Aluno do SENAI Palhoça (SC) disputa vaga na maior competição mundial de profissões técnicas

Gabriel Hoffmann, de 21 anos, deve estar entre os 63 brasileiros que vão disputar o torneio na cidade de Kazan

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Por Pedro Marra,

A paixão por avião e o sonho de ser piloto fizeram Gabriel Hoffmann, de 21 anos, ganhar as etapas seletivas escolar e estadual da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo. O aluno do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Palhoça (SC) vai disputar uma vaga entre 57 competidores do SENAI na equipe brasileira na modalidade de manutenção de aeronaves. Pode ser o primeiro mundial dele, que vai ocorrer em agosto deste ano no Centro Internacional de Exposições Kazan Expo em Kazan, na Rússia. A delegação brasileira ainda aguarda a seleção de seis competidores do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), totalizando 63 brasileiros disputando o torneio.

Gabriel terá um período de treinamentos para a etapa mundial a partir do dia 13 de janeiro, em Brasília (DF). Ele enaltece o apoio do SENAI e adianta que vai levar a competição a sério. “Sobre o SENAI, tenho nem o que te falar. Porque desde o começo dão todo o suporte com treinador para a gente a treinar. A gente vê que não é um negócio de brincadeira, ‘ah, é só uma competição’. A gente está indo representar o nosso País, nossa escola, nosso estado e a gente em si. Isso agrega muito valor. Acho que não é nem a questão de ganhar medalha, é representar o nosso país. Mostrar para o pessoal lá de fora que a gente não vai para brincar”, comenta ele, animado com a possibilidade de participar da competição.

Gabriel recebe auxílio do também instrutor Rafael, num helicóptero do galpão 'Hangar', no SENAI de Palhoça (SC) /  Foto: arquivo pessoal

O jovem pretende driblar o nervosismo aproveitando o período de treinamentos. “No momento, estou nervoso, mas não penso muito nisso porque o treinamento, com certeza, vai ser mais puxado do que foi até agora. Nas provas que têm um processo a ser seguido, eu me dou muito bem. Nas provas de criatividade, vou treinar um pouco mais para melhorar esse meu lado”, esclarece.

O instrutor de Gabriel será Rodrigo Campos, de 26 anos, que é instrutor do rapaz desde 2016 e que, se tudo der certo, deve viajar com o competidor para Rússia como expert na modalidade de manutenção de aeronaves. Experiência para ajudar Gabriel não vai faltar para Rodrigo, que já foi campeão da WorldSkills por equipe em 2015, em São Paulo. Ele também trabalhou com o treinamento de motores na Flórida, nos Estados Unidos, parte elétrica em Kuopio, na Finlândia e com o uso de células nas aeronaves da marinha inglesa, em Portsmouth.

Após esse período, Rodrigo chamou Gabriel para serviços terceirizados de seis meses em aeroclubes e até no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, para trabalhar com a manutenção de aviões e helicópteros. No sétimo semestre de engenharia de produção, Rodrigo treina o competidor oito horas por dia, de segunda a sexta-feira e comenta a evolução de Gabriel com essa parceria.

"O Gabriel foi uma pessoa que, em pouco tempo, eu vi grandes mudanças. Vi ele buscar mais as coisas. Ele era um pouco mais fechado. Então a parte da comunicação evoluiu muito também. Um dos fatores prejudiciais na WorldSkills é tu deixar o competidor muito mal-acostumado, sempre dando as informações pra ele. Aí mudou alguma coisa, e precisa buscar no manual aquela informação que ele não conhece, aí às vezes ele dá uma travada. É até um exercício, no nosso plano de ação, dele procurar essas coisas sozinho", analisa.

Gabriel manuseia turbo-hélice da aeronave ao fundo, que pertence a Força Aérea Brasileira (FAB) / Foto: arquivo pessoal

Conheça a WorldSkills

A WorldSkills é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades de acordo com as profissões técnicas da indústria e do setor de serviço. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills, com três módulos.

Os jovens também vão precisar demonstrar habilidades individuais e coletivas para concluírem os desafios de suas ocupações dentro de 6 horas. Se ganhar uma vaga na equipe brasileira, durante os quatro dias de competição, Gabriel e os outros competidores terão, no máximo, 22 horas para entregarem o projeto. Em 18 participações, o Brasil já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira na história foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, a equipe ficou em primeiro no ranking por países.

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