Data de publicação: 29 de Setembro de 2017, 01:20h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:28h
Quem ganha um salário mínimo por mês levará 19 anos para receber o equivalente aos rendimentos de um super-rico em um único mês. De acordo com o relatório "A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras", lançado pela Oxfam Brasil, apenas seis pessoas possuem riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões de brasileiros mais pobres. E mais: os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95%.
Segundo o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya, há vários fatores que explicam as desigualdades no Brasil: o sistema tributário regressivo, que pesa muito sobre os mais pobres e a classe média; o analfabetismo, as discriminações de raça e gênero que promovem violência cotidiana aos mais básicos direitos de mulheres e negros; a falta de espírito democrático e republicano do sistema político brasileiro, que concentra poder e é altamente propenso à corrupção.
"Enquanto tivermos esta extrema desigualdade, este modelo tributário fortemente regressivo, esta extrema financeirização da economia, nós vamos continuar gerando pobreza, analfabetismo, baixa escolaridade, baixo acesso à saúde."
O Conselho Federal de Economia lançou a Campanha pela Redução da Desigualdade Social. A iniciativa – que já tem o apoio de 30 entidades – visa, entre outras coisas, mudar a forma como os impostos são cobrados, preservar e ampliar os direitos sociais e criar mais políticas públicas de valorização do trabalho e de educação no Brasil. Segundo Júlio Miragaya, um projeto de lei está sendo elaborado para ser apresentado na Câmara dos Deputados para reduzir a tributação sobre o consumo, a produção e aumentar sobre a renda e a riqueza.
"Tem um grupo técnico que está elaborando uma proposta não só alternativa, mas completa, referente ao nosso modelo tributário, porque a proposta em discussão na Câmara não vai tocar no que é essencial no nosso entendimento que é a regressividade do nosso modelo tributário. Nós não tributamos efetivamente a renda e a riqueza. Nós tributamos o consumo e a produção, o rendimento do trabalho... Em suma, quem paga imposto no Brasil é a classe trabalhadora e a classe média, não são os mais ricos."
Para saber mais sobre a Campanha pela Redução da Desigualdade Social no Brasil acesse www.campanha.cofecon.gov.br.
Reportagem, Cintia Moreira.