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LOC: No sertão do Seridó, no coração do Rio Grande do Norte, a paisagem ganhou um novo som... O som das águas do Velho Chico. Depois de décadas de espera e centenas de quilômetros percorridos, as águas do Rio São Francisco finalmente chegaram ao Rio Piranhas, em Jardim de Piranhas, no sertão potiguar. Um encontro que não é só de rios, mas de histórias, de vidas… e de esperança. O Rio Piranhas é a porta de entrada do Projeto de Integração do São Francisco, o PISF, no Rio Grande do Norte. A partir dele, a água segue para a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, e para a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório do estado, abastecendo municípios como Itajá, São Rafael e Jucurutu. O Projeto de Integração do Rio São Francisco já beneficia mais de 10 milhões de pessoas no Nordeste. E agora, no encontro entre o Velho Chico e o Rio Piranhas, o sertão reafirma sua força. Porque quando a água chega, ela não traz só frescor… ela traz vida, futuro, desenvolvimento e a garantia de dias melhores para quem enfrentaram a seca por gerações. Na pequena cidade potiguar de Jardim de Piranhas, com pouco mais de 10 mil habitantes, seu Sebastião Raimundo lembra os dias de seca e de sede. Para o agricultor de 77 anos, a chegada da água renova uma esperança que parecia distante.
TEC./SONORA: SEBASTIÃO
“A maior riqueza do mundo é nós aqui na beira do Rio. Não falta nada, não falta comer pra os bichos, não falta peixe, não falta água, tem tudo, graças a Deus. Só em olhar assim vocês veem a riqueza que nós temos aí. Ração para o gado aí, à vontade. água muito pertinho aí. Nós temos um sistema de irrigação. E esse sistema de irrigação faz com que a gente faça mantimento aí para o gado comer à vontade. Dá para criar um gadinho e sobrar recursos, graças a Deus. Então, já nós temos água. E agora, com essa água que vai chegar agora, eu acredito que nunca mais vai faltar água para nós aqui. Graças a Deus. Vai ficar melhorando demais. Melhorar muito.”
LOC: A memória das estiagens ainda acompanha seu Sebastião, que conta como era difícil produzir e viver no sertão com o silêncio das chuvas.
TEC./SONORA: SEBASTIÃO
“Papai morreu com 51 anos, mamãe ficou com 12 filhos. O mais velho dos homens era eu. Então a gente sofreu demais. Carregava água no rio, em jumento, na cabeça, de todo jeito. Carregava água, mas só que a água que a gente levava, a gente cavava uma cacimba na areia. Aí aquela água subia, a gente apanhava aquela água pra levar. Não tinha água. Em 2017, ele ficou só a areia. A coisa mais triste. O povo sofreu demais. Não tendo água nesse rio pra gente alimentar o gado, a criação. Aí pronto, o agricultor sofre demais. Porque não pode criar nada.”
LOC: Também morador de Jardim de Piranhas que acompanhou a chegada das Águas do São Francisco, seu Geison Maia lembra dos dias em que o rio secou e trouxe desespero à comunidade. Pescador desde os onze anos e filho de agricultor, Geison conhece bem a importância da água para a sobrevivência no semiárido.
TEC./SONORA: GEISON
"A lembrança mais terrível que eu tenho do Rio Piranhas foi em 2017. De 16 para 17, quando eu vi esse rio seco de tudo. É a pior lembrança que eu tenho da minha história"
LOC: Mas agora, o medo e falta de esperança dão lugar ao otimismo e chance de uma vida digna. Nascido e criado à beira do Rio Piranhas, o pescador não pensa mais em deixar sua cidade natal.
TEC./SONORA: GEISON
"Eu fui nascido e criado aqui nas águas do Rio Piranhas. Sempre pesquei, sempre gostei de pescar. Hoje, com 46 anos, me sinto super à vontade estando aqui no Piranha. Não pretendo deixar nunca. O que a gente tem em mente é que vai melhorar o pesqueiro, vai dar mais peixe, com o fluxo de água maior, claro que vem mais peixe. Bom demais para a gente, que é pescador, e para os agricultores também, né?”
LOC: Sim! Mais água é bom para todo mundo! Depois de muita espera, as águas do Velho Chico finalmente levam ao Rio Grande do Norte desenvolvimento, dignidade e segurança hídrica para mais nordestinos.
TEC./SONORA: GEISON
"Hoje, com a transposição do Rio São Francisco, e a Barragem de Oiticica, eu acho que a segurança hídrica para a gente está um pouco mais segura, digamos assim. Eu acredito que sim. Hoje nós estamos seguros com a água. Eu acredito que água é sangue. Água é vida. Água sempre é bom para todo mundo. Eu que sou criado dentro do Rio Piranhas, quanto mais água no rio, melhor para todos nós."
LOC: E para garantir que a água do São Francisco continue representando um futuro melhor para os sertanejos, o recado de Geison é claro:
TEC./SONORA: GEISON
"O que eu posso dizer para as futuras gerações é o seguinte, que vamos zelar do nosso rio. Pelo amor de Deus, não deixa erguer uma bandeira de morte não, porque o que eu já vi em 2017, vamos zelar para a gente que estamos vivendo hoje esse momento, para o futuro, vamos zelar do nosso rio."
LOC: O Projeto de Integração do São Francisco é resultado de um trabalho histórico do Governo Federal, realizado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Ao assumir o mandato em 2023, o presidente Lula retomou os investimentos no Eixo Norte do PISF, revitalizando bombas quebradas e garantindo a continuidade das obras. Cerca de 500 milhões de reais do Novo PAC foram destinados à recuperação e ampliação da estrutura, com o objetivo de duplicar a capacidade de bombeamento e beneficiar 237 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, lembra que o presidente Lula retomou os investimentos do Projeto de Integração do São Francisco paragarantir o direito à água como vetor de cidadania, segurança hídrica e desenvolvimento regional.
TEC./SONORA: WALDEZ
"Foi prioridade histórica de todo o trabalho do presidente essa questão da segurança hídrica, garantir águas para as pessoas, para o seu consumo, para a produção de alimentos, para o turismo, para a economia de um modo geral. Quando nós assumimos, deixaram as bombas da transposição quebradas aí do Eixo Norte, a bomba ali da EBI-3, que garante água chegar no Rio Grande do Norte, estavam quebradas as duas bombas. Nós tivemos que revitalizar as bombas. Quem sai do governo é que deixa o orçamento para o ano seguinte, para o governo que entra. Deixaram sem dinheiro, sem orçamento. O presidente Lula teve que colocar dinheiro no orçamento para garantir essas obras".
LOC: Mais do que água, o São Francisco traz saúde, cidadania e desenvolvimento. Agricultores, pescadores e famílias inteiras do Seridó agora têm a possibilidade de plantar, criar, pescar e viver com dignidade, mantendo viva a tradição e a história de quem resiste no sertão. Para saber mais sobre as ações do Governo Federal em segurança hídrica, acesse http://mdr.gov.br . Com edição de texto e áudio de Alexandra Fiori, reportagem, Larissa Galli.