LOC.: Para muita gente, final de semana é sinônimo de tomar uma cervejinha. De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro do Fígado, uma em cada três pessoas adultas consome álcool pelo menos uma vez por semana no Brasil. Entre os pesquisados pelo instituto, cerca de 17% disse que aumentou o consumo de álcool na pandemia e quase 19% assumiu consumo abusivo.
O servidor público Gustavo Menezes se orgulha de não fazer mais parte desse número. Há mais de mil dias já não consome bebida alcoólica. Mas dos seus 47 anos de idade, 32 deles foram enfrentando problemas com álcool. Ele começou bebendo aos 11 anos.
TEC./SONORA: Gustavo Menezes, servidor público, adicto
“E eu cresci desse jeito. levei minha vida toda. Eu só fui ter a mente aberta para curar do alcoolismo já agora nessa última fase da minha vida quando eu não tinha mais forças para lutar. O álcool realmente tinha dominado minha vida e eu estava quase a ponto de parar nas ruas.”
LOC.: A assistente social Kelma Jaqueline estudou o consumo excessivo de álcool no ambiente do trabalho em seu doutorado. Ela percebe que o tema ainda é um tabu na sociedade e que a existência de espaços de escuta são muito importantes. Kelma explica que não há um fator específico que indique que a pessoa se tornará um alcoolista.
A Organização Mundial de Saúde classifica o problema como uma doença complexa. Fatores biológicos, sociais, psicológicos e ambientais podem ter influência sobre o consumo problemático de álcool. A assistente social comenta que o processo de reconhecimento da condição é complexo, pois na maioria das vezes o sujeito nega o problema.
TEC./SONORA: Kelma Jackeline, doutora em Psicologia
“Para ele o uso está controlado e é o famoso: ‘paro na hora que eu quiser’. Mas na realidade essa negação é característica da própria doença, da própria pessoa que vivencia já esse processo de adoecimento do alcoolismo, porque a pessoa não quer abrir mão daquela substância que traz a ele prazer, bem-estar, relaxamento, alívio de dores psíquicas, de dores físicas. Então, reconhecer-se como alcoolista é um processo muitas das vezes longo e que deixa as famílias, de forma geral, em uma situação de vulnerabilidade emocional extrema.”
LOC.: Esse foi o caso de Gustavo. Ele conta que já passou por muitos problemas com a família. Mas, hoje, com filhos, procura manter os riscos do álcool afastados de sua casa. No processo de recuperação, ele participou de reuniões de grupo de apoio diariamente. Ainda hoje participa dos encontros e procura levar mensagens de motivação para ajudar outros adictos, como são nomeadas as pessoas com problemas com álcool nos grupos de apoio. No dia 18 de fevereiro, o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. O Grupo Alcoólicos Anônimos tem mais de 5 mil unidades pelo Brasil.
Reportagem, Angélica Cordova