CRISE: Economia brasileira deve diminuir 3,1% em 2015 e 1,2% em 2016, aponta OCDE

O relatório ainda prevê que a inflação no final de 2015 deve estar em 9,4% e em 4,9% em 2016.

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REPÓRTER: A economia brasileira deve encolher 3,1 por cento neste ano, e cerca de 1,2 por cento no ano que vem. As previsões foram divulgadas na tarde desta quarta-feira, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE. De acordo com a organização, o país vive um momento crítico, com desafios na situação fiscal e com alta taxa inflação. A OCDE afirma que a queda nos preços das commodities, que são produtos básicos, com cotação internacional, como, por exemplo, a soja, e o envelhecimento da população, foram alguns dos fatores que levaram a economia nacional a encolher. Além disso, segundo a entidade, o Brasil vai precisar controlar a expansão dos gastos públicos e, principalmente, dar inicio a uma reforma no sistema previdenciário. Jorge Arbache, professor de economia da Universidade de Brasília, afirma que os motivos que levaram o país para a vigente recessão econômica, são três. A grave crise política, os erros do modelo econômico praticado pelo governo e a atual conjuntura financeira mundial.
 
SONORA: Jorge Arbache, professor em economia da UnB

“O que ta levando a isso, são várias as causas. As causas imediatas são obviamente essa crise política extremamente grave. O governo praticamente já não governa, ele não consegue governar. O judiciário e o legislativo pouco contribuem, não há consensos mínimos em torno do que fazer, em torno de projetos. Mas quando você olha para um outro aspecto, que é o aspecto econômico, a gente vê que do ponto de vista de médio prazo, há uma exaustão do modelo de crescimento econômico pelo governo, baseado no credito fácil ao consumo, baseado na expansão dos gatos públicos. Esse modelo econômico implementado não deu certo, como já prevíamos e  isso coincide com o momento econômico da economia internacional muito negativo e com todo esse desacerto político”.
 
REPÓRTER: O relatório da OCDE prevê que a inflação no final de 2015 deve estar em 9,4 por cento, no entanto, essa taxa deve cair para 4,9 por cento no próximo ano.
De acordo com Arbache, a inflação deve cair em 2016, não por causa do sucesso das políticas econômicas implementadas pelo governo, mas sim, em conseqüência da própria recessão.
 
SONORA: Jorge Arbache, professor em economia da UnB
 
"A taxa de crescimento do ano que vem, negativa, vai ser menor que a desse ano, em razão da própria recessão que vai desacelerando a queda da economia. Isso é valido tanto para a taxa de crescimento, como para a taxa de inflação. A inflação não vai subir porque o governo tomou a decisão certa, mas porque, a economia vai estar em tal situação de baixas vendas, de ninguém conseguindo vender nada que a inflação começa a crescer menos, a crescer de forma muito mais modesta”.

REPÓRTER: Ainda no relatório, a OCDE fez uma lista de recomendações ao país, como por exemplo, diminuir as tarifas de importação e reduzir as exigências de conteúdo nacional, estabilizar a dívida bruta e aumentar gradualmente a idade de aposentadoria.

Reportagem, João Paulo Machado

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