Data de publicação: 28 de Maio de 2018, 15:30h, Atualizado em: 17 de Julho de 2020, 18:32h
Sou voluntária em um projeto muito legal que permite transformar dor em alegria, choro em risada e rancor em amor. Sou palhaça. Neste fim de semana, fui junto com outros colegas palhaços a um dos hospitais públicos aqui do Distrito Federal. Desta vez, meu plantão como “dotôra” foi na pediatria. Ali, eu e meu trio conhecemos sete crianças com lições valiosíssimas. Uma delas estava com um quadro clínico que causava muitas dores abdominais - dores na barriga. Dava pra ver nos olhinhos dela que a dor estava forte, mas ela continuava sugerindo músicas para cantarmos e rindo de nossas brincadeiras e trapalhadas. O choro só veio quando precisamos ir embora. Ela chorou muito, muito mesmo - uma mistura de dor com saudade. A mãe pediu que ficássemos só mais um pouquinho e, como ainda tínhamos um tempinho, atendemos ao pedido. Mas nada fazia aquele choro parar. Até que tive uma ideia. No meu bolso estava um nariz de palhaço que brilhava. Peguei o nariz e disse pra ela: e se você se transformar em palhaço igual a gente? A testa dela franziu e o choro começou a parar. Eu acrescentei: e olha só, você será uma palhaça ainda mais legal porque seu nariz vai iluminar todo mundo aqui. Aaaaaa, a risada foi certa! Todos no quarto - nós, a mãe, a pediatra e a enfermeira - respiraram aliviados e felizes de ver os olhos daquela princesa brilharem novamente. Foi ali que pensei como o simples fato de dar um pedacinho de si para alguém pode transformar um cenário cinza e frio em algo colorido e aconchegante. Quando fazemos isso, deixamos o outro mais iluminado e, consequentemente, somos iluminados. Essa “luz”, como chamamos, é um mix de quatro hormônios importantíssimos para a felicidade - a ocitocina, a dopamina, a serotonina e a endorfina. Esse quarteto, diminui a frequência cardíaca, melhora a circulação e relaxa os músculos, o que traz “n” benefícios à saúde. Mas você já percebeu como esquecemos desses ingredientes e colocamos transtornos, crises, greves e brigas à frente de qualquer coisa? Essas atitudes fazem com que o corpo produza adrenalina e o cortisol em excesso. Resultado: batimentos cardíacos muito elevados, péssima digestão, aumentam os níveis de açúcar no sangue, e por aí vai. A receita é simples: “rir é o melhor remédio” e adiciono, abraçar e compartilhar mais de si também.
Por Aline do Valle
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