ECONOMIA: Queda em vendas do Varejo mostra que Brasil ainda está em recessão, diz economista

Volume de vendas do comércio varejista recuou 8,2 por cento em outubro deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado

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REPÓRTER: Os comerciantes brasileiros estão vendendo menos, apesar da chegada das festas de final de ano. É o que mostra a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. De acordo com o levantamento, na passagem de setembro para outubro deste ano, a queda no volume de vendas do comércio varejista foi de 0,8 por cento, considerados os ajustes sazonais para poderem ser comparáveis aos dois meses consecutivos.
 
Além disso, o IBGE mostrou que volume de vendas do comércio varejista recuou 8,2 por cento em outubro deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado.  Para Newton Marques, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, Corecon-DF, o resultado mostra que a economia brasileira ainda não saiu da recessão.  O economista explica que, para entender melhor as causas da diminuição das vendas em outubro, é preciso pensar em outras variáveis econômicas.
 
 O desemprego, por exemplo, que já atinge mais de 12 milhões de brasileiros, tem um impacto direto nas vendas do varejo. 
 
SONORA: Newton Marques, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, Corecon-DF.
 
“Se você for cruzar essa informação com o emprego, com a massa salArial,  você vai ver que o número de desempregados tem aumentado e a massa salArial está caindo. Então o que está acontecendo? É uma combinação perversa de perda de emprego e de queda de renda. E as pessoas não vão comprar. E pode até, mesmo também, ter aumentado o grau de endividamento. Esse também é outro dado que tem que ser cruzado. O grau de endividamento tem aumentado bastante. Porque as pessoas além de perderem o emprego, perdem renda. E não pagam”. 
 
REPÓRTER: Na avaliação do economista Newton Marques, é importante ficar atento ao setor de comércio, já que ele é o primeiro a ser atingido quando a economia não vai bem.
 
 SONORA: Newton Marques, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, Corecon-DF
 “O comércio é o primeiro setor que responde a uma situação da conjuntura econômica. Então se ele está bem é um sinal de que ele está respondendo bem à demanda dos consumidores. E aí logo em seguida ele começa a solicitar encomendas à indústria. Esse indicador é muito importante. Ele é que vai provocar um aumento das encomendas na indústria. Então, se cai, ele não encomenda à indústria, e aí isso desencadeia, dentro da cadeia produtiva, um efeito negativo.” 
 
 REPÓRTER: Ainda de acordo com o IBGE, 15 estados registraram queda nas vendas do varejo na passagem de setembro para outubro.  Já na comparação com outubro do ano passado, o volume de vendas do comércio varejista recuou em 25 dos 27 estados, com destaque para o Amapá, que vendeu 16,9 por cento a menos do que no ano passado, e Paraíba, que vendeu 18,7 por cento a menos.  São Paulo e Rio de Janeiro, apesar de serem estados com elevadas rendas per capta, também venderam menos, com queda de 6,4 por cento em São Paulo e de 10,6 por cento no Rio.
 

 

Reportagem, Bruna Goularte

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