Foto: Divulgação/MIDR
Foto: Divulgação/MIDR

Águas do Velho Chico chegam ao sertão potiguar e renovam sonhos e esperanças

População celebra início do percurso das águas do PISF no Rio Grande do Norte, que vai garantir abastecimento, produção e vida digna


O sertão do Rio Grande do Norte vive um momento histórico. Depois de anos de espera, as águas do Rio São Francisco cruzaram a divisa da Paraíba e chegaram ao Rio Piranhas, mudando a paisagem e renovando a esperança de milhares de famílias que convivem, há gerações, com os efeitos da seca.

O Rio Piranhas, no município de Jardim de Piranhas, de pouco mais de 13 mil habitantes, ,é a porta de entrada do Velho Chico no sertão potiguar. A partir dele, a água do Projeto de Integração do São Francisco (PISF) segue para a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, e para a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório do Rio Grande do Norte, localizado na bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Açu, nos municípios de Itajá, São Rafael e Jucurutu.

A passagem da água pela estação de captação do município de Jardim de Piranhas, emocionou agricultores e moradores locais, que enxergam no encontro dos rios a promessa de dias melhores. Seu Sebastião Raimundo, 68 anos, é agricultor da região. Ele nasceu e cresceu às margens do Rio Piranhas. A memória das longas estiagens ainda são recentes, mas agora ele acredita em um futuro mais digno. “Eu lembro do sofrimento da seca, da gente sem poder plantar, sem ter água nem pra beber. Hoje, quando vejo essa água chegando, é como se a gente estivesse renascendo. Agora eu posso pensar em plantar de novo, em criar minhas coisas, sem medo de perder tudo”, comemora.

Para Sebastião, a água do Velho Chico representa mais do que produção agrícola. É a garantia de esperança renovada para as próximas gerações e a chance de permanecer no sertão, sem precisar deixar sua terra para buscar oportunidades em outros lugares "Com essa água que vem do São Francisco, eu acredito que nunca mais vai faltar água pra nós aqui. Vai melhorar demais”, afirma.

O pescador José Carlos, de 46 anos, tem uma relação com o Rio Piranhas desde a infância. Em 2017, quando as águas secaram, ele sentiu o peso da ausência desse recurso, tão essencial para a vida. “Eu vivo do rio desde menino. Quando ele secou, parecia que a gente tinha perdido um pedaço da vida. Agora, ver essa água correndo de novo é uma alegria imensa. O rio voltou a viver, e com ele a gente também volta a sonhar. Vai ter peixe de novo, vai ter fartura”, observa José.

José Carlos lembra com orgulho que as novas gerações também poderão sentir o valor da água que chega: “A minha esperança é que os mais jovens aprendam a cuidar do rio, a zelar por ele. Porque água é vida. Se a gente souber preservar, essa bênção vai durar pra sempre”.

Nova etapa do São Francisco

O encontro entre o Velho Chico e o Rio Piranhas marca uma nova etapa para o Seridó potiguar, onde a convivência com a seca começa a dar lugar a um futuro de esperança. O trabalho de integração realizado pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), vai beneficiar milhares de pessoas no estado, garantindo abastecimento humano, fortalecimento da agricultura familiar e melhores condições de vida para quem sempre resistiu no sertão.

Além de Jardim de Piranhas, as águas do Rio São Francisco abastecerão outros municípios da região, levando dignidade e desenvolvimento para comunidades que há décadas convivem com a escassez. Para agricultores, pescadores e famílias inteiras, o São Francisco não é apenas água que chega: é a promessa de futuro, de permanência e de vida digna.

E esse cenário só é possível graças ao trabalho do Governo Federal para garantir água para quem mais precisa. Quando assumiu o mandato, em 2023, o presidente Lula retomou os investimentos em segurança hídrica, como ressalta o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. “Quando nós assumimos, deixaram as bombas da transposição quebradas aí do Eixo Norte, a bomba ali da EBI-3, que garante água chegar no Rio Grande do Norte, estavam quebradas as duas bombas. Nós tivemos que revitalizar as bombas. Quem sai do governo é que deixa o orçamento para o ano seguinte, para o governo que entra. Deixaram sem dinheiro, sem orçamento. O presidente Lula teve que colocar dinheiro no orçamento para garantir essas obras", lembra o ministro.

Com o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), o Governo Federal destinou cerca de R$ 500 milhões do para a recuperação e ampliação do Eixo Norte do PISF. A verba é para duplicar a capacidade de bombeamento da estrutura, beneficiando cerca de 8,1 milhões de pessoas em 237 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Tudo para garantir o direito à água como vetor de cidadania, segurança hídrica e desenvolvimento regional.

Caminho das Águas

O Caminho das Águas é uma iniciativa do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) que, desde a primeira fase em maio deste ano, tem o objetivo acompanhar, divulgar e aproximar a população das principais obras e ações de segurança hídrica no Brasil. Além das visitas técnicas e inaugurações pelo ministro Waldez Góes e comitiva, o projeto também promove diálogo com gestores locais e beneficiários, reforçando a transparência e a participação social na gestão dos recursos hídricos.

Em 28 de maio, a iniciativa contou com a presença do presidente Lula ao assinar a ordem de serviço para duplicação das estações de bombeamento do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio  São Francisco (PISF), e participar da inauguração do Trecho I do Ramal do Apodi, com 115,5 km de extensão. 

Na segunda fase, em junho, a comitiva seguiu visitando obras no Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, incluindo barragens, adutoras, dessalinização e outras ações contempladas pelo Novo PAC. Já na terceira fase, realizada em julho, as visitas se concentraram no Ceará, com entregas e vistorias em cidades como Barro, Orós, Banabuiú, Aracoiaba e Jaguaribara, reforçando a continuidade dos investimentos em segurança hídrica para a região.

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LOC: No sertão do Seridó, no coração do Rio Grande do Norte, a paisagem ganhou um novo som... O som das águas do Velho Chico. Depois de décadas de espera e centenas de quilômetros percorridos, as águas do Rio São Francisco finalmente chegaram ao Rio Piranhas, em Jardim de Piranhas, no sertão potiguar. Um encontro que não é só de rios, mas de histórias, de vidas… e de esperança. O Rio Piranhas é a porta de entrada do Projeto de Integração do São Francisco, o PISF, no Rio Grande do Norte. A partir dele, a água segue para a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, e para a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório do estado, abastecendo municípios como Itajá, São Rafael e Jucurutu. O Projeto de Integração do Rio São Francisco já beneficia mais de 10 milhões de pessoas no Nordeste. E agora, no encontro entre o Velho Chico e o Rio Piranhas, o sertão reafirma sua força. Porque quando a água chega, ela não traz só frescor… ela traz vida, futuro, desenvolvimento e a garantia de dias melhores para quem enfrentaram a seca por gerações. Na pequena cidade potiguar de Jardim de Piranhas, com pouco mais de 10 mil habitantes, seu Sebastião Raimundo lembra os dias de seca e de sede. Para o agricultor de 77 anos, a chegada da água renova uma esperança que parecia distante.
 

TEC./SONORA: SEBASTIÃO

“A maior riqueza do mundo é nós aqui na beira do Rio. Não falta nada, não falta comer pra os bichos, não falta peixe, não falta água, tem tudo, graças a Deus. Só em olhar assim vocês veem a riqueza que nós temos aí. Ração para o gado aí, à vontade. água muito pertinho aí. Nós temos um sistema de irrigação. E esse sistema de irrigação faz com que a gente faça mantimento aí para o gado comer à vontade. Dá para criar um gadinho e sobrar recursos, graças a Deus. Então, já nós temos água. E agora, com essa água que vai chegar agora, eu acredito que nunca mais vai faltar água para nós aqui. Graças a Deus. Vai ficar melhorando demais. Melhorar muito.”
 


LOC: A memória das estiagens ainda acompanha seu Sebastião, que conta como era difícil produzir e viver no sertão com o silêncio das chuvas.
 

TEC./SONORA: SEBASTIÃO

“Papai morreu com 51 anos, mamãe ficou com 12 filhos. O mais velho dos homens era eu. Então a gente sofreu demais. Carregava água no rio, em jumento, na cabeça, de todo jeito. Carregava água, mas só que a água que a gente levava, a gente cavava uma cacimba na areia. Aí aquela água subia, a gente apanhava aquela água pra levar. Não tinha água. Em 2017, ele ficou só a areia. A coisa mais triste. O povo sofreu demais. Não tendo água nesse rio pra gente alimentar o gado, a criação. Aí pronto, o agricultor sofre demais. Porque não pode criar nada.”
 


LOC: Também morador de Jardim de Piranhas que acompanhou a chegada das Águas do São Francisco, seu Geison Maia lembra dos dias em que o rio secou e trouxe desespero à comunidade. Pescador desde os onze anos e filho de agricultor, Geison conhece bem a importância da água para a sobrevivência no semiárido.
 

TEC./SONORA: GEISON

"A lembrança mais terrível que eu tenho do Rio Piranhas foi em 2017. De 16 para 17, quando eu vi esse rio seco de tudo. É a pior lembrança que eu tenho da minha história"
 


LOC: Mas agora, o medo e falta de esperança dão lugar ao otimismo e chance de uma vida digna. Nascido e criado à beira do Rio Piranhas, o pescador não pensa mais em deixar sua cidade natal.
 

TEC./SONORA: GEISON

"Eu fui nascido e criado aqui nas águas do Rio Piranhas. Sempre pesquei, sempre gostei de pescar. Hoje, com 46 anos, me sinto super à vontade estando aqui no Piranha. Não pretendo deixar nunca. O que a gente tem em mente é que vai melhorar o pesqueiro, vai dar mais peixe, com o fluxo de água maior, claro que vem mais peixe. Bom demais para a gente, que é pescador, e para os agricultores também, né?”
 


LOC: Sim! Mais água é bom para todo mundo! Depois de muita espera, as águas do Velho Chico finalmente levam ao Rio Grande do Norte desenvolvimento, dignidade e segurança hídrica para mais nordestinos.
 

TEC./SONORA: GEISON

"Hoje, com a transposição do Rio São Francisco, e a Barragem de Oiticica, eu acho que a segurança hídrica para a gente está um pouco mais segura, digamos assim.  Eu acredito que sim. Hoje nós estamos seguros com a água. Eu acredito que água é sangue. Água é vida. Água sempre é bom para todo mundo. Eu que sou criado dentro do Rio Piranhas, quanto mais água no rio, melhor para todos nós."
 


LOC: E para garantir que a água do São Francisco continue representando um futuro melhor para os sertanejos, o recado de Geison é claro:
 

TEC./SONORA: GEISON

"O que eu posso dizer para as futuras gerações é o seguinte, que vamos zelar do nosso rio. Pelo amor de Deus, não deixa erguer uma bandeira de morte não, porque o que eu já vi em 2017, vamos zelar para a gente que estamos vivendo hoje esse momento, para o futuro, vamos zelar do nosso rio."
 


LOC: O Projeto de Integração do São Francisco é resultado de um trabalho histórico do Governo Federal, realizado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Ao assumir o mandato em 2023, o presidente Lula retomou os investimentos no Eixo Norte do PISF, revitalizando bombas quebradas e garantindo a continuidade das obras. Cerca de 500 milhões de reais do Novo PAC foram destinados à recuperação e ampliação da estrutura, com o objetivo de duplicar a capacidade de bombeamento e beneficiar 237 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, lembra que o presidente Lula retomou os investimentos do Projeto de Integração do São Francisco paragarantir o direito à água como vetor de cidadania, segurança hídrica e desenvolvimento regional.
 

TEC./SONORA: WALDEZ

"Foi prioridade histórica de todo o trabalho do presidente essa questão da segurança hídrica, garantir águas para as pessoas, para o seu consumo, para a produção de alimentos, para o turismo, para a economia de um modo geral. Quando nós assumimos, deixaram as bombas da transposição quebradas aí do Eixo Norte, a bomba ali da EBI-3, que garante água chegar no Rio Grande do Norte, estavam quebradas as duas bombas. Nós tivemos que revitalizar as bombas. Quem sai do governo é que deixa o orçamento para o ano seguinte, para o governo que entra. Deixaram sem dinheiro, sem orçamento. O presidente Lula teve que colocar dinheiro no orçamento para garantir essas obras".
 


LOC: Mais do que água, o São Francisco traz saúde, cidadania e desenvolvimento. Agricultores, pescadores e famílias inteiras do Seridó agora têm a possibilidade de plantar, criar, pescar e viver com dignidade, mantendo viva a tradição e a história de quem resiste no sertão. Para saber mais sobre as ações do Governo Federal em segurança hídrica, acesse http://mdr.gov.br . Com edição de texto e áudio de Alexandra Fiori, reportagem, Larissa Galli.