Uma jovem do Jardim Araruna, em Bauru, está hoje entre os jovens selecionados para disputar uma vaga na equipe brasileira da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo. Bianca Klempe, técnica em processos gráficos formada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) pretende competir na modalidade técnica design gráfico, na Rússia.
Aos 20 anos, a jovem conta que a oportunidade de fazer um curso técnico surgiu quando ainda estava no ensino médio, que no SESI, onde estudava, era integrado à educação profissional. Entre os cursos oferecidos, o que chamou mais atenção foi o que ela já conhecia. Isso porque o pai é gráfico e Bianca cresceu vendo o trabalho desenvolvido por ele. A estudante teve que passar pela resistência do pai, que não queria que a filha ingressasse em uma área, apenas para agradá-lo.
Mas a paixão pelo design gráfico falou mais alto e toda a determinação de Bianca fez com que a família inteira apoiasse. Ela se classificou em 2017, na etapa regional e em 2018, na nacional, realizada em Goiânia. “É um processo que você tem que gostar porque é muito cansativo, você tem que se dedicar 100%”, explica a jovem, que chega a treinar durante três períodos, de segunda a sábado.
A 45ª edição da WorldSkills ocorrerá de 22 a 27 de agosto, no Centro Internacional de Exposições KAZAN EXPO, em Kazan, na Rússia. A competição é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviços.
Eles precisam demonstrar habilidades individuais e coletivas para responder aos desafios de suas ocupações dentro de padrões internacionais de qualidade. Há mais de 65 anos, a competição reúne jovens qualificados de todo o mundo, selecionados em olimpíadas de educação profissional de seus países, realizadas em etapas regionais e nacionais.
“Quando a gente começa a participar desse processo, a gente nunca imagina que é capaz de chegar muito longe. Fico muito feliz de ter chegando aonde eu cheguei e ter essa oportunidade de representar não só a minha escola, o meu estado, mas sim o país inteiro. É muito gratificante”, ressalta.
Assim como acontece com Bianca, a educação profissional impacta positivamente a vida de diversos jovens no Brasil. Em 2017, cerca de 80% dos estudantes que concluíram cursos técnicos foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano. De acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. O salário de um profissional técnico varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.
Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o país tem potencial em educação profissional. “O Brasil tem sido representado pelo SENAI e pelo Senac, que tem as ocupações mais da área do comércio e serviços, e o Brasil fica sempre entre os primeiros colocados”, afirma.
A competição
Cada jovem competidor recebe um projeto e tem uma determinada quantidade de horas para desenvolver o desafio, da melhor forma possível. Aa habilidade técnica dos participantes é posta em xeque, cada um dentro da sua modalidade. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills, e é apresentado em três módulos.
São 56 modalidades técnicas que exigem adequação aos padrões mundiais. A preparação dos participantes para a competição começa na segunda quinzena de janeiro. Eles passarão uma temporada nos centros de treinamento do SENAI, localizados em Brasília, Belém, Porto Alegre e Joinville.
Segundo o gestor do projeto Brasil Kazan 2019, José Luiz Gonçalves Leitão os jovens devem ter conhecimentos sobre desenvolvimento e desenho técnicos, metodologia, medidas, interpretação de desenho, acabamento de produto e também sobre processos. “É um jogo de tempo. Cada uma das habilidades é trabalhada exaustivamente dentro dos padrões e eles são submetidos a vários testes e exercícios, durante esse período”, destaca.
A cada edição da WorldSkills, o Brasil participa com um número maior de competidores e melhora sua classificação no quadro de medalhas. Em 18 participações, o país já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira na história do campeonato foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, o Brasil foi o primeiro do ranking de países.
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