Aluno do SENAI de SP deve brigar por ouro em refrigeração e ar-condicionado no mundial das profissões, na Rússia

Competição vai ocorrer de 22 a 27 de agosto, em Kazan

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Por Aline Dias

Com muito esforço e dedicação, Ítalo Silva Cruz, 19 anos, conseguiu chegar onde mais desejou. Ele está hoje entre os jovens selecionados para disputar uma vaga na equipe brasileira da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo, na Rússia. Ítalo é morador do Parque São Lucas, na Zona Leste de São Paulo e tem esperança de trazer para o Brasil a quinta medalha de ouro na modalidade refrigeração e ar-condicionado. A ocupação, junto com soldagem, joalheria e manufatura integrada, está entre as profissões em que os brasileiros tradicionalmente são os melhores do mundo.

Crédito: Divulgação/SENAI

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O técnico em refrigeração e climatização, formado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), mora com a mãe, que é manicure, e o pai, que trabalha com climatização. Segundo Ítalo, o gosto pela área vem de família e tem um importante significado. É que o pai e a mãe se conheceram quando trabalharam juntos em uma empresa de refrigeração, na Bahia, onde viviam, em 1996. A mãe era recepcionista, na época, e o pai, o novo mecânico de refrigeração. O romance deu certo. Mais tarde, Ítalo nasceu e logo a família se mudou para São Paulo em busca de uma vida melhor.

E foi exatamente isso que incentivou o jovem a ingressar na área técnica. Aos 15 anos, fez seu primeiro curso, de elétrica básica. Em seguida, ingressou no curso técnico, que, de acordo com Ítalo, começou a mudar a sua vida e trazer expectativas de um futuro melhor, com mais qualidade de vida. “Queria aprender uma profissão para quando eu saísse do ensino médio já estar bem encaminhado no mercado de trabalho. Isso é muito importante nos dias de hoje”, ressalta.

Os treinamentos para as Olimpíadas do Conhecimento começaram ainda em 2016. Eram oito horas diárias de muita dedicação, mas que valeram a pena. Ítalo se classificou em 2017, na etapa regional, e, no ano passado, passou pela nacional, em Pernambuco.

A última etapa para a preparação de Ítalo para o mundial na Rússia está sendo em Brasília, junto com aproximadamente 50 jovens. Representantes de algumas modalidades irão se preparar também nos centros de treinamento do SENAI localizados em Belém, Porto Alegre e Joinville, em Santa Catarina. “Eu espero treinar muito, trabalhar muito, evoluir a cada dia e chegar lá e fazer o meu melhor trabalho. Quando o processo acabar, tenho certeza que eu serei um profissional diferenciado na área”, afirma.

A 45ª edição da WorldSkills ocorrerá de 22 a 27 de agosto, no Centro Internacional de Exposições KAZAN EXPO em Kazan, na Rússia. A competição é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviços.

Educação Profissional
Assim como tem servido para Ítalo, a educação profissional impacta positivamente a vida de diversos jovens no Brasil. Em 2017, cerca de 80% dos estudantes que concluíram cursos técnicos foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano. De acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. O salário de um profissional técnico varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.

Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o país tem potencial em educação profissional. “O Brasil tem sido representado pelo SENAI e pelo Senac, que tem as ocupações mais da área do comércio e serviços, e o Brasil fica sempre entre os primeiros colocados”, afirma.

A competição


Há mais de 65 anos, a WorldSkills reúne jovens qualificados de todo o mundo, selecionados em olimpíadas de educação profissional de seus países, realizadas em etapas regionais e nacionais. Cada jovem competidor recebe um projeto e tem uma determinada quantidade de horas para desenvolver o desafio, da melhor forma possível. A habilidade técnica dos participantes é posta em xeque, cada um dentro da sua modalidade. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da competição, com três módulos.

São 56 modalidades técnicas que exigem adequação aos padrões mundiais. Segundo o gestor do projeto Brasil Kazan 2019, José Luiz Gonçalves Leitão os jovens devem ter conhecimentos sobre desenvolvimento e desenho técnicos, metodologia, medidas, interpretação de desenho, acabamento de produto e também sobre processos. “É um jogo de tempo. Cada uma das habilidades é trabalhada exaustivamente dentro dos padrões e eles são submetidos a vários testes, exercícios, durante esse período”, destaca.

A cada edição da WorldSkills, o Brasil participa com um número maior de competidores e melhora sua classificação no quadro de medalhas. Em 18 participações, o país já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira na história do campeonato foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, o Brasil foi o primeiro do ranking de países.

Crédito: Agência do Rádio Mais
 

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