REPÓRTER: O presidente Michel Temer e o ministro da Educação, Mendonça Filho, anunciaram na quinta-feira (22) a Medida Provisória que trata da reformulação do ensino médio no Brasil. Um dos pontos questionados por educadores e especialistas foi o aumento progressivo da carga horária para mil e 400 horas anuais até se tornar integral. O presidente da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino, Roberto Dornas, acredita que a decisão vai afetar diretamente o ensino público no Brasil, que não conseguirá atender à demanda de alunos.
SONORA: Roberto Dornas, presidente da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino
“Não adianta pretender estudo integral, ou pretender mil e 400 horas/ano, no ensino médio, uma vez que a escola pública não terá condição de dobrar, porque dobra o custo. Não terá condições de dobrar o custo. Escolas estaduais, escolas municipais, se tentarem atender, vão diminuir o número de alunos atingidos. Por uma coisa muito simples: se ela pode funcionar em dois ou três turnos, ela passa a funcionar em um só”.
REPÓRTER: Ainda de acordo com o presidente da Confenen, Roberto Dornas, a decisão de tornar o ensino médio integral também pode afetar as escolas particulares.
SONORA: Roberto Dornas, presidente da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino
“Na escola particular, o aumento do curso vai levar ao aumento da anuidade. A escola particular só será possível para um pequeno grupo, rico. Então ela se torna discricionária, nesse sentido”.
REPÓRTER: De acordo com a Medida Provisória, o currículo do ensino médio será o mesmo em todo o país, definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A grade será orientada por cinco “itinerários”, com ênfase nas seguintes áreas: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. Além disso, o ensino de artes e de educação física passa a ser obrigatório apenas no ensino infantil e fundamental. O inglês é idioma obrigatório nas escolas a partir do sexto ano.
Reportagem, Bruna Goularte