SP: Aluno de SENAI de Pederneiras é finalista por vaga na WorldSkills na Rússia

Competição ocorrerá de 22 a 27 de agosto, em Kazan

SalvarSalvar imagem
SalvarSalvar imagem

Por Aline Dias

De origem simples, do interior de São Paulo, Marcelo Augusto dos Santos, 20 anos, é hoje o orgulho da família. O aluno do curso técnico em mecânica de automóveis do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Pederneiras está hoje entre os jovens selecionados para disputar uma vaga na equipe brasileira da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo, que ocorre na Rússia.

Crédito: Divulgação/SENAI

ÁUDIO: Acesse a versão desta matéria para emissoras de rádio

Morador de Pederneiras, além do apoio e reconhecimento da mãe, que é soldadora e do pai, que é tratorista, Marcelo tem também a admiração dos irmãos mais novos. “Meus irmãos também acham legal e já até comentaram que querem participar, futuramente”, destaca. Apesar da pouca idade, o jovem já tem no currículo um curso técnico, um de mecânico de usinagem e dois de aprendizagem industrial na área automotiva. Ele conta que todos esses cursos foram muito importantes para que definisse a profissão que gostaria de seguir, além de o colocarem à frente de muitos jovens na hora de procurar um emprego. “O curso técnico é fundamental, tanto que várias empresas pedem. É o mínimo que você tem que ter”, ressalta o jovem.

A 45ª edição da WorldSkills ocorrerá de 22 a 27 de agosto, no Centro Internacional de Exposições KAZAN EXPO, em Kazan, na Rússia. A competição é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviços.

Eles precisam demonstrar habilidades individuais e coletivas para responder aos desafios de suas ocupações dentro de padrões internacionais de qualidade. Há mais de 65 anos, a competição reúne jovens qualificados de todo o mundo, selecionados em olimpíadas de educação profissional de seus países, realizadas em etapas regionais e nacionais.

Marcelo se classificou, em 2017, na etapa regional, mas não se saiu tão bem como imaginava. Ficou em segundo lugar. Não desanimou e passou a se dedicar ainda mais. Os treinos passaram a começar mais cedo e terminar mais tarde. A mudança fez com que Marcelo ganhasse mais confiança e atingisse a primeira colocação na etapa nacional, em 2018. Com o resultado, veio o convite para a participação no WorldSkills Asia, realizado em novembro do ano passado, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Marcelo competiu na mesma modalidade em que irá concorrer neste ano, de pintura automotiva. Levou a melhor e trouxe uma medalha para o Brasil. Ele disputou com sete representantes de países como Índia, Malásia e Indonésia.

Marcelo Augusto dos Santos durante participação no AsiaSkills | Crédito: SENAI-SP

Para a próxima fase da WorldSkills, na Rússia, Marcelo garante que o esforço será ainda maior, para que esse título também fique com o Brasil. “Eu espero uma competição justa, com certeza vai ser de alta competência, e espero trazer a melhor pontuação, o melhor resultado para o nosso país", assegura.

Assim como para Marcelo, a educação profissional impacta positivamente a vida de diversos jovens no Brasil. Em 2017, cerca de 80% dos estudantes que concluíram cursos técnicos no ano passado foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano. De acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. O salário de um profissional técnico varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.

Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o país tem potencial em educação profissional. “O Brasil tem sido representado pelo SENAI e pelo Senac, que tem as ocupações mais na área do comércio e serviços, e o Brasil fica sempre entre os primeiros colocados”, afirma.

A competição

Cada jovem competidor recebe um projeto e tem uma determinada quantidade de horas para desenvolver o desafio, da melhor forma possível. A habilidade técnica dos participantes é colocada em xeque, cada um dentro da sua modalidade. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills, com três módulos.

São 56 modalidades técnicas que exigem adequação aos padrões mundiais. A preparação dos participantes para a competição começa já nesta segunda quinzena de janeiro. Eles passarão uma temporada nos centros de treinamento do SENAI, localizados em Brasília, Belém, Porto Alegre e Joinville.

Segundo o gestor do projeto Brasil Kazan 2019, José Luiz Gonçalves Leitão os jovens devem ter conhecimentos sobre desenvolvimento e desenho técnicos, metodologia, medidas, interpretação de desenho, acabamento de produto e também sobre processos. “É um jogo de tempo. Cada uma das habilidades é trabalhada exaustivamente dentro dos padrões e eles são submetidos a vários testes e exercícios, durante esse período”, destaca.

A cada edição da WorldSkills, o Brasil participa com um número maior de competidores e melhora sua classificação no quadro de medalhas. Em 18 participações, o país já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira na história do campeonato foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, o Brasil foi o primeiro do ranking de países.

Crédito: Agência do Rádio Mais
 

Receba nossos conteúdos em primeira mão.