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LOC.: Os brasileiros têm dificuldades para encontrar e entender as regras que devem cumprir. É o que aponta a pesquisa "Retratos da Sociedade Brasileira: Percepções sobre a Regulamentação", da Confederação Nacional da Indústria, a CNI.
O levantamento revela que, apesar de sessenta e cinco por cento dos entrevistados dizerem que conseguem localizar as normas do país, a maioria encontra barreiras: cinquenta e oito por cento deles afirmaram ter dificuldades para encontrá-las.
Já trinta e seis por cento do total de entrevistados disseram não compreender as normas que devem seguir.
A pesquisa indica ainda que idade e escolaridade fazem diferença. Setenta e dois por cento dos que conseguem localizar as normas têm entre 18 e 24 anos. Entre os entrevistados com 65 anos ou mais, esse índice cai para cinquenta e seis por cento. E, quanto maior o nível de instrução, maior a facilidade em localizar e entender o conteúdo regulatório.
Embora a participação social na formulação de normas e regras seja garantida na Constituição Federal, cinquenta e seis por cento responderam nunca ter participado de algum processo desse tipo. Entre os que afirmaram já ter contribuído, mais da metade apontou dificuldades nesse processo.
Para a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Maite Sarmet, a participação da população na elaboração de regulamentações é fundamental para que as normas atendam o interesse público.
Ela cita o exemplo das normas relacionadas aos alimentos:
TEC./SONORA: Maite Sarmet, especialista em Políticas e Indústria da CNI
“A sociedade civil deve estar ciente dos requisitos necessários para que os produtos que consome cheguem na mesa com maior qualidade possível, por exemplo, e como muitas vezes os preços são reflexo de um ambiente regulatório complexo e insegurança jurídica que vem da imprevisibilidade do processo regulatório.”
LOC.: O professor da Faculdade de Educação da USP, Daniel Cara, defende uma mudança de cultura em relação à participação popular.
TEC./SONORA: Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP
“O que falta é uma cultura social, de compreensão de que as normas e leis, na verdade, pertencem a todos. É parte do nosso contrato social, da nossa forma de viver em sociedade.”
LOC.: Ainda segundo o levantamento, quarenta e cinco por cento dos entrevistados afirmaram conhecer o empenho do governo federal para melhorar a qualidade do marco regulatório do país. Ainda assim, para vinte e três por cento essa não é uma prioridade da gestão e setenta e seis por cento declararam que a atenção é insuficiente ou que a agenda pode ser fortalecida e ampliada. A pesquisa ouviu mais de duas mil pessoas com idades a partir de 16 anos em todos os estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas entre 29 de abril e 5 de maio de 2025.
Reportagem, Cristina Sena