ECONOMIA: Falta de chuva no Sudeste pode deixar café mais caro no país

Café conillon registrou alta de mais de 6%, apenas em janeiro. Safra do Espírito Santo deve ser 30 por cento menor do que a colhida no ano passado

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REPÓRTER: O bom e saboroso cafezinho que o brasileiro consome todos os dias pode ficar mais caro no decorrer do ano. É que, a produção do grão na região Sudeste, onde ficam as maiores plantações de café do país, está comprometida por causa da falta de chuva. No município capixaba de São Gabriel da Palha, por exemplo, que é o maior produtor de café conillon do Brasil, os produtores tiveram prejuízos na safra atual e muitos vão ter dificuldades para quitar os financiamentos adquiridos nos bancos para o plantio. A informação é da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores, de São Gabriel da Palha, a Cooabriel. Além disso, a falta de chuva no Espírito Santo comprometeu a florada dos cafezais que devem produzir 30 por cento a menos de café este ano, em comparação ao ano passado, como explica o gerente Geral da Cooabriel, Edimilson Calegari.
 
SONORA: gerente Geral da Cooabriel, Edimilson Calegari
 
“Nós tivemos um período muito seco justamente no período em que a gente precisa de mais chuvas, que é nos meses de dezembro, janeiro. Devido a essa falta de chuva, a gente está estimando que vai haver uma queda de 20, 30 por cento na produção geral aqui na região. Inclusive, a gente já ouve reclamações de vários produtores, até com medo de não conseguir arcar com os financiamentos que eles têm junto as entidades financeiras.”     
 
REPÓRTER: De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo, o Cepea, o preço café conillon teve alta de quase seis por cento e meio, em Janeiro. Em comparação com o mês de dezembro, o café conillon teve alta de quase três por cento. O pesquisador do Cepea, Renato Ribeiro, acredita que, o prejuízo nas plantações de café, causado pela seca, pode ser repassado para os consumidores. Ele confirma que, a falta de chuva no Sudeste é a responsável pela a alta no preço do café.
 
SONORA: pesquisador do CEPEA, Renato Ribeiro
 
“Nós estamos agora em uma fase de enchimento de grão, em uma fase onde eles mais precisam de água para poder se desenvolver, para conseguir um bom tamanho e um bom padrão de qualidade desse café, essas regiões estão com falta de água. Esse impacto já está sendo sentindo no preço do café conillon, desde o começo do ano já tem uma forte puxada no preço do café conillon no Espírito Santo e, esse impacto provavelmente pode ser repassado para os consumidores.”   
 
REPÓRTER: Com a falta de chuva na região Sudeste, os produtores de café ainda tiveram que deixar de usar a água dos rios e córregos para irrigar os cafezais. Com isso, de acordo com o Cepea, a produção de outras qualidades do café como o arábica pode também sofrer prejuízos. Em 2014, o Brasil produziu cerca de dois milhões e duzentas e 50 mil sacas de café e arrecadou mais de 270 milhões de dólares.
 
Reportagem, Cristiano Carlos

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