LOC: O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi duramente criticado pela deputada Gleisi Hoffmann, na última quarta-feira (31), durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que investiga supostos crimes cometidos por movimentos que invadem fazendas no Brasil. Batizada de “CPI do MST”, o foco das investigações cai justamente sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - um dos braços políticos do Partido dos Trabalhadores, que é presidido por Gleisi Hoffmann.
O governador rebateu as críticas, dizendo que a deputada deveria ser a primeira a evitar a guerra no campo, por ser a presidente do Partido do presidente da República.
A presidente do PT, Gleisi Hofmann, partiu para o ataque, logo depois de o governador propor a criação de uma lei para criminalizar integrantes de entidades que acampam às margens de estradas ou que invadem fazendas. Pela proposta do governador, movimentos como o MST deveriam perder o direito de participar de programas sociais do governo e de reforma agrária - caso continuem agindo desta maneira.
SONORA: Gleisi Hofmann, deputada federal e presidente do PT
“Eu acho que a gente tem que parar com o preconceito, ter cuidado aqui com o que nós falamos. Nós não estamos falando de bandidos. Quando vocês dizem bandidos e criminosos aqui, vocês estão atingindo mais de 450 mil famílias que trabalham de sol a sol, sustentam os seus filhos e põem comida na mesa do povo trabalhador. E o MST é um movimento que proporcionou isso, porque, se não tivesse um movimento organizado, dificilmente essas famílias teriam as condições para produzir que têm hoje, e que dão muito resultado para a economia brasileira.”
LOC: Ronaldo Caiado confrontou as informações apresentadas pela deputada, reafirmando que o MST seria, sim, um movimento formado por milícias rurais que praticam crimes e que, segundo ele, a maioria de seus integrantes não entende nada de trabalho rural. O governador de Goiás declarou ainda que, por ser presidente do Partido dos Trabalhadores, a deputada Gleisi Hoffmann deveria dar o exemplo e evitar a violência no campo - e ajudar o país a encontrar o entendimento nacional.
SONORA: Ronaldo Caiado, governador de Goiás pelo DEM
“Como Vossa Excelência é Presidente de um partido, quer dizer, qual a primeira coisa que deveria acontecer? Se tem influência sobre o MST, deveria chamá-los e dizer: ‘Não vamos promover a desordem, não vamos promover a insegurança jurídica, não vamos nos vestir de donos da verdade, não vamos admitir que haja nenhuma ruptura’. Até porque, vocês têm todos os instrumentos de governo. Têm tudo. Se quer fazer a reforma agrária, não é preciso invadir. Vai lá, desapropria, instala, dá condições dignas às pessoas para viverem; produz!”
LOC: Contra a vontade do presidente Lula, a CPI do MST na Câmara dos Deputados foi criada com o propósito de investigar supostos crimes cometidos na invasão de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e outros movimentos de Esquerda, eventualmente ligados ao governo atual. A Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada a pedido do deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O colegiado é presidido pelo deputado Tenente-Coronel Zucco (do PL do RS), e tem como Relator o deputado Ricardo Salles (PL-SP).
Reportagem: José Roberto Azambuja