ACRE: Apenas 5,5% dos estudantes de engenharia terminam curso superior

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Por Cristiano Carlos

A população espera que o país possa caminhar rumo ao crescimento econômico e à geração de empregos, a partir do próximo ano. Para isso, os governantes eleitos, em 2018, vão precisar adotar medidas capazes de fortalecer os setores produtivos, como as indústrias e empresas, com investimentos em inovação tecnológica e na capacitação dos trabalhadores.

A modernização precisa ser estimulada como forma de tornar as indústrias brasileiras competitivas no mercado internacional e, sendo assim, provedoras de renda e empregos nos estados.

Divulgação Internet

Nesse sentido, entidades e especialistas defendem o fortalecimento da engenharia, profissão central nos processos de desenvolvimento do país. São os engenheiros que exercem o notável dever da inovação tecnológica e científica, criam e executam obras, serviços, máquinas, peças, sistemas elétricos, de telecomunicações e de dados, entre outras infinidades de atribuições - “Inclusive porque há uma correlação entre PIB e energia elétrica. O PIB aumenta 2% a demanda pela energia elétrica aumenta 3%. Precisamos nos preparar, porque se crescer demais não vai ter engenheiro, não vai ter geração, não vai ter transmissão que é fundamental para o crescimento do país” - explica o especialista em Engenharia da Universidade Federal do Acre, Elieser Júnior.

Ensino Superior

As instituições públicas e privadas de educação superior registraram expressivo aumento no número de matrículas nos cursos de engenharia, em todos os estados. As universidades públicas tiveram aumento de 128% nas matrículas e a adesão aos cursos de engenharia nas faculdades particulares saltou em 395%, entre os anos de 2005 e 2015.

No entanto, o número de alunos que terminam o curso de engenharia é baixo por conta da evasão. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o INEP, publicados pelo Ministério da Educação, mostram que 2,1 mil alunos fizeram matrículas em nove cursos de engenharias oferecidos por instituições públicas e particulares de ensino superior no Acre, em 2017. Deste total, apenas 680 alunos acreanos ingressaram nos cursos e 447 desistiram da graduação antes da formatura. Os alunos formandos foram apenas 120.

Além disso, a falta de interesse do estudante pelas ciências exatas, como matemática e física, no Ensino Médio, pode ser fator influenciador para a escolha dos jovens pelas engenharias - “O que a gente faz aqui timidamente são visitas em algumas poucas escolas de Ensino Médio para falar sobre a profissão, com a tentativa de estimular alguns jovens a virem fazer cursos de engenharia” - relata Elieser Júnior.

Apagão

Do total de 120 estudantes formados em engenharia no Acre, 83 concluíram o curso em faculdades públicas e 37 em instituições privadas. Os números correspondem a pouco mais de 17% em comparação com a quantidade de vagas oferecidas em todos os cursos de engenharia do estado, que, em 2017, foi de 688.

O Brasil tem cerca de cinco engenheiros formados para cada grupo de 10 mil habitantes, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O número é baixo se comparado com países desenvolvidos, que têm cerca de 20 profissionais para cada grupo de 10 mil habitantes, ou seja, a quantidade de engenheiros brasileiros é quatro vezes menor em comparação com a média proporcional da Finlândia, país europeu com cerca de seis milhões de pessoas, mesmo número de habitantes da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo.

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Os dados da entidade revelam ainda que o Brasil tem escassez de doutores e mestres de engenharia - “A gente tem de quatro a seis vezes menos doutores em engenharia do que nos países europeus e cerca de um terço do registrado nos Estados Unidos” - alerta a Diretora de Inovação da CNI e Superintendente Nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Gianna Sagazio.

Futuro

O engenheiro brasileiro precisa contar com cursos modernos capazes de preparar os profissionais de acordo com as inovações tecnológicas. As escolas superiores devem também treinar os estudantes das engenharias para resolução de problemas, elaboração de planejamentos de gestão, de empreendedorismo, de gerenciamento de crises e incertezas, com pensamento crítico e estruturado. Essas sugestões estão no estudo “Ensino de engenharia: fortalecimento e modernização”, que compõe uma série de 43 documentos entregues pela CNI aos candidatos à presidência da República, para as Eleições de 2018.

Além disso, a CNI sugere a ampliação e a integração dos cursos de engenharias com o setor produtivo; a adoção do modelo híbrido de ensino com uso da tecnologia digital; aprimoração das avaliações dos programas educacionais do ensino de engenharia; o incentivo e direcionamento dos engenheiros aos cursos de mostrados; capacitação e estruturação de programas de premiação aos docentes, que atuem com esforços para a cooperação entre universidades e setor produtivo - “Não cabe mais a gente continuar com o ensino de engenharia nas universidades da forma como ele era dado há 30, 40 anos. Se não tivermos engenheiros e engenheiras preparados para os impactos, que nós já estamos vivendo, não conseguiremos ser um país competitivo” - conclui Sagazio.

Propostas da Indústria

As propostas da indústria para as eleições 2018 foram elaboradas com dados do Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, que aponta as ações necessárias para o crescimento econômico do país, nos próximos quatro anos.

O estudo da CNI traz sugestões nas áreas de infraestrutura, meio ambiente, segurança pública, eficiência do estado, segurança jurídica, financiamento e inovação, entre outros.

ARB Mais

 

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