PRESÍDIOS: Antropóloga traça perfil das detentas no País

A antropóloga Débora Diniz visitou o Presidiário Feminino do Distrito Federal e lançou um livro com diversas histórias das presas que escutava

 

SalvarSalvar imagem
SalvarSalvar imagem

REPÓRTER: Mais de 33 mil mulheres ocupavam os 82 presidiários brasileiros, em 2012 – últimos dados divulgados pelo Departamento Penitenciário Nacional, o DEPEN. Isso significa que em 12 anos, a população carcerária feminina cresceu em 246 por cento. Das 33 mil presas, quase dois por cento se localizam no Distrito Federal. Você se deve estar se perguntando o motivo de tantas mulheres estarem atrás das grades. A antropóloga da Universidade de Brasília, Débora Diniz, que visitou, durante vários anos, o Presidiário Feminino do Distrito Federal, comenta o perfil da maioria das presas brasileiras.
SONORA: Débora Diniz, antropóloga
“Elas são pretas e pardas, vêm das periferias das grandes cidades, são mulheres jovens com filhos, envolvidas no comércio ilegal da droga. Esse é o perfil, se nós dissemos quem é a mulher hoje, que vive em um presídio brasileiro, esse é o perfil genérico dela.”
REPÓRTER: Durante seis meses, a antropóloga Débora Diniz, ouviu diferentes histórias, conheceu a realidade das mulheres e então colocou tudo no papel. O livro Cadeia, lançado pela editora Civilização Brasileira, reúne 50 relatos sobre a vida das presidiárias. Diniz conta que uma em cada quatro mulheres já havia passado pelo Centro de Atendimento Juvenil Especializado, o CAJE e explica como foi o processo realizado.
SONORA: Débora Diniz, antropóloga
“Durante seis meses eu fiz o presídio da capital do país, a parte da minha vida cotidiana. Eu fui ao núcleo de saúde, que é uma ilha onde se veste jaleco branco, e onde as presas vão ser temporariamente pacientes e fiquei ali ouvindo as histórias de necessidade da vida, de cuidados de saúde e de sofrimento que as presas iam contar para a psicóloga, médica ou assistente social. Então o que eu fiz foi uma etnografia no núcleo de saúde do presídio da capital do país. Etnografia é um método muito abrangente de escutar, tomar nota, observar e conviver.”
REPÓRTER: De acordo com o DEPEN, em 2012, quase sete por cento das mulheres do Brasil estavam em carceragem. O maior número de mulheres foi encontrado no Mato Grosso do Sul, com quase 10 por cento das presas. E o menor índice era do estado do Maranhão, com pouco mais de quatro por cento das mulheres presas.

 

Reportagem, Sara Rodrigues

Receba nossos conteúdos em primeira mão.