#41 Pausa para Saúde: Arroz com feijão ou feijão com arroz?

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Olá, muito bem-vindo a mais um Pausa para Saúde. Como vai sua semana? Eu Aline do Valle e o querido Janary Damacena – que está aqui ao meu lado – esperamos que esteja tudo bem. Hoje é dia de falar de um casal maravilhoso. Sabe aquele relacionamento perfeito, tão perfeito que pede até uma música. Fabrício Lázaro, ajuda a gente.
 
Mas antes que você ache que sintonizou no Podcast errado, segura! Porque o assunto é Arroz com Feijão - essa dupla maravilhosa que faz parte do prato dos brasileiros quase todos os dias. E sabiam que somos um povo com muita sorte? Porque essa simples combinação faz muito, mas muito bem pra saúde.
 
Mas Aline, sabia que essa dobradinha – feijão com arroz ou arroz com feijão – tem desaparecido do prato do brasileiro? Acontece que com a correria diária, grande parte da população acaba desistindo da comida de verdade – que, na maioria das mesas brasileiras, é o arroz e o feijão.  E foi exatamente por isso que a gente recebeu a missão de relembrar a você que nos ouve da importância desse casal que, como a gente já disse, tem muitos benefícios.
 
E a gente não está só adivinhando não! Temos dois especialistas aqui para falar com mais propriedade: é o médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Durval Ribas Filho, e a técnica da equipe de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde Ana Maria Cavalcante. E a gente começa com a Ana.
 
 “É. É verdade sim, Aline. A combinação feijão com arroz ela é realmente é a realidade alimentar da imensa maioria dos brasileiros que privilegiam o consumo de alimento in natura ou minimamente processados. E essa dobradinha feijão com arroz ou arroz com feijão realmente é uma alimentação saudável, né? Porque ela combina alimentos do grupo do arroz – que aí tem outros exemplos como o milho e outros cereais – e do grupo do feijão – que aí inclua as ervilhas, o grão-de-bico... então, é uma alimentação saudável sim”.
 
Muito legal, Ana. E a agora a gente chama o médico nutrólogo Durval Ribas Filho que está lá em São Paulo e vai participar com a gente por telefone. Inclusive ele já esteve presente outras vezes aqui no nosso Pausa para Saúde.
 
Olá, doutor Durval.
 
 “Olá Aline, olá Janary...esse programa Pausa pra Saúde está trazendo no tema o que a gente diz: a mistura que dá certo. É isso mesmo porque arroz com feijão é uma mistura maravilhosa. É uma combinação que é rica em carboidrato – que é um componente energético – e o feijão, que é uma proteína de origem vegetal de boa qualidade. Então você vê: é um carboidrato (que nós precisamos) e quando a gente faz arroz com feijão, sempre coloca um pouquinho de óleo. E óleo é gordura. Portanto tem na verdade, tem os três chamados micronutrientes que todos nós precisamos na nossa alimentação, no nosso cotidiano alimentar. Por isso, realmente é uma mistura que dá certo. Né, Aline?
 
Mas antes que você pense em eliminar os outros componentes do seu almoço, ou da janta. Espere! Porque apesar do feijão e do arroz juntos terem todos os macronutrientes, como o Durval falou. A gente também precisa dos micronutrientes: as vitaminas e os minerais que estão nas saladas, nas frutas... É por isso que dispensar uma boa salada e ficar só com a dupla arroz-feijão, não é uma boa escolha. As folhas, vegetais, legumes são pra lá de essenciais.
 
Então agora é hora de entender porque esse casal funciona tão bem. A gente vai entrar no mundo microscópico do feijão com arroz. E ninguém melhor do que o Durval para explicar qual é segredo dessa “união”, que ele chama de mistura perfeita. 
 
 “A proteína do arroz é pobre em um aminoácido que chama lisina. Em compensação, a proteína do feijão é rica nesse aminoácido. Por outro lado, olha que interessante: a proteína do feijão é deficiente em metionina – que é um outro aminoácido. E o arroz é rico em metionina. Então veja que interessante essa mistura. Quer dizer: os dois juntos é que dão certo. Porque a quantidade de aminoácidos que um não tem, o outro tem [e vice-versa]. Por isso que é uma mistura maravilhosa, perfeita. E que deveria fazer parte do nosso cotidiano alimentar. Infelizmente a gente está aí deixando de lado”.
 
Viram só? É o mesmo o casal perfeito. Dá até pra fazer elogios usando essa analogia. Se você conhece um casal de amigos, ou familiares dá certo, use o elogio: “ vocês são igual arroz e feijão”. Piada ruim, mas cheia de significado, né?
 
O doutor Durval reforçou um fato que a gente mencionou logo no início do programa: estamos deixando a dobradinha feijão com arroz de lado. As vezes pela monotonia do prato, ou pela falta de tempo... Por isso, a Ana que está aqui com a gente no estúdio, vai dar mostrar formas de variar o cardápio e deixar a refeição ainda mais saudável. Contigo Ana.
 
 “Então por que é saudável, né? Porque a gente considera não só a dobradinha arroz com feijão, mas a possibilidade de variedades de tipos de arroz, feijão e outras leguminosas pra compor essa refeição. Então por exemplo: junto com o arroz eu posso utilizar o arroz, o milho, derivados do trigo...E junto com o feijão, eu tenho as possibilidades dos tipos de feijão: feijão branco, feijão fradinho, ervilhas lentilhas... E as formas de preparo também. Então só o arroz com feijão pura e simplesmente. Mas no Brasil, por exemplo na região Norte é muito comum o arroz com Jambu; aqui no Centro-Oeste o arroz com Pequi... E os derivados também do feijão, né? Como tutu à mineira, feijão tropeiro, feijoada, sopa de feijão, acarajé. Então, quer dizer: não só a dobradinha arroz com feijão pura e simplesmente, mas toda a variedade que esses alimentos trazem pra mesa do brasileiro. Por isso que é tão importante essa composição na nossa cultura”.
 
E a boa notícia é que a gente não precisa se preocupar com as calorias. Bom, pelo menos não precisamos cortar a dobradinha da dieta. Explica melhor pra gente, Durval.
 
“A quantidade de calorias também não é muito grande não, viu? O feijão é uma proteína vegetal que tem vitamina, tem potássio, ferro, magnésio, fibras. Mas em torno de 100 gramas, tem praticamente 70 calorias. Então não é uma coisa muito grande, tá certo? Enquanto que o arroz tem em torno de 100, 120 calorias 100 gramas. Além de ser um prato maravilhoso, gostoso, saboroso. Ainda bem quando é feito na hora – aquele feijãozinho gostoso – o teor calórico não é excessivo”.
 
Mas ultimamente tá na moda a gente se preocupar com o índice glicêmico dos alimentos, as calorias nem preocupam tanto assim. Não é mesmo Durval?
 
“Isso. É uma boa colocação, Aline. As vezes a gente ouve aí alguns termos técnicos, mas o que que é o índice glicêmico? Ele se relaciona com a quantidade de açúcar no sangue depois que você ingere um determinado carboidrato, um determinado alimento. Então, o arroz ele tem um alto índice glicêmico. Portanto tem que ter cuidado. Mas aí você mistura com o feijão. O feijão tem um baixo índice glicêmico. Ele não aumenta muito açúcar no sangue. Esse junção – arroz com feijão – faz com que o índice glicêmico fique intermediário, o que é saudável. Você que interessante essa mistura! ”.
 
Demais! E a gente até aproveitar pra dar a dica: come feijão com arroz ao invés de arroz com feijão. Deu pra entender? Fácil: coloque mais feijão do que arroz no prato.
 
E é bom a gente lembrar que nosso país tem uma variedade imensa de arroz e feijão: tem arroz branco, integral, parbolizado, preto. Feijão branco, carioca, preto, vermelho, fradinho ou de corda... E por aí vai. A gente pode ficar à vontade nas escolhas, viu?  A dica é: na hora de escolher arroz, prefira ou o integral ou o parbolizado. Que, em termos nutricionais, são melhores. Lembrando que o arroz branco passa por processos químicos e nessa, os nutrientes são minimizados. Agora, os feijões não têm diferenças assim.
 
Bem lembrado, Janary. Mas se você só tem a opção de arroz branco, fique tranquilo. Existem formas de turbinar o alimento, talvez uma cenourinha...Não é mesmo, Ana?
 
 “Tem! Sem dúvida. Então a criatividade e a habilidade na hora do cozinhar faz toda a diferença. Então, como eu disse, a nossa culinária é bastante diversa. E de norte a sul do país eu tenho uma imensa variedade de pratos típicos como, por exemplo, o arroz com pequi, o arroz com jambu... e no dia a dia eu posso combinar alimentos e tornar a refeição mais colorida. Por exemplo, arroz com cenoura como você falou, o arroz com beterraba... Ou com outros cereais, arroz misturado com milho. Bom são muitas as possibilidades. Poderíamos passar o programa inteiro falando  de habilidades culinárias pra tornar o arroz com feijão um prato diferente. E a mesma forma o feijão, né?”
 
Feijão tem muitos. Lá no Pará, por exemplo, de onde eu venho tem a fava [fala um pouco do feijão]. E aí a gente prepara de todas as formas
 
É assunto que não acaba mais! Mas, infelizmente, a gente tem que acabar o programa. Doutor Durval, hora das palavras finais. Qual o recado que você nos dá?
 
“Eu acho que as pessoas aí do Pausa pra Saúde que estão nos ouvindo – Aline e Janary – acho que deveriam pensar um pouco mais. Se estão abandonando o prato arroz com feijão, não façam isso. Porque é uma mistura perfeita. É uma mistura que efetivamente dá certo. É uma dica que eu estou dando então aos ouvintes, né? Aline e Janary nesse programa aí Pausa para a Saúde”.
 
Tá certo, doutor. Como sempre, um prazer conversar com o senhor, viu? Ana, sua mensagem final.
 
 “Na verdade, a dica que a gente dá é sempre retomar o que que a gente precisa ter em mente pra ter uma alimentação saudável. Que é fazer de alimentos in-natura e alimentos minimamente processados a base da nossa alimentação. E combinar, na medida do possível, a grande variedade de alimentos que nós temos no bioma brasileiro, né?”
 
Isso aí. Ana. E a gente aproveita o programa para lembrar aos ouvintes do Guia Alimentar para a População Brasileira que está disponível gratuitamente no nosso site: saude.gov.br. mas se você digitar Guia Alimentar para a População Brasileira no seu buscador, você consegue o acesso também. 
 
Ana, Durval, muito obrigada pela participação de vocês hoje. Foi muito legal e deu até mais vontade de comer feijão e arroz! E a gente chega ao final desta edição do Pausa para Saúde. Para você que nos ouve, um ótimo restante de semana. E se você quiser ouvir outros programas e acompanhar nosso Podcast de perto é só ficar e olho nas nossas redes sociais. Facebook.com/minsaude e pelo twitter, @minsaude.
 
Ah, e participar do nosso programa é fácil, basta enviar uma mensagem pro nosso WhatsApp pelo telefone (61) 9-9288-9677. Mande em formato dizendo formato de áudio dizendo o seu nome, cidade e estado. Exemplo: Meu nome é Janary Damacena, sou de Brasília, Distrito Federal. E então, fale sua dúvida ou sugestão de tema para o Podcast.  Lembrando: nosso telefone é (61) 9-9288-9677.
 
 

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