Data de publicação: 24 de Dezembro de 2016, 09:20h, Atualizado em: 17 de Julho de 2020, 18:31h
LOC: Talvez você não saiba, mas o mosquito causador da Dengue, Zika e Chikungunya já foi erradicado do Brasil nos anos 50. O mesmo mosquito transmissor era responsável pelo surto de Febre Amarela em nosso país. Na época, também houve uma campanha muito grande para combater a doença, inclusive com o uso de um potente inseticida, o DDT, que causava desequilíbrio ecológico. O inseticida era tão tóxico que, atualmente, é proibido no mundo todo. Naquela época as pessoas não viajavam tanto, e também menos gente ia ou vinha do exterior. O especialista em doenças tropicais e Diretor do Instituto Evandro Chagas, no Pará, Pedro da Costa Vasconcelos, relembra a história do mosquito no Brasil.
TEC/SONORA: Pedro da Costa Vasconcelos, especialista em doenças tropicais
“As grandes epidemias de febre amarela ocorreram na capital. No caso no século 19, já no Rio de Janeiro, foram epidemias impactantes, na virada do século,ainda o Rio sendo a capital. Nesse período, no início do século XX foi que o Osvaldo Cruz foi contratado para ficar à frente do combate ao mosquito da Febre Amarela pelo presidente Rodrigues Alves, que teve uma filha inclusive morta pela doença – ele então não queria que os outros sofressem como sofreu – e, a partir daí, começou a campanha contra a erradicação do mosquito. Que ocorreu até parte da década de 60 e, aos poucos, foi reintroduzido, a partir de países como Estados Unidos, Venezuela e alguns países do Caribe que não erradicaram o mosquito. Hoje seria impossível não ter o mosquito por causa do comércio, avião, comércio marítimo. O que é possível seria reduzir os índices de infestação se a gente tivesse uma educação da população muito forte.”
LOC: A Doutora em Biologia Animal pela Universidade de Brasília, Cecília Kosmann, que tem experiência na área de zoologia, com ênfase em entomologia explica porque é difícil eliminar totalmente o mosquito transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya
TEC/SONORA: Cecília Kosmann, doutora em Biologia Animal
“Porque esse mosquito é um mosquito estritamente associado com o ser humano, então viaja de avião, de carro, de navio, de elevador, de tudo... onde tem gente, tem o mosquito. Então, a gente até pode chegar a 100% de erradicação, mas acaba tendo uma reintrodução. Então, a gente fala em suprimir a população de mosquito e não em eliminar. A gente já eliminou no Brasil duas vezes, mas o mosquito volta. Por isso que a gente tem que trabalhar com a supressão do mosquito e não com a total eliminação da população. Era o ideal, mas infelizmente pela biologia do bicho, pela globalização, isso é impossível de ser feito.”
LOC: Mas é importante ressaltar que o controle do mosquito é totalmente possível e necessário para conter grandes surtos das doenças causadas por ele, seja Febre Amarela, Dengue, Zika ou Chikungunya. E para saber o que você pode fazer na sua casa, o Ministério da Saúde disponibilizou o portal saude.gov.br/combateaedes.
