Engenheira mecatrônica, mineira com trajetória no SESI/SENAI faz doutorado na Holanda

Jovem mineira atribuiu sucesso profissional e acadêmico ao SESI e ao SENAI

 

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Por Juliana Gonçalves

Com 2 milhões e 300 mil jovens matriculados pelo Brasil, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o SENAI, é o principal responsável pela formação técnica e profissional de jovens e trabalhadores brasileiros. A estudante Tábitha Rosa, de 28 anos, de Itaúna, Minas Gerais, faz parte dessa estatística.

Tábitha, que atualmente mora e faz doutorado na Holanda, concluiu o ensino médio no SESI em 2007 e, em seguida, iniciou um curso técnico em mecânica pelo SENAI.
Com base acadêmica e profissional, Tábitha se graduou em Engenharia Mecatrônica, além de ter feito intercâmbios em Portugal e na Escócia. Fruto, segundo ela, dos aprendizados que lhe foram ensinados no SESI e no SENAI.

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“Com certeza, o SESI e SENAI foram os que começaram a abrir as portas para minha carreira, começaram a me apresentar todo esse mundo. Então, acho que esse sistema (Sistema S) deveria continuar porque eu sei que pode ajudar muitas pessoas assim como eu, que durante o ensino médio não faz ideia do que existe, e eu tenho certeza de que foi o SENAI que me ajudou a ver todo esse mundo que existe na minha frente”, lembra.

Para a especialista Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, o “SENAI é um exemplo a ser seguido e seria uma pena perder todo esse aprendizado acumulado pela instituição”.

Segundo ela, o Brasil deveria aproveitar a capacidade educacional de instituições como o SENAI para transmitir conhecimentos adquiridos para as secretarias estaduais de educação. Algo, que segundo Claúdia, já é praticado em outros países.

“Há exemplos internacionais como as escolas secundárias da Coreia do Sul em que o setor privado, a indústria, inclusive a indústria de ponta, participou não só do desenho instrucional de cursos de Ensino Médio, mas mesmo da gestão desses cursos com uma parceria público privada que gerou altíssima empregabilidade em setores interessantes para os jovens”, analisa.

Em dezembro do ano passado, o atual governo anunciou a intenção de reduzir o envio de recursos financeiros que chegam ao Sistema S. Como o SESI e o SENAI fazem parte desse pacote, membros dessas instituições destacam que há um risco de as atividades do grupo reduzirem na mesma proporção.

Estatísticas

De acordo com dados do censo escolar, divulgados pelo ministério da Educação, 12,9% e 12,7% dos alunos matriculados na 1ª e 2ª série do Ensino Médio, respectivamente, deixaram a escola entre os anos de 2014 e 2015. O 9º ano do ensino fundamental, por exemplo, tem a terceira maior taxa de evasão, 7,7%, seguido pela 3ª série do ensino médio, com 6,8%. Considerando todas as séries do Ensino Médio, a evasão chega a 11,2% do total de alunos nessa etapa de ensino.

Mesmo com a complexidade da situação, o país também dispõe de experiências positivas como as proporcionadas pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

De acordo com um estudo elaborado em 2017 para analisar o desempenho da Rede SESI e das demais redes de ensino, as escolas desta rede têm o desempenho superior às demais escolas privadas no ensino fundamental, quando analisados os alunos do 5º ano, por exemplo.

Isso acontece, segundo especialistas, porque nestas instituições, os alunos são estimulados a executar, na prática, as atividades da profissão escolhida. São incentivados a buscar soluções, inovar e usar da criatividade para fazer diferente.

Para Victor Teles, gerente-executivo da Festo Didactics, empresa de treinamento e consultoria do segmento industrial, o método utilizado por SESI e SENAI coloca os alunos destas instituições passos à frente do demais para entrar no mercado de trabalho. Isso acontece porque eles são estimulados a aprofundarem seus conhecimentos desde cedo.

“Em inúmeros casos é a oportunidade da vida dessas crianças e adolescentes que encontram no SESI no SENAI o nível de ensino que suas famílias jamais poderiam arcar”, analisa. “Além disso, cumprem papel fundamental para preparação de mão de obra especializada e diferenciada para indústria. Além desse ponto fundamental para o aumento da produtividade e consequentemente da competitividade da indústria brasileira no mercado internacional”, ressalta Teles.

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