Foto: Suzan Amoras
Foto: Suzan Amoras

Diálogos Amazônicos: parceria entre MIDR e BioTec resulta em centros de desenvolvimento em estados da Amazônia

Centro já funciona no Pará, em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará. Próximo estado a receber um centro de desenvolvimento será o Amapá, como foco nos setores farmacêutico, de biocombustíveis, alimentício e de cosméticos

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O ministro Waldez Góes destacou, na tarde dessa segunda-feira (7), em Belém (PA), a parceria entre o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e a BioTec-Amazônia, centro de inteligência em bioeconomia que promove o uso sustentável da biodiversidade estadual e regional, aliando demandas empresariais e o conhecimento científico e tecnológico.

A primeira parceria do MIDR com a BioTec, que também envolve a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), contempla a criação, no Pará, de Centros de Desenvolvimento Regional (CDR) nas áreas de biotecnologia e bioeconomia. Foram investidos R$ 3,44 milhões no projeto, que se encontra em execução.

Os centros atualmente desenvolvem pesquisa e prestação de serviço dentro da área de tecnologia das matérias-primas da Amazônia. São produzidos, entre outros, extratos de tucumã, açaí, jambu, bacaba e cipó-pucá. Um dos produtos gerados pela extração supercrítica, torta desengordurada tem alto valor agregado, pois é livre de solvente, obtida por processos com condições amenas que minimizam a ocorrência de degradação dos compostos bioativos.

“Esta é uma iniciativa que tem muito a beneficiar o Pará e outros estados da Região Amazônica. Nossa ideia é ampliar o projeto para outras unidades da federação”, afirmou o ministro. “Não podemos ter apenas tecnologia para agricultura empresarial e não ter tecnologia para agricultura familiar. O Brasil é o maior produtor de alimentos do mundo. Milhões de pessoas passaram fome, essas contradições a gente tem que assumir e corrigir”, ressaltou.

Amapá

Outro acordo firmado entre o MIDR e a BioTec é para a implantação de CDRs no estado do Amapá. O projeto vai contemplar os setores farmacêutico, de biocombustíveis, alimentício e de cosméticos. Entre os objetivos está o fortalecimento das cadeias produtivas do açaí, cacau, palma de óleo, mandioca e pescado, envolvendo certificação, engenharia genética, rastreabilidade e novas tecnologias, entre outros serviços.

“Esse acordo vai garantir que a BioTec-Amazônia se instale no Amapá. Nós, do MIDR, já começamos a estruturar as cadeias do pescado e do açaí no estado e, em breve, faremos o mesmo com os laticínios e o mel. A BioTec será responsável por fazer a relação entre a iniciativa privada e as instituições de pesquisas e universidades. Assim, sairemos da fase de pesquisas básicas e partiremos para as pesquisas aplicadas, para assim construir ferramentas que serão importantes para a geração de emprego e renda na região", observou o ministro.

A parceria com a BioTec-Amazônia integra o Programa de Bioeconomia para o Desenvolvimento Regional (BioRegio), que se encontra em fase de consulta pública. A iniciativa visa incentivar a inovação, o investimento e a geração de emprego e renda a partir da bioeconomia, especialmente nos biomas Amazônia, Caatinga e Cerrado.

Ainda em 2023, por intermédio de emenda parlamentar, está prevista a celebração de novo instrumento de repasse entre o MIDR e a BioTec, voltado à capacitação de produtores de cacau do Xingu, no Pará, sub-região prioritária da Política Nacional de Desenvolvimento Regional. O projeto beneficiará diretamente mais de 700 produtores e receberá recursos de R$ 2,4 milhões.

Cadeias produtivas da Amazônia

As declarações do ministro Waldez Góes foram dadas durante o evento Rastreabilidade e Certificação das Cadeias Produtivas da Amazônia, promovido pela BioTec-Amazônia em paralelo aos Diálogos Amazônicos. Durante o encontro, a organização amazônica apresentou projetos de certificação que estão em estudo, como o selo verde de apoio e divulgação de certificação e registrabilidade para produtos de origem vegetal e animal, entre outros.

Outra iniciativa é o selo Green Gold, que vai certificar o ouro produzido na Região Amazônica desde sua origem até o cliente final. De acordo com a proposta, a certificação e rastreabilidade do ouro produzido nos países que compõe a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – faz parte de um compromisso para a preservação do meio ambiente assumido em um tratado de julho de 1978.

“A BioTec-Amazônia instituiu o Joia-Tec, laboratório criado especificamente para certificação e rastreabilidade do ouro na Amazônia, no qual encontramos tecnologias digitais e de microanálises, feitas para solucionar e mitigar o processo de certificação”, explicou o coordenador do selo Green Gold, Mauricio Favacho.

Outro projeto apresentado durante o evento foi a proposta de certificação e rastreabilidade de animais, que visa o aumento da competitividade da venda de carne para o mercado internacional. “A certificação e a rastreabilidade colocam nosso produto em mercados competitivo, como o europeu, que exige isso há 30 anos, mas também permite que o pequeno produtor consiga se manter no mercado, pois ele vai adotar algumas práticas simples de serem executadas”, explicou o diretor técnico da BioTec-Amazônia, Artur Silva.

Segundo o diretor, a proposta deve ser implementada no CDR Amapá e vai priorizar a pecuária sustentável. “Esse sistema vai ser o piloto, pois vai rodar agora oficialmente no estado do Amapá. É o primeiro estado que vai ter um boi realmente de origem verde, um boi certificado, seguindo os padrões internacionais, aceitos em qualquer lugar do mundo”, afirmou Silva.

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