TEC: Trilha (BG)
LOC: As equipes de saúde de Coruripe estão em mobilização para aplicar a segunda dose da vacina contra o Papiloma Vírus Humano, o HPV, em meninas com idades entre 9 e 11 anos. A vacina contra o HPV é oferecida de forma gratuita pela rede pública de saúde e assegura proteção para os quatro principais subtipos do vírus, responsáveis 70% dos casos de câncer do colo do útero e de 90% dos casos de verrugas genitais, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O município trabalha para superar a baixa cobertura vacinal alcançada na primeira fase da ação, quando apenas 18 por cento das jovens da faixa etária receberam a primeira dose da vacina. De acordo com a Secretaria de Saúde, o baixo número de crianças vacinadas pode estar relacionado com a falta de informação de pais, mães e responsáveis sobre os benefícios da vacina. A coordenadora da vigilância epidemiológica, Maítê Castro, explica a situação.
TEC: Maítê Castro, coordenadora da vigilância epidemiológica.
“A campanha poderia estar melhor, mas devido à população não estar aderindo com eficácia à campanha, nós estamos com o percentual ainda muito baixo do que o esperado. Realmente ainda existe um grande número de preconceito por parte dos pais, no que diz respeito da vacinação contra o HPV. A população em si, não esta procurando a unidade de saúde para ser vacinada.”
LOC: Segundo Maitê Castro, até agora, apenas 10 por cento das meninas receberam a segunda dose nas dez Unidades Básicas de Saúde do SUS da área urbana e nas quatro da zona rural. A coordenadora informa que, neste ano, as escolas do município não tinham participado da campanha de vacinação. No entanto, por conta do pequeno número de crianças imunizadas, a Secretaria de Saúde está retomando a estratégia este mês.
TEC: Maítê Castro, coordenadora da vigilância epidemiológica.
“Nós vamos começar a partir de novembro a vacinação nas escolas, para aí, então, conseguirmos alcançar nossos objetivos que é mais de 80%. Não apenas por ser um número, mas para o futuro dessas crianças.”
TEC: Sobe e desce BG.
LOC: A cada ano, cerca de duzentos e setenta mil mulheres morrem em todo o mundo, por decorrência de tumores no colo do útero, causados pelo HPV. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do câncer, o Inca, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer que mais mata mulheres, atrás apenas do câncer de mama e de pulmão, respectivamente. Mesmo sendo esta uma ação essencial para prevenção de um possível câncer futuro, algumas famílias não têm levado suas filhas para a vacinação, sob a alegação de questões pessoais e religiosas, uma vez que a imunização traz à tona o tema do sexo e, na opinião de alguns, a vacina poderia influenciar as meninas para uma iniciação precoce da vida sexual e, até mesmo, fazer as jovens desistirem do uso de camisinha pela ideia de proteção. A professora do departamento de psicologia clinica da Universidade de Brasília e Coordenadora do grupo de pesquisa "Saúde mental e Gênero" com foco nas mulheres, Valesca Zanelo, afirma que não existe nenhum tipo de relação entre a aplicação da vacina e qualquer comportamento sexual futuro.
TEC: Valesca Zanelo, psicóloga.
“Um tema que precisa ser melhor esclarecido é o tema da sexualidade. A sexualidade tem sido confundida com genitalidade. Sexualidade quer dizer que a gente tem um corpo capaz de sentir prazer e desprazer. Então, sexualidade existe desde quando a gente nasceu. Agora, genitalidade, em geral, ela começa na adolescência. A vacina não tem nada a ver em estimular a genitalidade. Eu acho que os pais têm de se preocupar com a saúde de suas filhas e, realmente, fazer a vacina.”
TEC: Sobe e desce BG.
LOC: A médica pediatra e professora da universidade de São Paulo, Ana Maria Escobar, explica que a vacina contra o HPV é mais eficaz em pessoas de 9 a 13 anos, pois, nessa idade, a maioria das meninas ainda não iniciou a vida sexual e, portanto, há uma maior produção de anticorpos contra o HPV.
TEC: Ana Maria Escobar, pediatra.
“E essa idade de 9 a 13 anos é fundamental. Porque é uma idade que normalmente é precoce, antes do inicio das atividades sexuais. Então não é uma vacina que libera todo mundo para a atividade sexual. Não. É uma vacina que protege, para que quando, na hora certa, as meninas começarem com as atividades sexuais.”
TEC: Sobe e desce BG.
LOC: Também existem pais preocupados com possíveis efeitos colaterais da vacina, baseados em alguns boatos, não comprovados, que circularam no país. No entanto, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, esclarece que a vacina é totalmente segura e indispensável para a prevenção do Câncer do Colo do útero.
TEC: Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
“A vacina não causa eventos adversos graves, é uma vacina segura já demonstrada de custo benefício, quer dizer, ela é capaz de evitar uma doença grave que é o câncer do colo do útero e ela não tem uma incidência maior de relatos de eventos adversos realmente relacionados a ela maior do que tantas as outras vacinas que a gente faz de rotina para as crianças, adolescentes e adultos no mundo inteiro.”
LOC: A vacina contra o HPV foi introduzida no calendário nacional de vacinação no ano passado para atender meninas de 11 a 13 anos de idade. Este ano, o Ministério da Saúde está priorizando a vacinação de crianças e adolescentes de 9 a 11 anos. As meninas e adolescentes com 12 e 13 anos, que ainda não tomaram a primeira ou a segunda dose, também devem procurar as unidades de saúde para atualizarem o cartão de vacinação. A criança ou a adolescente deverá tomar três doses para completar a proteção. Quem recebeu a primeira dose deve receber agora a segunda dose, administrada seis meses depois da primeira, e a terceira, cinco anos após a primeira dose. A meta do Ministério da saúde é de que até o final do ano, 80% das meninas com idade entre 9 e 11 estejam vacinadas. Se você é mãe, pai ou responsável por menina nesta idade, leve-a a uma Unidade de Saúde e leve junto o cartão de vacinação. A vacina é o único meio de garantir a proteção contra o HPV pelo resto da vida. Obtenha mais informações sobre a vacina contra o câncer do colo do útero e o HPV no portal do Ministério da Saúde na Internet, www.saude.gov.br/hpv.
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TEC: Trilha de encerramento