BELO HORIZONTE (MG): Guerra histórica contra a Tuberculose

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LOC: Belo Horizonte está comprometida com o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, projeto do Ministério da Saúde para erradicar a tuberculose no Brasil até 2035. Em 2016, foram registrados 548 casos da doença na capital, acendendo o alerta vermelho nas autoridades. A população deve ficar atenta a sintomas, como tosse, por mais de três semanas, que pode vir acompanhada de febre ao fim do dia, emagrecimento, falta de apetite e cansaço, como explica o técnico do Programa de Controle da Tuberculose da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, Pedro Navarro.

TEC./SONORA: Pedro Navarro, técnico do Programa de Controle da Tuberculose da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte.

“É importante destacar que várias doenças causam a tosse, mas uma tosse por três ou mais semanas, nós temos que ficar bem atentos e pensar na possibilidade dessa pessoa estar com tuberculose. Então, passou de 21 dias, de três semanas, a pessoa tem que procurar um centro de saúde para fazer o exame e investigar a possibilidade de estar doente ou não com a tuberculose.”

LOC: O diagnóstico é feito por meio de um teste de escarro e o resultado sai em no máximo 48 horas. A doença tem cura. O tratamento e a medicação são oferecidos gratuitamente pelo SUS. A maioria dos doentes deixa de transmitir o vírus em apenas 15 dias, não sendo necessário interromper seu convívio social. A tuberculose é transmitia pela tosse, fala ou espirro em ambientes sem luz natural e mal ventilados. Medidas como o isolamento do paciente não são necessárias. É o que esclarece o médico Edinei Guimarães, pneumologista do Hospital Júlia Kubitschek, referência no tratamento da doença em Belo Horizonte.

TEC/SONORA: Edinei Guimarães, pneumologista do Hospital Júlia Kubitschek.

“Na verdade, no tratamento da tuberculose, a doença é transmissível por via respiratória. Então, é através da tosse que ele expele as bactérias naquele ar do ambiente. Então, não tem que separar roupa de cama, não tem que separar utensílios, por exemplo, talheres, não tem que separar toalha da pessoa, nada disso. O que precisa é o ambiente em que ela vive ser um ambiente arejado, com iluminação solar adequado e o tratamento ser iniciado logo.”

LOC: Quanto antes a doença for descoberta e tratada, maiores são as chances de cura. O tratamento dura no mínimo seis meses e não pode ser interrompido. Esse tem sido um dos grandes desafios para médicos e para o governo. Em pouco tempo após o início da medicação, os sintomas começam a desaparecer. Com isso, muitos pacientes acreditam que estão curados e deixam de fazer o acompanhamento médico. A partir daí, ele corre um grande risco de contrair a bactéria mais resistente. O tratamento que seria de 6 meses pode chegar a dois anos e o risco de óbito aumenta. Pedro Navarro explica que o governo tem investigado meios para reduzir as taxas de desistência do tratamento.

TEC/SONORA: Pedro Navarro, técnico do Programa de Controle da Tuberculose da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte.

“A gente tem um programa importante que visa, justamente, estudar os motivos que levam as pessoas a abandonar o tratamento antes dos seis meses, que é o previsto, e também criar estratégias para que isso não aconteça. Então, é um projeto grande, de desenvolvimento na cidade, com o apoio do Ministério da Saúde e com a Universidade Federal de Minas Gerais.”

LOC: Além da doença, as vítimas de tuberculose têm outro desafio a vencer: o preconceito. Muitos ainda enxergam a doença com os olhos do passado, quando a tuberculose era considerada uma sentença de morte que inspirava poetas e músicos pelo mundo entre o século 19 e meados do século 20. Nas primeiras décadas dos anos 1900, Belo Horizonte chegou a ser conhecida como Cidade-Sanatório. A capital abrigava um grande de número de pacientes de todo o país, entre famosos e anônimos, que se isolavam nos sanatórios na capital longe de familiares e amigos. Hoje, no entanto, o cenário é bem diferente. Aos 38 anos, Fabiano Gouvêa, que contraiu a doença no ano passado, é um exemplo de como o apoio das pessoas próximas é fundamental para o enfrentamento da doença.

TEC/SONORA: Fabiano Gouvêa, paciente.

“Eu procurei me informar, procurei saber da situação cabível, o que eu tinha que fazer. Igual minha mãe, que ficou mais preocupada, procurei aí informar pra ela a situação, o que aconteceu, o que os médicos e as pessoas me passaram sobre a doença. Então, procurei informar minha família também. As pessoas também não tiveram preconceito, sempre tiveram do meu lado, tendo me ajudado, me apoiando, não ter tido (sic) discriminação, foi bom.”

LOC: É importante ressaltar que quem teve contato com um enfermo deve procurar uma unidade de saúde para checar se foi ou não contaminado. Fique alerta aos sintomas. A tuberculose não é uma doença do passado. Para mais informações, acesse saude.gov.br.
 

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