ADOÇÃO: Adotar grupo de irmãos acelera processo e tira crianças do Cadastro Nacional mais rápido

No Distrito Federal, o Grupo Aconchego une famílias que desejam dar um lar a grupos de irmãos

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“Nique” é uma menina que, aos quatro anos de idade, morava em um abrigo. Todos os dias, ela sonhava acordada em fazer parte de uma família. Antes de dormir, o pensamento que sempre passava pela sua cabeça era quando, finalmente, teria uma mãe e um pai. Hoje, com seis anos, a pequena conta sobre o dia tão esperado. Nique se lembra direitinho do dia em que a campainha tocou e a ela conheceu a família que tanto desejava amar.

“O meu sonho era ter uma família, aí o meu sonho se realizou. Aí meu pai, minha mãe e meu irmão chegaram. Aí agora sim eu estou feliz por ter uma família. Por que agora eu tenho uma mamãe, um papai, um irmão. Agora eu 'tô' muito feliz.”

Mas essa história de final feliz não é tão simples assim. Nique tinha mais três irmãos que também estavam no abrigo aguardando chegar a vez no Cadastro Nacional de Adoção. Um menino mais novo que ela, e outras duas mais velhas.

Mas seria difícil que todos conseguissem ser adotados na mesma família. E, mesmo sonhando com o amor de um pai e uma mãe, Nique não desejava se separar de seus irmãos. O problema, segundo o coordenador de adoção da Vara da Infância e da Juventude do DF, Walter Gomes, é que adotar irmãos não é a escolha mais desejada pelos pretendentes.

“As famílias que se habilitam para adoção, em todo o Brasil, em sua grande e expressiva maioria, querem acolher em adoção uma criança de, no máximo, 3 ou 4 anos, sem irmãos e saudável. E esse perfil, chamado perfil clássico, desejado para adoção, dificilmente as varas da infância e da juventude identificam no cadastro.”

O final feliz de Nique começou graças ao sonho da professora Lílian Ramos, que teve o desejo de adotar. Casada com Normando e mãe do Arthur, ela decidiu entrar no cadastro para uma adoção tardia.

Lílian e Normando queriam adotar um grupo de irmãos, mas sabiam que naquele momento não conseguiriam cuidar de Nique e mais três crianças.

Foi aí que durante alguns encontros do Grupo Aconchego, em Brasília, o casal encontrou mais duas famílias pretendentes que poderiam compartilhar a realização desse sonho com eles: Denise e Alisson, e Bianca e Lúcio.

As três famílias se uniram e conseguiram permissão para adotar os quatro irmãos. Hoje, fazem praticamente tudo juntas.

“Junto com as outras duas famílias, desenvolvemos um vínculo afetivo muito forte. As nossas famílias são muito unidas, nós nos encontramos constantemente em festas, aniversários, já viajamos juntos. Nós fazemos os nossos natais juntos, a gente chama de ‘natal da grande família’, em que nós adiantamos um pouquinho a data do natal, e fazemos a nossa ceia de natal para que todos os irmãos estejam juntos, e isso é muito importante. Um dorme na casa do outro, então a nossa relação é realmente em prol dessas crianças e em prol do vínculo entre eles.”

Bianca Tinoco e Lúcio Melo adotaram uma das irmãs de Nique, dispostos a dar um lar e muito amor para ela. Com a chegada da nova integrante da família, o outro filho de Bianca e Lúcio, o Heitor, ganhou uma irmãzinha para compartilhar a vida. Para Bianca, esse é um sentimento de muita alegria.

“Perguntar se ter filho valeu a pena nem vale, 'né'? Ter filho é bom demais, de todo jeito. Ter filho da barriga, ter filho por adoção. É tudo bom. É só o jeito de ter filho, 'né'. Então claro que valeu a pena, valeu a pena demais. Valeu a pena a espera. Cada filho tem o seu tempo de espera e também tem o tempo de maturidade que a gente vai ganhando.”

Se você quer ser um pai ou mãe por adoção e colocar alegria e vida no caminho de alguém, acesse adocaotardia.agenciadoradio.com.br e preencha o formulário. Você pode dar a alguém uma grande família, assim como Nique recebeu a dela.

Reportagem, Sara Rodrigues

 

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