Má qualidade de estrada atrapalha escoamento da produção rural no Centro-Oeste

BR 163, principal via para exportação de grãos da região, sofre com problemas de asfalto e sinalização

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Por Raphael Costa

Um dos gigantes da agropecuária mundial, o Brasil ainda esbarra na má qualidade de sua malha rodoviária para escoar a produção agrícola. O setor, que bateu recordes de produção de milho e soja, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é um dos que sustenta a economia do país.

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Só em 2017, a agropecuária atingiu o segundo maior saldo na balança comercial, com um superávit de mais de US$ 81 bilhões, de acordo com o governo. Os números chamam a atenção e crescem mesmo diante de um obstáculo que coloca em risco a competitividade no mercado externo: a logística.

Segundo a assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura de Logística da Confederação de Agricultura e Pecuária (CNA), Elisangela Lopes, a malha rodoviária do Brasil é responsável por transportar cerca de 60% de todos os produtos cultivados no campo, seguido por ferrovias e hidrovias. No entanto, as longas viagens nas estradas fazem com que os produtores paguem cerca de três vezes mais do que os concorrentes de países como Estados Unidos e Argentina.

A representante da CNA ressalta que, no caso dos produtores de grãos do Centro-Oeste, os portos de Santarém e de Miritituba, no Pará, são as principais alternativas de exportação para os produtores. O deslocamento até lá é feito pela BR 163, que liga Cuiabá, capital do Mato Grosso, até Santarém, no Pará.

BR-163 é a principal via de escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste

Elisangela relembra que, em março do ano passado, as más condições do tempo causaram paralisações e, consequentemente, prejuízos ao setor e dimensiona a importância da via para o escoamento da produção. “O setor de grãos calculou um prejuízo de RS$ 400 mil por dia, porque ela ficou paralisada, e era a única forma de se chegar aos portos de Santarém e Miritituba. Não tem outro caminho. Tem a ideia para se implantar o Ferrogrão, paralela a BR 163, mas enquanto temos caminhos únicos para chegar a um porto, qualquer imprevisto aumenta e muito o custo de transporte”, detalhou a assessora.

Preocupado com essa situação, o senador José Medeiros (PODE-MT) comparou a relevância da estrada no Mato Grosso à coluna vertebral para o corpo humano. Ele reforça que além da questão econômica, a questão humana é levada em conta para melhorias na via. No entanto, os entraves com a empresa que tem a concessão da estrada dificultam a restauração e o fim das obras.

“Nós estamos tentando aprovar um projeto para que o governo amplie o prazo para a empresa duplicar a estrada, pois o prazo já venceu. E fazer com o gestão junto ao BNDES para que ele libere o dinheiro, para que essa empresa saia ou por caducidade ou possa vender essa concessão. Porque do jeito que está a estrada não sai, e para nós é extremamente penosa essa situação”, explicou o senador.

Segundo a pesquisa de rodovias da Confederação Nacional de Transportes, a CNT, estradas com uma pavimentação avaliada como péssima pode causar um aumento no custo operacional de até 91,5%.

#agro

 

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