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O número de casos de sífilis cresceram em gestantes de todas as faixas etárias nos últimos três anos em Goiás. Segundo dados da Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO), entre 2021 e 2023 foram registradas 7.540 gestantes com a doença. Somente neste ano, 2.335 casos foram reportados.
Já em relação aos casos de sífilis congênita — quando ocorre transmissão da mãe para o bebê durante a gestação — foram registrados 310 casos apenas neste ano. Segundo a Coordenadora de Assistência às infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) da Secretaria da Saúde de Goiás, Polyanna Ribeiro, diversos fatores estão atribuídos ao aumento de casos da doença no estado. Ela destaca alguns.
“Nós tivemos um aumento da implantação dos testes rápidos na rede básica de atenção à saúde, onde a gente faz o início das triagens no pré-natal da gestante. Então teve um aumento de número de testes na rede, por isso pode ter aumentado o número de diagnóstico. Outro fator que contribui a isso é o acesso tardio ao pré-natal, o que atrasa esse diagnóstico da sífilis e o que pode acarretar um aumento dessas gestantes com sífilis. Nós temos outro fator também, que é o não tratamento adequado. E o não tratamento da parceria dessa gestante. Então, o não tratamento do parceiro também contribui para o aumento de número de casos públicos em gestante”, explica.
Conforme a Secretaria de Saúde de Goiás, a incidência de casos é maior entre as faixas etárias de 20 a 29 anos. Em 2023, foram registrados 1.404 casos. Em seguida, aparecem gestantes entre 15 e 19 anos, com 480 casos. Dentre os municípios que mais apresentaram incidência de casos estão: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Luziânia, Anápolis, Rio Verde, Caldas Novas, Formosa, Planaltina e Novo Gama.
Para reverter esse quadro, a SES-GO tem intensificado os trabalhos de prevenção. A coordenadora explica que as ações de prevenção são a principal forma de combater as doenças sexualmente transmissíveis.
“As ações como: ações de testagem em massa e oferta dos testes rápidos nas unidades básicas de saúde e a distribuição de insumos são ações que contribuem para a prevenção. O estado vem realizando capacitações de manejo clínico da sífilis para todas as regionais de saúde e municípios, como realiza também capacitações de testagem rápida. Temos o projeto “Sífilis Não”. Que é uma capacitação dos municípios prioritários sobre a subnotificação. O objetivo é eliminar essa transmissão vertical. Essa transmissão vertical é o que leva à sífilis congênita”, afirma.
Segundo a infectologista do Centro Especializado em Doenças Infecciosas, Joana D’arc da Silva, a sífilis é uma doença infecciosa transmitida por uma bactéria chamada Treponema pallidum. A transmissão ocorre principalmente pela via sexual e, caso não seja tratada, pode resultar em complicações. Ela explica como ocorre as fases da doença.
“Ela pode ter algumas classificações como fase primária, secundária e latente. Ou seja, na fase primária a pessoa tem uma ferida. Essa ferida geralmente não coça, não arde, não dói e desaparece sozinha. Na fase secundária: algumas semanas após, a pessoa pode apresentar algumas manchas vermelhas pelo corpo. Depois ela entra em uma fase de latência. Depois a gente tem uma fase tardia, que se não for tratada, a pessoa pode ter manifestações neurológicas e cardíacas. E a gente lembra também que é a sífilis pode passar da mãe para o feto e a criança nascer com sífilis congênita e isso pode levar também a quadros de malformações e até óbito intra-útero”, ressalta.
A infectologista ainda destaca a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. “Se você observou que tem uma ferida com bordas levemente elevadas e que não causa muito incômodo, é interesse ir ao hospital tratar imediatamente. Se você não observou a ferida, mas viu que apareceram manchas vermelhas pelo seu corpo e essas manchas podem estar na palma das mãos, planta dos pés e você teve alguma exposição sexual consentida ou não, é interessante ir também ao serviço de saúde para fazer o tratamento. É importante tratar quanto antes para você não ter o desenvolvimento das demais fases da sífilis e complicações futuras”, diz.
Gonçalves ainda ressalta que a sífilis tem cura. “O único reservatório da bactéria é o ser humano. Então, se a gente tiver a consciência do uso adequado de preservativo, de fazer as testagens e o tratamento adequado. Ou seja, o tratamento adequado é tratar o indivíduo e os parceiros sexuais. Então, essa responsabilidade faz com que a gente possa diminuir o número de casos e eliminar a doença. Mas isso depende do nosso comportamento”, completa.
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