LAVA JATO: Mesmo não confirmada, fala de Odebrecht já fere imagem de Dilma, diz cientista político

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REPÓRTER: O depoimento que o executivo Marcelo Odebrecht teria dado aos investigadores da Operação Lava Jato já afetou negativamente a presidente afastada, Dilma Rouseff.  A avaliação foi feita pelo cientista político e professor licenciado da Universidade de Brasília Paulo Krammer, ao comentar os desdobramentos de uma reportagem publicada no último dia 3.  De acordo com o material jornalístico, o dono da construtora Odebrecht teria dito que, em 2014, Dilma pediu, pessoalmente, 12 milhões de reais em um esquema não declarado de campanha. Se confirmado, o pedido configuraria crime de caixa dois. O depoimento do executivo ainda não foi confirmado. Mesmo assim, Paulo Krammer acredita que o estrago na imagem de Dilma já foi feito.
 
SONORA: Paulo Krammer, cientista político e professor licenciado da UnB
 
“Dificilmente o Marcelo Odebrecht, que já está preso há um ano, se atreveria a mentir ou mesmo a fazer uma declaração ao Ministério Público ou ao juiz Sergio Moro que não pudesse ser comprovada. Mesmo antes da comprovação disso, o mal já está feito. O mal, no sentido do prejuízo para a imagem da presidente Dilma”.
 
REPÓRTER: O professor explica que o motivo pelo qual o suposto depoimento de Odebrecht já teria impactado a opinião pública diz respeito ao que ele chama de os três pilares da governabilidade do presidencialismo brasileiro.  Segundo Krammer, o primeiro é o desempenho da economia. O segundo, a relação do Executivo com o Congresso Nacional. O último é a credibilidade pessoal do presidente da República.  
 
SONORA: Paulo Krammer, cientista político e professor licenciado da UnB
“Os dois primeiros pilares já foram destruídos há muito tempo, e é por causa disso que Dilma está à beira de um afastamento definitivo. Quer dizer, ser julgada, pelo Senado, culpada por crime de responsabilidade e sofrer o impeachment com o seu afastamento definitivo. Faltava esse último pilar cair e acredito que, aos olhos da opinião pública, da classe política, esse pilar já ruiu”.
 
REPÓRTER: Por todas essas razões, o cientista político acredita que é praticamente impossível Dilma ser inocentada pelo Senado Federal e, com isso, ser reconduzida à Presidência.
 
A Procuradoria-Geral da República não confirmou o depoimento de Marcelo Odebrecht. Para ter validade de investigação, ele precisa ser homologado pelo relator do processo de impeachment contra a presidente afastada no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, o que ainda não aconteceu.
 
Reportagem, Bruna Goularte
 

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