Data de publicação: 02 de Novembro de 2024, 13:19h, Atualizado em: 02 de Novembro de 2024, 13:22h
No Bate-Papo com a Defesa Civil realizado nesta quinta-feira (31), especialistas discutiram iniciativas para inspirar a juventude para um futuro de resiliência e sustentabilidade. O encontro apresentou diferentes abordagens para promover transformações nas comunidades escolares. Um dos destaques foi o Programa Defesa Civil na Escola, que engaja estudantes em práticas de conscientização ambiental e proteção contra desastres naturais. A conversa foi transmitida ao vivo pelo canal do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) no YouTube.
Regina Panceri, gerente de Educação e Pesquisa da Defesa Civil de Santa Catarina, apresentou o Programa Defesa Civil na Escola (PDCE) como uma parceria entre a Defesa Civil, a Secretaria de Estado da Educação (SED) e o Instituto Federal Catarinense (IFC). O foco é capacitar professores para disseminar conhecimentos sobre a atuação da Defesa Civil, a partir da realização de atividades sobre gestão de risco e de desastres, cidadania, meio ambiente e segurança global com os estudantes.
“Trabalhamos a preparação explicando o que é um plano de contingência, como se dão os sistemas de alerta e de monitoramento, e também o papel das agências de resposta. Os educadores entendem como isso se associa ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma vez que eles são os públicos mais vulneráveis na ocorrência de eventos adversos”, explicou Regina Panceri.
A escola define quais são as disciplinas que vão abarcar os conhecimentos do programa e a Defesa Civil disponibiliza os materiais necessários, como cadernos, almanaques e videoaulas. “São 11 lições trabalhadas em seis módulos nos quais os conhecimentos são repassados nas disciplinas de maneira transversal. Atuamos em turmas do sexto e sétimo ano do ensino fundamental”, detalhou a gerente de Educação da Defesa Civil.
“Quando a escola termina o primeiro ciclo da adesão ao programa, forma-se o Núcleo Escolar de Proteção e Defesa Civil (Nepdec), uma direção colegiada na qual os próprios estudantes assumem a função de presidente, vice-presidente, diretor de comunicação, de secretaria, entre outros”, enfatizou Regina Panceri. A implantação do Nepdec agrega conhecimentos básicos e gerais sobre a Defesa Civil a simulados sobre diferentes fenômenos, como inundações, deslizamentos, vendavais, entre outros.
Segundo a gerente de Educação da Defesa Civil, os resultados têm sido positivos. “Os professores têm feito um trabalho muito criativo. Os alunos participam de feiras de ciência, de matemática, fazem visitas de campo, participam de atividades de mapeamento de áreas de risco, e, com isso, se tornam participantes ativos do processo de aprendizagem”, celebrou. Após a conclusão dos módulos formativos, os estudantes também realizam uma formatura, onde passam os coletes da Defesa Civil para os próximos participantes.
O mediador do encontro e coordenador-geral de Articulação da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), Reinaldo Estelles, destacou que a prática é essencial para amparar as novas gerações. “Sabemos que estamos envolvidos em um futuro de emergências climáticas cada vez mais complicadas, então é fundamental que as crianças e os jovens estejam mais atentos a isso, porque muitos adultos, ainda hoje, não estão”, resumiu.
Cemaden Educação
Outra iniciativa discutida no bate-papo foi apresentada pela pesquisadora e coordenadora de projetos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Heloisa Tavares. Inspirado por práticas bem-sucedidas em países como o Japão, onde crianças são treinadas desde cedo para lidar com desastres, o Cemaden Educação foi fundado em 2014 para focar na educação preventiva de forma vinculada aos trabalhos desenvolvidos no centro de monitoramento.
“Desastres e mudanças climáticas são temas pesados que geram ansiedade climática principalmente nos jovens, que ficam inseguros com o futuro. O Cemaden Educação se propõe a gerar um referencial de práticas pedagógicas para que esse assunto seja tratado da maneira certa, gerando apropriação do conhecimento. Isso reduz o medo e fortalece a ação”, ressaltou.
“Além das jornadas pedagógicas com atividades de ciência participativa, temos no site do Cemaden Educação uma midiateca com muitos materiais, como jogos, vídeos, publicações, artigos, e um espaço de compartilhamento de boas práticas. Ali, as instituições de ensino podem se cadastrar para compartilhar com escolas de várias regiões as práticas desenvolvidas, trocando conhecimentos”, explicou Heloisa Tavares. “O objetivo é transformar cada escola em uma espécie de ‘Cemaden local’, promovendo pesquisa, monitoramento e envio de alertas para suas comunidades”, completou.
Boas Práticas
O coordenador escolar em Jaboatão dos Guararapes (PE), Augusto Ribeiro, destacou os resultados da implementação de parcerias com o Cemaden Educação e a Defesa Civil dos municípios de Jaboatão e Olinda nas escolas da região. “Hoje nós temos 78 escolas no município de Olinda em que desenvolvemos projetos aproximando os estudantes. Os professores abraçaram a ideia porque entenderam a importância de fazer uma ação interdisciplinar, trabalhando o tema de aprender para prevenir”, pontuou.
Augusto Ribeiro citou um projeto de conscientização desenvolvido em uma escola em Olinda, localizada em uma comunidade que sofria com os efeitos do descarte incorreto de lixo. “Por meio do projeto com a escola, criamos folderes e cartazes mostrando os prejuízos que o descarte de lixo na rua traz. Assim, a comunidade como um todo conseguiu um resultado muito produtivo. Precisamos trazer consciência para que os estudantes possam ser agentes de transformação na comunidade em que estão inseridos, sem isso, não há solução”, enfatizou.
Fonte: MIDR