Data de publicação: 22 de Julho de 2021, 11:45h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:34h
De acordo com números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o valor da produção mineral brasileira cresceu 98% no primeiro semestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020, alcançando R$ 149 bilhões, contra R$ 75,3 bilhões no período anterior.
O aumento foi puxado pelo minério de ferro, cujo valor da produção nos seis primeiros meses deste ano somou R$ 107,5 bilhões, o que representa um aumento de 135% em relação ao valor da produção do primeiro semestre de 2020, que foi de R$ 45,8 bilhões. O segundo item a impactar positivamente no valor da produção foi o minério de ouro, cuja produção somou R$ 13,7 bilhões, um crescimento de 46%. Já o cobre, que ocupou o terceiro lugar no valor da produção, teve um crescimento de 52%, com um total de R$ 8,1 bilhões no período.
Para o presidente do Conselho Diretor do Ibram, Wilson Brumer, esse crescimento no valor da produção mineral brasileira em 2021 é explicado pelo aumento de preços de algumas commodities minerais no mercado internacional e pela valorização do dólar em relação ao real.
"De uma maneira geral, as commodities vêm sofrendo um aumento de preços. Alguns com uma certa estabilidade. Mas, ao mesmo tempo, comparado com o ano passado, essa combinação de preço de dólar leva a esse faturamento bastante expressivo", destaca Brumer.
Os preços do minério de ferro, por exemplo, tiveram um aumento de 101,5% no período, passando de uma média de US$ 91,04 por tonelada para US$ 183,43/t. O preço médio do cobre, por sua vez, aumentou 65,8%, evoluindo de US$ 5.486,91/t para US$ 9.094,61/t. Já o níquel e o alumínio aumentaram, respectivamente, 41,5% e 41,0%.
Quanto ao câmbio, a cotação do dólar em relação ao real passou de R$ 4,92 para R$ 5,38. Indagado sobre as perspectivas de crescimento da produção mineral até o final de 2021, Brumer afirmou que não se surpreenderá se o valor chegar a R$ 300 bilhões, já que acredita na manutenção dos preços – principalmente do minério de ferro – e numa taxa de câmbio não muito diferente da atual.
As exportações minerais também apresentaram bom desempenho, com uma variação positiva de 91,41% no período, passando de US$ 14,44 bilhões para US$ 27,65 bilhões. Como as importações minerais somaram US$ 3,14 bilhões, o saldo da balança comercial mineral foi de US$ 24,51 bilhões, um crescimento de 110,53%. E aqui novamente o minério de ferro foi decisivo, já que o valor das exportações passou de US$ 9,5 bilhões para US$ 21,5 bilhões, ou seja, mais 126%, embora, em tonelagem, as vendas ao exterior no período tenham registrado um crescimento de 15%. As outras substâncias minerais que tiveram crescimento nas exportações foram principalmente o cobre e o nióbio.
CFEM e investimentos
A arrecadação da CFEM (Contribuição Financeira pela Exploração Mineral), segundo o presidente-executivo do Ibram, Flávio Penido, mais do que dobrou no primeiro semestre de 2021, chegando a um valor de R$ 4,48 bilhões, o que representa um aumento de 111,7% com relação ao primeiro semestre do ano passado. O crescimento maior na arrecadação foi no estado de Minas Gerais (+134%), o que é atribuído por Penido à retomada de algumas operações que estavam suspensas. O estado do Pará, por sua vez, registrou um crescimento de 106% na arrecadação, seguido por Bahia, com 51% e Goiás (48%).
"Quatro ponto cinco bilhões em um semestre é uma substancial contribuição para os cofres públicos, principalmente dos municípios.É fácil imaginar, pelos valores apontados, a série de investimentos que é possível fazer pelos prefeituras e isso, sem dúvida, leva a uma melhora do IDH de cada município com esses investimentos. Temos municípios que são mineradores e que têm IDH maior do que o IDH do estado [Paraopebas, Canaã dos Carajás, Congonhas, Mariana, Itabira, Nova Lima e Marabá]. Demonstra o que a mineração pode trazer de benefício para os municípios", explica Penido.
Quanto a outros tributos e taxas, o Ibram informa que houve um aumento de 98% de arrecadação no período, passando de R$ 23,9 bilhões para R$ 46,9 bilhões. Já o número de empregos diretos no setor aumentou de 174.647, no início de 2020, para 192.006 até maio de 2021.