi feita uma declaração à Receita Federal num formulário em que não deveria ter sido. Mudou a forma de lançar, e nosso contador aqui lançou como o sistema antigo, e tem que se lançar no novo. Então, o município não é inadimplente, nem nada, mas por causa disso acabou sendo bloqueado no FPM.”
LOC: Das 18 prefeituras mais bloqueadas pelo Siafi em setembro, o secretário da Fazenda da cidade de Carlos Barbosa foi o único representante municipal que deu retorno às ligações da reportagem do portal Brasil 61. O FPM é um fundo de recursos advindo da arrecadação da União com o valor recebido pela Receita Federal, através do Imposto de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). São três transferências de recursos por mês, feitas a cada dez dias (por isso o nome “decêndio”). Para ter acesso à lista dos municípios bloqueados, acesse o portal de notícias Brasil 61: www.brasil61.com
Reportagem: Jose Roberto Azambuja