Data de publicação: 23 de Novembro de 2014, 22:00h, atualizado em 20 de Novembro de 2014, 22:00h
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REPÓRTER: Números da Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República revelam que a quantidade de denúncias sobre violência contra homossexuais aumentou seis vezes nos últimos três anos. Em 2011, o Disque 100, canal de denúncia da secretaria, registrou pouco mais de mil e 100 casos de violência contra homossexuais. Este ano, seis mil e quinhentas reclamações já foram registradas, até outubro. Os números foram divulgados, nesta sexta-feira, pelo jornal O Estado de São Paulo. No último dia nove, um casal de homossexuais foi brutalmente agredido em um vagão do metrô, em São Paulo. O motivo da violência foi porque um grupo de pessoas ficou irritado ao ver os dois rapazes se beijarem dentro do trem. A repercussão do caso deixou muitos homossexuais com medo de se expor em público, como explica uma produtora cultural, moradora de Brasília, que pediu para não ter o nome revelado.
SONORA: moradora de Brasília, produtora Cultural, 23 anos
"Existe o medo, na maioria dos homossexuais. Porque até por conta dos casos que vêm crescendo, de agressão, a gente fica com medo de estar andando. A maioria é homem. Eles vão mexer, sempre vão estar jogando alguma coisa, alguma piadinha ou algo do tipo. Se a gente escuta alguma coisa, a gente prefere não levar a sério, não encarar."
REPÓRTER: Para a especialista em Políticas Públicas, Maria Lúcia Leal, a sociedade está passando por uma nova transformação onde o conceito tradicional de família, aquele composto por um homem e uma mulher, vem perdendo espaço para grupos formados por pessoas do mesmo sexo. Ela conta que a violência contra os homossexuais parte, na maioria dos casos, de pessoas conservadoras.
SONORA: especialista em Políticas Públicas, Maria Lúcia Leal
"A violência contra os homossexuais ela parte de uma visão conservadora, machista e homofóbica que não reconhece as transformações, os novos arranjos familiares, na construção de sua própria vida e do direito a sua sexualidade."
REPÓRTER: A especialista Maria Lúcia Leal lembra ainda que demonstrar carinho em público, mesmo quando o afeto se dá entre pessoas do mesmo sexo, não é crime. Ela aconselha aos homossexuais que evitem entrar em conflito quando forem provocados.
SONORA: especialista em Políticas Públicas, Maria Lúcia Leal
"Os homossexuais não podem se furtar a ter o seu direito de desenvolver os seus afetos, seus carinhos. É um direito de todos nós. E nós temos que continuar lutando. O quanto mais se organizarem, se mobilizarem e procurar se protege e, se colocar menos em confronto com essas atitudes violentas."
REPÓRTER: Entre as ocorrências mais comuns registradas na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República estão a discriminação e a violência psicológica. O preconceito no trabalho, o assédio moral e a perseguição somam mais de 76 por cento das ocorrências. O canal de denúncias da secretaria de Direitos Humanos funciona 24 horas. O número é simples. Basta discar 100 de qualquer lugar do país. A ligação é de graça e você não precisa se identificar.
Reportagem, Cristiano Carlos
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