SAÚDE: Aedes transgênico mostra resultados positivos

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REPÓRTER: Criatividade e inovações tecnológicas são utilizadas no combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, chicungunya e vírus zika.  Exemplo disso, é o mosquito transgênico que foi testado em Juazeiro e Jacobina na Bahia e em Piracicaba em São Paulo  que pode impedir a reprodução do inseto transmissor. O sistema de reprodução de inseto macho é da empresa britânica Oxitec, que afirma ter alcançado redução de mais de 80% na reprodução do Aedes natural nas regiões onde são feitos os testes. O chamado mosquito do bem já recebeu o aval da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, a CTNBio, mas precisa da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. A agência considera a tecnologia inovadora e diferente de todos os demais produtos e atividades regulados até o momento pelo órgão.  Segundo a Anvisa, a técnica do mosquito do bem consiste em  produzir machos transgênicos para cruzamento com fêmeas  naturais, mas  sem a produção de larvas que cheguem à idade adulta. Rodrigo Guidi é assessor especial da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba em São Paulo e coordena os testes no bairro de Cecap. Para ele, a inserção dos mosquitos transgênicos é um avanço na redução da infestação do Aedes.

SONORA: Rodrigo Guidi, assessor especial da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba e coordenador do projeto.

"O mosquito é combatido hoje, em pleno 2016 da mesma forma que Oswaldo Cruz combatia há cem anos. Uma forma antiquada que não tem mostrado os resultados desejados porque depende da boa vontade da população em receber os agentes em sua casa. E da população fazer a parte dela, eliminando os criadouros”.  

REPÓRTER: Segundo Guidi, os testes foram iniciados em abril do ano passado após aprovação do Conselho de Biossegurança  e  um trabalho de conscientização dos moradores em relação aos testes. Desde o início, houve 132 casos de dengue no bairro, mas em janeiro deste ano foi confirmada pela Secretaria de Saúde uma redução de 82% no número de larvas na área tratada. Guidi explica que o custo dos testes com o mosquito transgênico em Piracicaba está estimado em 30 reais por pessoa ao ano, com os métodos tradicionais a cidade gasta sete milhões de reais no mesmo espaço de tempo. Para o coordenador do projeto o impacto financeiro é compensatório.

SONORA: Rodrigo Guidi, assessor especial da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba e coordenador do projeto.

"A gente acredita que a Anvisa está dormindo no ponto. Ela emitiu uma nota totalmente desastrada em 19 de fevereiro,       confundindo  o nosso mosquito com mosquito da Universidade Federal de Pernambuco. Confundindo o que a gente chama de Aedes do bem, falando que ele é um mosquito que recebe irradiação e gera uma prole inviável. E não é. Ele é geneticamente modificado. Ele é um transgênico. Ele tem um  gene alto limitante.  Então, a Anvisa não está sabendo realmente se colocar com relação a isso em plena epidemia de zika vírus no país todo”.

REPÓRTER: A Anvisa garante que o mosquito transgênico está sendo analisado com prioridade,  inclusive consultando entidades  internacionais  que têm a mesma função da agência e também estudam o assunto.


Mesmo não acreditando na erradicação do Aedes no Brasil, o coordenador aposta na utilização dos mosquitos do bem como aliada.

SONORA: Rodrigo Guidi, assessor especial da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba e coordenador do projeto. “A gente acredita muito nesse projeto. É óbvio que ele não é o salvador da pátria, mas aonde ele foi aplicado ele demonstrou eficiência. Acredito que você aliando essa tecnologia , usando em áreas críticas e mais problemáticas  com o combate tradicional uma coisa bem intensa mesmo de informação educação da população a gente vai conseguir vencer a guerra com esse mosquito”.

REPÓRTER: O mosquito transgênico também passa por testes em outros países. Na semana passada, a Agência de Vigilância Sanitária dos Estados Unidos aprovou de maneira preliminar testes na Flórida com o mosquito que pode combater o transmissor natural da dengue, chikungunya e zika. 

Para saber mais, acesse o site: combateaedes.saude.gov.br

Reportagem, Ana Paula Oliveira

 

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