BRASIL: Reforma tributária é essencial para reduzir desigualdades, defende presidente do Conselho Federal de Economia

SalvarSalvar imagem
SalvarSalvar imagem

 
REPÓRTER: Propor uma reforma tributária no Brasil é o primeiro passo para diminuir as desigualdades sociais país. Essa é a avaliação do economista Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia, o Cofecon.
 
A instituição, preocupada com o problema, lançou um campanha estruturada em cinco eixos. O objetivo é promover a conscientização e pressionar os órgãos decisórios, particularmente o poder Executivo e o Congresso Nacional, para que medidas sejam adotadas na luta contra a desigualdade.
 
De acordo com Júlio Miragaya, o primeiro eixo – e o mais importante deles – é a proposta de redução dos impostos sobre a produção e consumo e o aumento da tributação sobre a renda e a riqueza.
 
SONORA: Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia
“Nós temos um modelo tributário que incide, principalmente, sobre o consumo e a produção e não sobre a renda e a riqueza. É o contrário do que os demais países fazem. Nos demais países, 70 por cento da tributação incide sobre renda e riqueza e 30 por cento sobre consumo e produção. No nosso caso é o contrário: 70 por cento incide sobre consumo e produção e apenas 30 por cento sobre  renda e riqueza. Isso faz com que no Brasil, quem pague impostos efetivamente sejam os pobres e classe média
 
REPÓRTER: A discussão sobre as desigualdades sociais ganhou força depois que a ONG Oxfam divulgou, recentemente, um relatório sobre o tema. De acordo com o documento, oito pessoas concentram nas mãos, a riqueza equivalente à metade da população mais pobre do mundo. Para o presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, essa realidade se reflete no Brasil.
  
SONORA: Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia
“O relatório da Oxfam cita que oito bilionários, que na verdade já tem fortunas na faixa das dezenas de bilhões de dólares, têm uma riqueza equivalente à de metade da humanidade. Isso é um escândalo. Mas, no Brasil, isso também se expressa no fato de meia dúzia de famílias terem uma riqueza equivalente à de 100 milhões de brasileiros, que é a metade da população brasileira. Então os economistas brasileiros têm uma responsabilidade muito grande nessa questão. Porque não vale de nada tão somente fazer atividade econômica, a produção, os fluxos econômicos crescerem. Na verdade, a economia tem valor quando os economistas conseguem formular modelos e propostas que façam com que a economia cresça, mas seja bem distribuída”.
 
REPÓRTER: Para avançar na luta contra as desigualdades, o Conselho Federal de Economia propõe outros quatro eixos de ação, além da reforma tributária. A Campanha pela Redução da Desigualdade Social no Brasil sugere a preservação e ampliação dos direitos sociais, com fortalecimento de serviços públicos e da previdência social, além do tratamento de políticas públicas e de valorização do trabalho. O Cofecon defende, também, a educação e o aumento da escolaridade do brasileiro e, por fim, propõe que o orçamento seja destinado prioritariamente ao tratamento das demandas sociais. 
 
Reportagem, Bruna Goularte
 

 

 

Receba nossos conteúdos em primeira mão.