Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Após queda da rentabilidade de lácteos, setor espera estabilidade em 2024

A CNA prevê que a produção de leite no Brasil em 2024 deve ficar estável, com um volume de 34,1 bilhões de litros

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Após um 2023 marcado por quedas consecutivas nos preços do leite pago ao produtor, o setor de lácteos projeta um cenário equilibrado para 2024. Conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no ano passado, a produção de leite no campo atingiu 34,1 bilhões de litros. Com isso, houve queda de 1,4% em 2023 ante 2022, quando foram produzidos 34,6 bilhões de litros.

De acordo com a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Ana Paula Negri, diversos fatores contribuíram para a crise do setor. Entre eles, a queda de preço durante o período de entressafra – abril a agosto.

“Geralmente, no período da entressafra, os preços aumentam. Então, até outubro, há desvalorização do leite, que estava atrelada ao excesso da oferta devido ao aumento da produção doméstica e também das importações crescentes. As importações estiveram em alta de janeiro a novembro do ano passado e o volume foi 71,7% maior do que o registrado em 2022. Outro fator foi a queda nos preços dos derivados, porque o consumo em 2023 estava enfraquecido”, explica.

Segundo balanço do Cepea, em 2023, o Brasil importou 2,26 bilhões de litros de leite, o maior volume para o período de toda a série histórica. O número representa um aumento de 68,8% em relação a 2022. 

As importações brasileiras, provenientes basicamente de países do Mercosul - Argentina e Uruguai -  se deram em função da TEC (Tarifa Externa Comum) de 28% sobre os lácteos provenientes de outras origens. Com a TEC, esses países conseguem produzir a custos mais baixos que o nacional e diminuir a competitividade no mercado brasileiro. 

Conforme a Embrapa Gado de Leite, no ano passado, pequenos produtores de vários estados chegaram a receber menos de R$ 1,80 por litro de leite. Em contrapartida, o custo de produção aumentou 50% entre o início de 2020 e outubro de 2023.

De acordo com o balanço da CNA, de janeiro a outubro, a queda do leite para os produtores reduziram cerca de 26%. Já a queda para o leite UHT no atacado foi de 15%. No varejo, os preços ao consumidor registraram queda de apenas 1,98%.

Cenário para 2024 

A CNA prevê que as margens negativas da atividade no ano passado, a baixa capacidade de investimento e problemas climáticos devem impedir uma recuperação mais expressiva na produção de leite em 2024. A produção nacional de leite deve manter a estabilidade em torno de 34,1 bilhões de litros. 

Na avaliação da pesquisadora do Cepea, 2024 pode ser um ano ainda de desafios para o setor. “A expectativa dos agentes de mercado é que os preços registrem entre estabilidade e alta, ainda influenciado pela produção limitada no campo. Porém, a continuidade desse movimento de alta nos próximos meses vai depender muito da reação do consumo e dos volumes de lácteos importados. 2024 pode ser um ano ainda de desafios para o setor, com crescimento na produção mais lento. As importações podem continuar sendo uma peça importante para o setor”, destaca.

Com a pressão do setor produtivo, o Ministério da Agricultura divulgou, em outubro de 2023, um decreto 11.732/2023 para tentar frear as importações de leite. A medida visa auxiliar o produtor rural e equilibrar toda a cadeia produtiva, garantindo incentivos fiscais. A medida passa a valer em 1º de fevereiro de 2024.

Cadeia Produtiva do Leite no Brasil

Segundo o Cepea, o Brasil é o quinto maior produtor de leite do mundo em termos de valor. O país ocupa a sexta posição dentre todos os produtos analisados na agropecuária nacional no valor bruto da produção total no Brasil. Ao todo, o setor tem mais de 1,17 milhões de propriedade produtores de leite e 42 milhões de pessoas empregadas na indústria de laticínios. Os maiores produtores são os estados de Minas Gerais, seguido por Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.  

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