EDUCAÇÃO: Proposta para currículo comum nas escolas gera critica de especialistas

A proposta do MEC é que, 60 por cento do conteúdo da educação básica sejam padronizados. Ou seja, as escolas públicas e particulares vão ter que ensinar o mesmo conteúdo das áreas de linguagem, matemática e ciências humanas em todas as escolas do país

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REPÓRTER: A Base Nacional Comum Curricular proposta pelo ministério da Educação já está em fase final de elaboração. A consulta pública, que permitia qualquer cidadão dar sugestões para as disciplinas e conteúdos que vão fazer parte do novo currículo foi encerrada no dia 15 de março. No dia 15 de abril, vai ser apresentada a segunda versão da proposta, que vai ser debatida em todos os Estados brasileiros. De acordo com o projeto, 60 por cento do conteúdo da educação básica ensinada por escolas públicas e particulares de todo o país vai ser padronizado. Os outros 40 por cento restantes do currículo vão ser preenchidos com disciplinas que valorizem a regionalidade de cada estado e município. A proposta, porém, não é unanimidade entre os especialistas. De acordo com Samuel Lara, presidente da Câmara de Educação Básica, da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino, a Confenen, o documento do ministério da Educação deixa de fora da proposta curricular, matérias como Revolução Industrial e Revolução Francesa, além de assuntos fundamentais para cultura ocidental como, por exemplo, a origem do Cristianismo. Para Samuel Lara, a proposta do MEC, não é educacional, mas sim, ideológica.

SONORA
: Samuel Lara, presidente da Câmara de Educação Básica da Confenen
“Esse é o maior sinal do atraso proposto no novo currículo, como que entenderá a questão da evolução dos países, do desenvolvimento, da própria questão econômica, substituída por questões que não deixam de ser importantes, mas não seriam essenciais. Então, nos estamos vendo a substituição daquilo que realmente fundamenta o conhecimento para uma questão muito mais ideológica. Está eivado de ideologia o projeto proposto pelo MEC.”

REPÓRTER
: O advogado e coordenador do movimento Escola Sem Partido, Miguel Nagib, critica a forma com que a proposta está sendo elaborada. De acordo com ele, um projeto tão importante como a Base Nacional Comum Curricular só deveria ser aprovada, caso passasse pelo Congresso Nacional.

SONORA
: Miguel Nagib, presidente da Câmara de Educação Básica da Confenen
“Nós entendemos que essa matéria, o poder de decidir aquilo que milhões, gerações de estudantes serão obrigados a estudar ao longo de toda sua vida escolar. Esse poder é um poder grande demais para ser delegado a um órgão do poder executivo, no caso o Conselho Nacional de Educação. Não é justo, não é razoável que em uma democracia um poder tão grande seja atribuído a esse tipo de servidores. Então, nós entendemos que a competência para aprovar a base nacional comum do currículo seja transferida para o congresso nacional”.

 

REPÓRTER: O Ministério da Educação afirma que todas as críticas quanto à elaboração da Base Nacional Comum Curricular vão ser analisadas e, caso necessário, os erros serão corridos. De acordo com o MEC, depois de passar por consulta pública, a proposta do novo currículo vai ser avaliada por estados e municípios. O texto final segue para o Conselho Nacional de Educação. Depois, volta para o MEC para ser homologado.

Reportagem, João Paulo Machado

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