Torres negou ter sido negligente Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Torres negou ter sido negligente Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Torres se defende na CPMI do 8 de janeiro: “Viajei tranquilo depois de ver as fotos da desmobilização do QG”

Ex-secretário de Segurança do DF e ex-ministro da Justiça, no governo Bolsonaro, Anderson Torres diz que a invasão dos prédios só aconteceu porque a Polícia Militar não colocou efetivo suficiente na Esplanada dos Ministérios, como estava previsto no protocolo das ações integradas


Acabou a expectativa. O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, decidiu prestar seu depoimento à CPMI que investiga  os atos de vandalismo e de depredação  no dia  8 de janeiro, em Brasília. Acompanhado do advogado e — mesmo  amparado por um habeas corpus, emitido hoje cedo pelo Ministro do STF, Alexandre de Moraes —   defendeu-se das acusações de ter sido omisso na prevenção e repressão aos ataques. Ele ressaltou também que não sabia quem lhe entregou "a minuta do golpe", encontrada pela Polícia Federal, em sua casa.  

Torres abriu o depoimento falando por 15 minutos e ressaltou que estava disposto a colaborar. Logo no início defendeu que "sempre atuou de forma técnica" no comando da segurança do Distrito Federal. Disse que só viajou para os Estados Unidos , às vésperas dos atos de invasão e  depredação, depois de ver numa foto que o acompanhamento de bolsonaristas montado no QG do Exército já estava sendo desmobilizado — o que o tranquilizara. 

“O General Dutra me mostrou o celular dele. Anderson, esse aqui eram os acampamentos um mês, 40 dias atrás. Esse é o acampamento hoje. Naquela sexta-feira os acampamentos já estavam praticamente desmontados. Foi a imagem que eu viajei  com ela na cabeça, de pouquíssimas pessoas, naquela sexta-feira dia 6, nos acampamentos. Eu jamais iria imaginar que aquilo ia acontecer, que aquilo ia virar de novo e se tornar o 8 de janeiro. ”

O ex-secretário também enfatizou que os atos de vandalismo de 8 de janeiro só existiram porque o PAI (Protocolo de Ações Integradas), assinado dias antes da viagem dele aos Estados Unidos, não fora cumprido. “O PAI é tão completo, que se tivesse sido seguido à risca, não teria acontecido os atos de 8 de janeiro” — declarou em sua defesa.
 
Questionado pela relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), sobre quem fora o culpado pela não execução do Protocolo, Torres devolveu o questionamento. “Eu acho que é isso que deve ser apurado. A Secretaria fez a parte dela.” 

 O depoente alegou ainda não ser atribuição da Secretaria de Segurança Pública enviar militares às ruas. “Se vai efetivo, se vai o BOPE, se vai canil, se vai helicóptero, tudo isso  é trabalho da instituição Polícia Militar do Distrito Federal.”

Na CPMI, o ex-ministro ainda comentou sobre a minuta de golpe encontrada na casa dele durante uma busca e apreensão. Segundo ele, o documento era fantasioso. E reafirmiu não saber quem lhe mandou —  e garantiu que o papel seria descartado.

“Esse documento é realmente teratológico, é um absurdo. Ele não estava guardado num lugar privilegiado na minha casa. E ele saiu da minha área de atuação no quarto, por isso ele não tinha sido descartado, mas é fantasioso. Jamais saiu da minha casa. Eu não conversei sobre isso com ninguém. Era um documento que estava pronto para ir pro lixo.”

Entenda o caso, desde o início:

O ex-ministro da Justiça e então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, teve um mandado de prisão expedido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, no dia 10 de janeiro, dois dias depois dos ataques contra as sedes dos Três Poderes em Brasília. Ele foi preso no dia 14 de janeiro, após desembarcar no aeroporto de Brasília voltando das férias nos Estados Unidos.

Torres ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, no dia dos atos criminosos. Ele foi acusado de ser conivente e omisso na situação, não preparando um esquema capaz de proteger os Poderes contra os ataques, mesmo com a informação de que eles poderiam ocorrer.

Anderson Torres chegou a ficar preso por cerca de quatro meses, mas foi solto por ordem do ministro Alexandre de Moraes, desde então é monitorado com tornozeleira eletrônica.

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LOC.: Silêncio quebrado. O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do DF, Anderson Torres, prestou depoimento nesta terça-feira (8) à CPMI dos atos de 8 de janeiro, no Congresso Nacional, acompanhado do advogado. Mesmo amparado por um habeas corpus, emitido pelo Ministro do STF, Alexandre de Moraes, garantindo a ele o direito ao silêncio para não se incriminar, Torres optou por falar aos membros da CPMI. Ele  ressaltou que viajara tranquilo para os Estados Unidos, antes dos ataques de depredação e invasão aos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, imaginando que estava tudo tranquilo, depois de ver as fotos de desmobilização do QG do Exército, que estava ocupado por militantes bolsonaristas. 

Desde o começo Torres disse que estava disposto a colaborar. Logo no início enfatizou à comissão que "sempre atuou de forma técnica" no comando da segurança do Distrito Federal  
 

“O General Dutra me mostrou o celular dele. Anderson, esse aqui eram os acampamentos um mês, quarenta dias atrás. Esse é o acampamento hoje. Naquela sexta-feira os acampamentos já estavam praticamente desmontados. Foi a imagem que eu viajei  com ela na cabeça, de pouquíssimas pessoas, naquela sexta-feira dia 6, nos acampamentos. Eu jamais iria imaginar que aquilo ia acontecer, que aquilo ia virar de novo e se tornar o 8 de janeiro. ”


LOC.: O ex-secretário afirmou aos membros da CPMI que os atos de vandalismo de 8 de janeiro só existiram porque o PAI,  Protocolo de Ações Integradas, assinado dias antes da viagem de dele aos Estados Unidos, não fora cumprido. E comentou que o documento é tão completo, que se tivesse sido seguido à risca, não teria acontecido os atos de 8 de janeiro.

Quando questionado pela relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), sobre quem seria o culpado pela não execução do Protocolo, Torres devolveu o questionamento dizendo que a Secretaria de segurança fez a parte dela — e que é isso que deveria estar sendo apurado na Comissão. 

Na CPMI, o ex-ministro ainda comentou sobre a minuta de golpe encontrada na casa dele durante uma operação da Polícia Federal, de  busca e apreensão. Segundo ele, o documento era fantasioso. E assegurou que  não sabe quem mandou, mas garantiu  que o papel seria descartado.
 

“Esse documento é realmente teratológico, é um absurdo. Ele não estava guardado num lugar privilegiado na minha casa, ele saiu da minha área de atuação no quarto, por isso ele não tinha sido descartado, mas é fantasioso. Jamais saiu da minha casa, eu não conversei sobre isso com ninguém. Era um documento que estava pronto para ir pro lixo.”
 


LOC.: Entenda o caso e por que Anderson Torres chegou a ser preso e foi  convocado para depor na CPMI :

O ex-ministro da Justiça e então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, teve um mandado de prisão expedido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no dia 10 de janeiro, dois dias depois dos ataques contra as sedes dos Três Poderes em Brasília. Ele foi preso no dia 14 de janeiro, após desembarcar no aeroporto de Brasília voltando das férias nos Estados Unidos. Ele foi acusado de ser conivente e omisso na situação, não preparando um esquema capaz de proteger os Poderes contra os ataques, mesmo com a informação de que eles poderiam ocorrer.

Anderson Torres chegou a ficar preso por cerca de quatro meses, mas foi solto por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Desde então é monitorado com tornozeleira eletrônica.