EDUCAÇÃO: Estudantes que fariam Enem em escolas ocupadas têm prova adiada para dezembro

Os estudantes que não foram afetados pelas ocupações, mais de 97 por cento do total de inscritos, realizarão a prova normalmente no próximo sábado e domingo.

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REPÓRTER: Mais de 191 mil estudantes inscritos para realizar, no próximo final de semana (5 e 6), o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, vão são prejudicados. O Ministério da Educação, o MEC, anunciou nesta terça-feira (01) que os estudantes atingidos pela ocupação de 304 locais de provas, em 126 municípios, por parte de manifestantes contrários a reformulação do Ensino Médio e a aprovação da PEC 241, vão ter de realizar as provas do Enem 2016 nos dias 3 e 4 de dezembro. Os estudantes que não foram afetados pelas ocupações, mais de 97 por cento do total de inscritos, realizarão a prova normalmente no próximo sábado e domingo.

A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep, que organiza o Enem, Maria Inês Fini, explicou que transferir o local de prova dos estudantes para outras escolas era inviável.

SONORA
: Maria Inês Fini, presidente do Inep
“A cada dia você tinha um número de escolas ocupadas e no dia seguinte elas estavam desocupadas, depois eram ocupadas de novo e novas escolas se agregavam a esse quadro. A aplicação do Enem exige um trabalho de preparação de logística do espaço físico bastante grande. Nós temos que preparar a recepção de alunos com necessidades especiais que tem de ser atendidos, em atendimento especifico ou especializado. Enfim, dois lugares não tem as mesmas condições. Então, não se tratava de trocar A por B, nós vamos ter que fazer agora uma nova pesquisa, uma nova organização destes espaços para poder atender todos esses alunos”.

REPÓRTER
: De acordo com Maria Inês, os estudantes afetados pelas ocupações e que, portanto, terão que fazer o exame em dezembro, vão ser avisados pelo Inep por meio de SMS e e-mail. A informação também poderá ser consultada através do aplicativo Enem 2016 ou pelo número 0800 616161. De acordo com o Inep, a nova aplicação, em dezembro, será em tempo hábil para a utilização dos resultados no SISU, Fies e Prouni. Do ponto de vista da prova, os novos itens serão equivalentes, de modo a garantir a isonomia do Enem.

A presidente do Inepdisse ainda que os alunos que participam das ocupações em escolas de todo o Brasil são orientados por partidos políticos e professores que ajudam os alunos a organizar o movimento.

O Cientista Político e professor emérito da Universidade de Brasília, a UnB, David Fleischer concorda com Maria Inês e avalia que as ocupações tem razões políticas. David Fleischer acredita que os manifestantes e, não, o governo, são os maiores derrotados com a decisão do MEC de adiar a aplicação do Enem para os alunos prejudicados com as ocupações.

SONORA
: David Fleischer, Cientista Político
“Quem vai perder diante da sociedade é esse grupo de movimento para ocupar escolas que vai prejudicar o estudante que não tem nada a ver com a ‘coisa’ por razões totalmente políticas. Se você quer pressionar a mudança nas escolas secundárias você tem que ir ao congresso e pressionar. Os deputados vão ter reuniões de comissões e debater o assunto. Então, o congresso não vai ligar para esse negócio de ocupar escolas não”.

REPÓRTER: N
a tarde desta terça-feira, durante audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara dos Deputados, a presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, a Ubes, Camila Lanes, afirmou os estudantes só vão desocupar as escolas quando o Governo Federal retirar Medida Provisória que reforma do ensino médio.

SONORA
: Camila Lanes, presidente da Ubes
“O movimento estudantil é igual a pão,quanto mais bate, mais cresce. A proposta dos estudantes, principalmente o estado do Paraná, que já teve assembléia estadual, é o seguinte: ou retira a Medida Provisória ou a gente vai ocupar cada vez mais, porque essa medida não vai passar”.

REPÓRTER
: Ainda de acordo com Camila, mesmo se quisesse, a Ubes não poderia dar a ordem para desocupar as escolas. Segundo ela, essa decisão só pode ser tomada por cada uma das ocupações através de votação, assembléia e discussão dos estudantes.

 

Reportagem, João Paulo Machado

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