ECONOMIA: Redução da Selic é acertada, mas BC demorou a cortar a taxa, diz presidente do Conselho Federal de Economia

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REPÓRTER: O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, decidiu nesta quarta-feira (22) pela quarta redução consecutiva da taxa básica de juros, a Selic. O Comitê decidiu por um corte de 0,75 ponto percentual, ao reduzir a taxa de 13 para 12,25 por cento ao ano. Esse é o menor patamar para a Selic em dois anos. Em 2015, a taxa ficou em 11,75 por cento ao ano.
 
Na avaliação de Júlio Miragaya, que é presidente do Conselho Federal de Economia, Cofecon, a decisão do Banco Central de corte da Selic foi acertada, já que a redução da taxa é essencial para que o Brasil retome o crescimento econômico. Apesar disso, o economista explica que o BC demorou a tomar essa decisão de corte.
 
SONORA: Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia.
 
“Na verdade, o Banco Central tardou a tomar essa medida e iniciar o processo de redução da taxa básica de juros. Isso já era para ter sido iniciado em meados do ano passado. Talvez dentro do primeiro semestre de 2016. E isso só veio a acontecer já no final de 2016. Então esse atraso na adoção da medida de alguma forma compromete a possibilidade de uma retomada do crescimento econômico ainda no decorrer deste ano.”

REPÓRTER: Quando o Banco Central define a Selic, ele influencia no cumprimento da meta da inflação. Por isso, quando a inflação está muito alta, o BC costuma aumentar a Selic, esperando que o crédito mais caro sirva para frear o consumo e, dessa forma, que os preços baixem.
 
De acordo com Júlio Miragaya, a tendência é que, nas próximas reuniões do Copom – que acontecem a cada 45 dias –, o Banco Central continue reduzindo a taxa básica de juros. O economista entende, no entanto, que a diminuição da inflação tem mais a ver com a crise econômica do que com a decisão do Copom.
 
SONORA: Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia.
 
“A tendência é de continuidade de queda. A gente vive uma situação de desaceleração muito forte da inflação. E o resultado – principalmente de retração da economia - foram dois anos consecutivos de uma queda entre 3,5 e quatro por cento do PIB, muito forte. E aí não tem inflação que resista. Então foi muito menos a política monetária ortodoxa do Banco Central e muito mais a forte retração da economia que fez com que a inflação desacelerasse. Então o que a gente tem hoje ainda é uma taxa de juros real muito alta.”

REPÓRTER: Em nota, o Banco Central cita a queda no preço dos alimentos como um “choque de oferta favorável”, o que pode contribuir para que a inflação fique na meta de 4,5 por cento este ano. De acordo com o BC, as melhores expectativas para a inflação são compatíveis com o processo de flexibilização monetária de redução da taxa Selic.
 
Reportagem, Bruna Goularte  

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