A maioria dos incêndios florestais no Brasil tem origem na ação humana, podendo começar de forma proposital ou por descuido. No caso dos agricultores, a queimada é feita para limpar e preparar o solo antes do plantio. Mas é preciso ter muito cuidado, afinal, isto pode causar mais danos do que vantagens buscadas pelos produtores rurais. Além de eliminar nutrientes essenciais às plantas, as queimadas trazem uma série de prejuízos à biodiversidade, à dinâmica dos ecossistemas e à qualidade do ar. É o que explica o pesquisador da Embrapa Cerrado, Eduardo Cyrino de Oliveira Filho.
"Muitas vezes você tem a queimada e, em seguida, você tem ainda aquele resíduo de cinza no solo e pode haver algum escoamento quando acontece a chuva. Nossos experimentos mostraram que esta cinza quando cai na água, ela traz alguns danos e contamina a água com alguns elementos que estão presentes na cinza, trazendo alguns danos para os organismos aquáticos e alterando algumas características, alguns parâmetros da física ou química da água, como o oxigênio disponível e isto pode alterar também a sobrevivência e a manutenção dos organismos que estão presentes naquele ambiente."
Por isto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, por meio do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, o PrevFogo, desenvolve ações de estímulo às alternativas ao uso do fogo na agricultura, ensinando técnicas aos produtores rurais para substituir as queimadas. Quem dá mais detalhes é a coordenadora de Interagências do PrevFogo do Ibama, Lara Steil.
"Por exemplo, o quê que ele pode fazer para promover um pastoreio completo para o gado dele, mas sem ter que utilizar o fogo. Umas das maneiras de se fazer isto é: você vai utilizar uma técnica onde você divide o pasto em piquetes e você faz uma rotação do gado, esta é uma técnica. Uma outra técnica também é você utilizar os sistemas agroflorestais, que é uma forma de produção, aonde você vai ter plantas de pequeno porte, de médio porte, arvores e você dispensa o uso do fogo nestes casos."
Os cinco estados com mais focos de incêndio neste ano foram: Pará, Mato Grosso, Tocantins, Amazonas e Maranhão. Para os casos específicos, em que não há alternativa a não ser a queima, a Embrapa adverte que é indispensável seguir a legislação vigente, que inclui autorização dos órgãos competentes, além de se tomar as devidas precauções no momento de realização da atividade de queima. Para mais informações, acesse www.ibama.gov.br/prevfogo.
Reportagem, Cintia Moreira.