BELÉM: Estudo releva que apenas 10% dos casos de abuso sexual contra crianças chegam ao Judiciário

Segundo dados e estudos realizados pela Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes de Belém, uma em seis crianças é sexualmente abusada, mas somente um em cada dez casos é denunciado.

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Tempo de áudio – 2min38seg

REPÓRTER: A estudante Ana Beatriz, nome fictício de nossa personagem, tem apenas 15 anos de idade, aos 12 anos ficou grávida após um abuso sexual cometido pelo tio. Ana Beatriz faz parte de um grande número de mulheres adolescentes que foram violentadas sexualmente por algum parente.

SONORA: Estudante Ana Beatriz

"Eu tinha 11 anos, quando eu fiz 12 anos eu descobri que estava grávida, um tio de sangue, minha mãe saia para trabalhar, meu pai trabalhava também, meus irmãos  saiam para escola de tarde e os outros trabalhavam também, então só ficava eu mesma".

REPÓRTER:Segundo dados e estudos realizados pela Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes de Belém,uma em seis crianças é sexualmente abusada, mas somente um em cada dez casos é denunciado. Somente 10% dos casos envolvendo abuso sexual contra crianças chegam ao Judiciário. Os abusos são cometidos geralmente por parentes, como ressalta a juíza titular da Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes da capital, Mônica Maciel.

SONORA: Juíza Mônica Maciel.

"Nós observamos que a maioria dos casos contra crianças e adolescentes ocorre no ambiente intra-familiar, principalmente aqueles contra a dignidade sexual e normalmente tendo como autor o padrasto, o pai biológico, às vezes o avô, o tio ou outro parente próximo."

REPÓRTER:A falta de informação de familiares, aliada à dependência econômica dos abusadores, em geral, provedores financeiros da criança, são os principais motivos para impunidade. Ainda, de acordo com a Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes, a maioria dos casos de abuso sexual não ocorre uma única vez, mas persiste, ocorrendo de forma sistemática ao longo dos anos, por essa razão se faz necessário, sempre que existir uma suspeita de abuso sexual, se fazer uma investigação, destaca a juíza Mônica Maciel.

SONORA: Juíza Mônica Maciel.

"Porque o quanto antes se identificar esses sinais da violência, melhor para reverter o quadro, mas qualquer dificuldade procurar imediatamente as autoridades"

REPÓRTER: Uma equipe que tem a frente à juíza Mônica Maciel tem realizado palestras em escolas públicas da capital através do projeto "Minha Escola, Meu Refúgio", que tenta prevenir e combater esse tipo de crime. Psicólogos, assistentes sócias e promotores de justiça participam do projeto. Qualquer pessoa pode denunciar crimes contra crianças e adolescentes, basta ligar para o disque 100, que é um serviço de proteção de crianças e adolescentes com foco em violência sexual.

Reportagem, Storni Jr.

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