Exames de ressonância magnética são “queridinhos” dos planos de saúde, no país

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A promoção de saúde preventiva nas empresas, nas indústrias, ou seja, na iniciativa privada é importante para o bem-estar da população, já que cerca de 80% dos planos contratados no país são oferecidos pelos patrões como benefícios aos empregados.

Mas a assistência oferecida pelos planos de saúde não privilegia o vínculo entre paciente e médicos tornando o acompanhamento e a prevenção de doenças ineficazes.

O gerente Executivo de Saúde e Segurança da Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda, ressalta que a dinâmica usada pelas operadoras dos planos de saúde é pautada por volume, pela quantidade exagerada de exames e procedimentos na rede de assistência privada.

Ele explica que essa dinâmica não contribui para a promoção da saúde dos trabalhadores e ainda aumenta os custos para quem paga pelos planos.

“O valor em saúde é uma combinação de custos com valor em saúde do beneficiário. E isso tem a ver com a mudança do sistema de remuneração de financiamento do sistema da saúde suplementar. Quando indicadores mostram que o Brasil é campeão de utilização de exames de ressonância magnética, isso representa que muito disso é desperdício. Então, tem um sistema que incentiva o volume, a utilização e, não necessariamente, acompanhado de eficiência, de resultado.”

As operadoras de planos de saúde registraram 132 pedidos de ressonâncias magnéticas para cada grupo de mil beneficiários, no país, de acordo com dados registrados pela ANS, em 2013.

O número é quase três vezes maior em comparação aos pedidos do mesmo exame registrados nos demais países da Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico, que tiveram média de 52 exames de ressonância magnética para cada grupo de mil beneficiários de planos de saúde.

Para o gerente Executivo de Saúde e Segurança da Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda, as informações disponibilizadas sobre o uso dos planos coletivos ainda são poucas.

Ele alerta que o setor carece de maior transparência de dados que possam auxiliar as empresas contratantes planejar melhor as ações de promoção de saúde junto aos trabalhadores.

“O setor é complexo no sentindo que existem outros atores na cadeia de saúde envolvidos, não só as asseguradoras e as empresas contratantes. Tem o usuário, mas também tem a rede assistencial envolvida, o ambiente regulatório. É necessário que se tenha uma padronização de dados e informações no sistema da saúde suplementar, que tenha padrões para reduzir e dar mais eficiência a questão da gestão por parte das empresas.”

Em oito anos, os custos médico hospitalares gastos no Brasil cresceram mais de 230%. Apenas no ano de 2016, os gastos foram de mais de 20%, enquanto a inflação registrada no período foi de pouco mais de seis por cento.

Reportagem, Cristiano Carlos

 

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