"Dinamite" no céu: morre o maior ídolo do Vasco da Gama

Roberto Dinamite deixa como seu maior legado sua performance extraordinária como goleador e atleta, respeitado por todas as torcidas

  • Repórter
  • Data de publicação:
  • Atualizado em:
Arquivo/Instagram

Seu navegador não suporta áudio HTML5

Áudio (02:51s)


A morte neste domingo (8) de Carlos Roberto Oliveira, o “Roberto Dinamite”, aos 68 anos, no Rio Janeiro, comoveu o Brasil e, sobretudo, o mundo do futebol.  Ele não resistiu a um câncer agressivo que o debilitou nos últimos meses. “Dinamite”, apelido que o  consagrou em virtude da sua força explosiva dentro das áreas adversárias, era  reconhecido como um atleta exemplar, dentro ou fora dos gramados. Foi inclusive eleito presidente do Vasco da Gama, em 2008, sendo reeleito em 2011.

Roberto Dinamite deixa como seu maior legado, contudo, sua performance extraordinária nas lutas por gol. É o maior artilheiro do Vasco da Gama, de todos os tempos, onde marcou 787 gols, como profissional.  É também o jogador que mais vestiu a camisa do “gigante da colina”: 1110 vezes. Ele mantém ainda o posto de recordista de gols pelos campeonatos brasileiros, na  primeira divisão, onde balançou as redes por 190 vezes. Também é o artilheiro dos campeonatos cariocas, com 284 gols.

A carreira brilhante do artilheiro, que nasceu em Duque de Caxias (RJ), começou ainda nas categorias de base do Vasco da Gama, em 1969, quando ganhou o apelido de “Calu”. Como profissional, sua estreia foi na derrota do Vasco para o Bahia, em 1971, no Maracanã. Na semana seguinte, porém, ele deixaria de ser o “Calu” e ganharia a fama de “Dinamite”. Surgia assim o apelido criado pelo encantado jornalista vascaíno Aparício Pires quando do seu primeiro gol como profissional contra o Internacional, no Maracanã, na vitória de 2 a 0.

A despedida de Roberto Dinamite dos gramados aconteceu em 24 de março de 1993, quando ele já tinha 39 anos. Seu último gol foi na vitória sobre o Goytacaz (RJ), em 26 de outubro de 1992, por 2 a 0. O centroavante  é  lembrado sempre  por seus gols de cabeça e sua habilidade na cobrança de faltas, como ainda por seu oportunismo dentro da área. Participou de duas Copas do Mundo, pelo Brasil, em 1978 e 1982, sem conseguir ser campeão do mundo, assim como aconteceu com Zico, do Flamengo, com quem sempre manteve amistosas relações fora do  campo.

Amado pela unanimidade da torcida do Vasco da Gama, Roberto Dinamite recebeu a solidariedade do meio esportivo brasileiro, quando o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, o expulsou da tribuna de honra do São Januário, em virtude da rivalidade política que fora criada entre eles. Hoje, uma estátua do atleta vascaíno é uma das atrações na entrada daquele estádio. 

Uma merecida  homenagem, ainda em vida, ao ídolo, que certamente jamais será superado em gols e carisma, na trajetória do clube. O cidadão Roberto também teve destacada atuação política, como deputado estadual no Rio de Janeiro, em dois mandatos sucessivos.

Agradecimento

Em nota oficial divulgada na manhã deste domingo, o Clube de Regatas Vasco da Gama comunicou a morte do seu maior representante, lembrando toda a sua trajetória esportiva  e dedicação ao time carioca. A direção do Vasco ressalta que o Dinamite chegou a jogar pelo  Barcelona, da Espanha, mas que retornara ao seu time do coração apenas três meses depois.

“O Roberto era Vasco. O Vasco era Roberto. Em 1974, Dinamite foi o verdadeiro ponto de arranque rumo ao primeiro título de Campeonato Brasileiro do Clube, sendo o artilheiro da competição com 16 gols marcados”, destaca a nota.

Ainda sob o impacto da morte do “rei” Pelé, sepultado no início da semana passada, o Brasil está de luto novamente em reverência a um dos maiores ídolos da história do futebol, pentacampeão mundial. 

Torcedor do Vasco desde os seis anos de idade, o servidor público brasiliense, Rafael Secunho, 43 anos, teve a honra de conversar com o ídolo ao assistir uma partida do time pela primeira vez no Estádio do São Januário, no Rio de Janeiro. Na época, o time massacrou o visitante Mixto, do Mato Grosso, por 4 x 0, com gol de falta do Vasco.

“Após o jogo, desci com meu pai ao vestiário e o 10 do Vascão, muito gentil, conversou conosco e autografou minha camisa”, lembra, emocionado. “Roberto Dinamite, eu assisti ele jogando, posso dizer que os últimos 5, 6 anos da carreira dele, ainda tive chance de acompanhar diversos gols de falta, todo o brilhantismo de um artilheiro nato. É o maior ídolo, a maior referência do Vasco da Gama como centroavante e goleador. Hoje é um dia muito triste para todos os vascaínos que perderam seu maior ídolo e também para quem é fã do futebol”, diz.