REPÓRTER: Jhonatan Conceição da Silva, detento que cumpre pena no regime semi-aberto da Colônia Penal de Santa Izabel do Pará, foi a grande revelação do Torneio Aberto de Xadrez, promovido pela Associação de Xadrez da Cidade Velha, nos dias 7, 8 e 9 de julho, no Hotel Beira Rio, no Guamá, em Belém. Das seis partidas, cada uma com até quatro horas de duração, ele ganhou duas e empatou uma, atraindo a atenção dos demais competidores. Jhonatan foi um dos três detentos classificados em torneio interno, na colônia penal, do curso “Prática Desportiva do Jogo de Xadrez como Meio de Remição de Pena”, cujas aulas se iniciaram em maio deste ano e culminaram com a participação deles no torneio aberto de Belém. Jhonatan diz que o seu projeto de vida, quando cumprir a pena, envolve o xadrez.
SONORA: Jhonatan Conceição da Silva, detento e enxadrista.
“O xadrez já era um esporte que eu praticava lá fora, com esse curso, com o certificado, eu já posso, já estou credenciado praticamente a dar aulas. Isso torna já o início de uma profissão”
REPÓRTER: A remição autorizada pela Vara de Execução Penal estabelece um dia a menos de pena a cada 12 horas de curso e menos 12 horas de pena a cada competição de xadrez. O juiz Flávio Leão, autor do projeto e professor voluntário do curso, ressalta que a iniciativa foi um sucesso também no que se refere à reinserção social dos detentos.
SONORA: Juiz Flávio Leão, criador do projeto e professor voluntário.
“Eles estão inscritos no torneio, pagaram a taxa de inscrição, pagaram a anuidade da Confederação Brasileira, já estão inscritos na Confederação Brasileira de Xadrez, então, eles têm tanto direito quanto qualquer um jogador que está aqui, de reclamar para a arbitragem, de participar, de ser respeitado e conviver com todos esses jogadores de xadrez aqui. Quer melhor coisa do que isso para mostrar o que é uma reinserção social? Eles estão reinseridos aqui, no meio de todos os jogadores aqui”.
REPÓRTER: Culminância do projeto piloto de remição de pena por meio do xadrez, o torneio aberto de Belém mobilizou figuras célebres do esporte em âmbito internacional, como o ex-campeão brasileiro da modalidade, o Grande Mestre Rafael Galib Leitão, que coordena no Maranhão um projeto do governo do Estado de xadrez nas escolas. Rafael venceu o torneio aberto de Belém e elogiou a iniciativa do Judiciário e do Sistema Penal paraense de levar o esporte também aos presídios.
SONORA: Rafael Galib Leitão, Grande Mestre de Xadrez
“Assim que eu fiquei sabendo do projeto do Dr. Flávio, me entusiasmei, inclusive, para jogar o torneio, até mesmo para dar minha contribuição, divulgar um pouco esse projeto, que realmente é sensacional, e eu acho que é único, pioneiro no Brasil”.
REPÓRTER: O projeto tem o apoio das secretarias de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e de Esporte e Lazer (Seel) e está inserido no Plano de Gestão do desembargador Ricardo Ferreira Nunes, presidente do Tribunal de Justiça do Pará, biênio 2017-2019, no macrodesafio “Aprimoramento da Justiça Criminal”, na iniciativa estratégica de promoção de ações de ressocialização dos apenados. Os outros dois detentos que participaram da competição foram Edson da Costa Macedo e Wellyngton Lima Xavier.
Com a colaboração de Edir Gaya, reportagem, Thamyres Nicolau
