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A transição energética para fontes renováveis já está em curso em todo o mundo, mas ainda existe uma necessidade de segurança energética dos combustíveis fósseis. É o que afirma a diretora executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Fernanda Delgado, durante debate com especialistas promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), em parceria com o jornal Folha de São Paulo, para tratar do tema “Os gargalos energéticos que desafiam o crescimento brasileiro”.
“Ainda que essas fontes renováveis tenham reduzido seus custos nas últimas décadas, existe uma premência ainda dos combustíveis fósseis para a segurança energética e esse é o maior desafio para essa transição”, afirma
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a matriz energética brasileira é bem mais limpa do que a média mundial, o que faz com que o “ponto de largada” das empresas brasileiras esteja à frente de seus concorrentes internacionais no quesito emissões de carbono. No Brasil, quase metade da energia total é de fontes renováveis, enquanto na média mundial essas fontes não chegam a 15%.
A indústria da alimentação, em especial, tem uma matriz ainda mais limpa que o país como um todo, no qual mais de 90% da matriz energética é renovável. Segundo a CNI, se as emissões forem precificadas de forma justa no comércio mundial, os produtos brasileiros podem se beneficiar.
Segundo Fernanda Delgado, por decisões macroeconômicas do passado, o Brasil colhe hoje frutos de ser a quarta matriz energética mais limpa do mundo.
“25% da nossa matriz de transporte hoje são biocombustíveis. 85% da nossa matriz elétrica é composta por renováveis. Então, a tendência é que a participação de renováveis na matriz brasileira permaneça elevada, ainda que isso seja um desafio, quando se fala do sistema hidrelétrico.”
No entanto, o aumento da participação dessas fontes renováveis traz muitos desafios, segundo Fernanda.
“A grande vedete da matriz energética nacional são as hidrelétricas. Mas, de uma forma geral, elas já foram majoritariamente exploradas. Então você precisa coadunar: o crescimento econômico, o crescimento da expansão da distribuição de energia, a manutenção de uma matriz limpa e a garantia da segurança energética.”
Brasil pode ser protagonista na transição energética para uma economia de baixa carbono
No mesmo evento, a coordenadora do Boletim Macro FGV IBRE, Silvia Matos, disse que consumo de energia e crescimento econômico estão interligados.
“Mesmo com ganhos de eficiência no uso da energia, o crescimento econômico requer oferta de energia e uma infraestrutura que traga seguranças nesta oferta, tanto em termos de quantidade, como também de qualidade. E sempre é bom lembrar que qualquer necessidade de impor um racionamento de energia tem efeitos negativos severos sobre o crescimento econômico.”
Segundo ela, o Brasil só conseguiu superar a crise hídrica de 2021 porque as chuvas voltaram, houve aumento das tarifas de energia e acionamento das termelétricas.
“Nós sempre temos que lembrar que o custo tem sido muito elevado, não só nos aumento das tarifas, com reajustes extraordinários, mas também no uso de térmicas a gás, que são muito caras também. E, como já foi noticiado, vamos ter que pagar tarifas mais altas; pode ser além de 2023.”
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