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FERTILIZANTES: Inovação passa por bio e nanotecnologia

Segundo professor, o futuro também passa pelo desenvolvimento de processos para melhor aproveitamento dos fertilizantes potássicos de rochas silicáticas

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Segundo o doutor e prof. de Engenharia Química do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Efraim Cekinski, os principais nutrientes importados para a agricultura brasileira são o nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O). Entretanto, a taxa de importação para esses três nutrientes é diferente.

“O Brasil importa cerca de 75% de nitrogênio, 55% de fósforo e surpreendentes 95% de potássio. Metade do potássio importado vem da Rússia e de Belarus. Além disso, importamos também da Rússia 15% dos fertilizantes fosfatados e 20% dos fertilizantes nitrogenados”, explica o engenheiro.

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Atualmente, o Brasil consome perto de 45 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, o que coloca o País como quarto maior consumidor, atrás apenas de Estados Unidos, Índia e China. A grande diferença entre o Brasil e os demais grandes consumidores é que, aqui, 85% do consumo são importados, e esses outros países produzem a maior parte do que consomem. 

As reservas oficiais brasileiras de fosfato são da ordem de 5,2 bilhões de toneladas, correspondentes a 460 milhões de toneladas de P2O5 contido, porém a reserva lavrável é de 2,9 bilhões de toneladas, o que compreende 317 milhões de toneladas de P2O5 contido.

“O Brasil explora potássio atualmente em Sergipe, em uma mina relativamente pequena; possui 2,3 milhões de toneladas de K2O, se comparada com as grandes reservas do Canadá e da Rússia, por exemplo. Existe uma jazida conhecida no Estado do Amazonas, a uns 100 km de Manaus (Reserva de Autazes) que contém 800 milhões de toneladas de potássio. A questão é que a exploração dessa reserva traz muitos problemas ambientais. Desde a década de 1980, a Petrobras tenta explorar essa reserva, mas sempre esbarrou nesses problemas”, explica Cekinski.

Outra reserva está em Minas Gerais, porém, diferentemente do potássio de Sergipe e do Amazonas, solúvel e com cerca de 60% de K2O (essa é a forma de mostrar o teor de potássio), as reservas minerais no Sudeste são de potássio insolúvel proveniente de rochas silicáticas, com um teor de cerca de 10% de K2O. Portanto, além desse menor teor inicial, ainda é necessária uma etapa industrial, para transformar esse potássio insolúvel em solúvel.

Cekinski diz que hoje em dia, no setor de fertilizantes nitrogenados, o Brasil utiliza o gás natural como matéria-prima, o que torna viável a produção de amônia e/ou ureia. Existem atualmente quatro fábricas no País, mas o preço do fertilizante está fortemente associado ao preço do gás natural, portanto a evolução da indústria do gás natural ao longo do tempo influenciará a produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil.

Outra fonte de nitrogênio, utilizada principalmente na soja, é o nitrogênio do ar, por meio da sua fixação biológica. Isso é feito com a inoculação de micro-organismos na planta. Infelizmente, no estágio atual de desenvolvimento, essa técnica não pode ser utilizada em todas as culturas.

Em relação ao futuro, o professor divide as perspectivas em etapas clássicas e de inovação tecnológica. As etapas clássicas para diminuir a dependência dos fertilizantes referem-se à prospecção de novas reservas de fósforo e potássio e à exploração das reservas conhecidas e ainda não exploradas.  “A inovação nesse setor passa por utilizar a biotecnologia e a nanotecnologia para desenvolver novos produtos, e por processos que podem melhorar a absorção dos nutrientes pelas plantas ou fixar o nitrogênio do ar, pela utilização de fertilizantes orgânicos e organominerais, reciclagem de resíduos das indústrias produtoras de fosfato e pelo desenvolvimento de processos para melhor aproveitamento dos fertilizantes potássicos com origem em rochas silicáticas, entre outros”, conclui o especialista.

 

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